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Quase um milhão roubado em tabaco

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RoterTeufel

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Crime: Sessenta e um roubos a carrinhas e 150 a máquinas só este ano
Quase um milhão roubado em tabaco

O problema não é de agora, mas está a ganhar proporções alarmantes. Nos últimos dois meses, vinte e uma carrinhas de tabaco foram assaltadas. Só em Lisboa conta-se já 11 roubos, concretizados por norma de forma organizada e com recurso a armas de fogo. A estes somam-se seis no Norte do País e quatro no Alentejo e Algarve.



Juntando aos cerca de quarenta roubos até Março, como o CM já tinha avançado, dá um total de 61 roubos em menos de cinco meses. Tendo em conta que cada carrinha leva uma carga avaliada em dez mil euros, no mínimo, até agora os assaltantes das carrinhas de tabaco arrecadaram pelo menos 600 mil euros.

Mais: as máquinas de tabaco estão também a saque. A associação do sector fala em cerca de 150 máquinas desde o início do ano, que, carregadas, correspondem a dois mil euros cada. São perto de 300 mil euros. Assim, em cinco meses as empresas têm já um prejuízo total – entre carrinhas e máquinas – de quase um milhão.

Os números, avançados ao CM pela Associação Nacional de Grossistas de Tabaco, ilustram a tendência crescente da violência deste tipo de ocorrências. "Estamos desesperados com toda esta situação e já não sabemos o que fazer para contornar o problema. Temos muito medo das falências, mas o pior é se começamos a perder vidas", conta ao CM Jorge Duarte, presidente da associação, que não poupa críticas à Justiça.

"Estamos decepcionados com a forma com que nos tratam. Os ladrões usam facas, pistolas, até metralhadoras, e quando são presentes ao juiz não lhes acontece nada", salienta. Para fazer face ao problema têm sido adoptadas medidas preventivas, como o carregamento de apenas metade das mercadorias, mas não são suficientes, "até porque não garantem que os funcionários não serão agredidos".

O tabaco roubado é depois vendido no mercado paralelo a baixo preço.

"PENSEI QUE ME IAM MATAR"

"Tinha acabado de abastecer uma máquina de tabaco quando vi dois homens encapuzados com uma faca apontada ao meu corpo e a gritar para lhes entregar a chave da carrinha. Fiquei apavorado e pensei que me iam matar", relata ao CM José Carlos. O jovem de 22 anos foi roubado há pouco mais de uma semana na Ericeira e foi uma das últimas vítimas de um dos grupos de assaltantes que andam a espalhar terror por vários distribuidores de tabaco.

José Carlos foi empurrado pelos ladrões para dentro da carrinha e esteve sequestrado durante vários minutos. "Foi horrível. Nenhum falava. Era um silêncio arrepiante e não sabia quando ia terminar", continua. Distribuidor de tabaco há menos de um ano, já conta com três assaltos. Uma situação que lamenta e que o faz pensar que tem uma profissão de risco. "Assusta, mas não podemos pensar nisso quando saímos para trabalhar. Logo que não nos façam mal...", diz.

"SÓ LHES PEDIA PARA TER CALMA"

Jorge Martins, de 41 anos, também foi assaltado. Em Fevereiro, foi surpreendido por um trio armado que lhe exigiu a chave da viatura. "O pior foi quando a carrinha não pegava e eu fiquei com eles desesperados e com uma faca apontada às costas. Só lhes pedia para terem calma. Nestas situações não se pode oferecer resistência", conta.

Pai de duas crianças, garante que nunca oferece resistência quando é abordado pelos assaltantes. Jorge refere que o medo é o principal inimigo. "Quando vejo uma pessoa a olhar para mim fico em pânico. E isto acontece precisamente porque eles [os assaltantes] já actuam de cara destapada."

PORMENORES

MEDO DE MORTES

A situação está a preocupar os empresários do sector, não apenas pela possibilidade de as empresas não aguentarem o prejuízo provocado pelos assaltos, mas sobretudo pelo medo de haver mortes.

METRALHADORAS

Os assaltantes actuam organizados e bem armados: há relatos de ataques com metralhadoras. Os distribuidores são frequentemente alvo de agressões e sequestros, sendo abandonados em locais ermos quando as carrinhas são descarregadas.
 
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