Cromatografia

Esqueci o botão rubro na lapela
resiste ainda combalido, macerado
de pé torcido ao casaco colado,
lembrando revolução demasiado velha.

Envergonhado espreita por uma fresta
procurando em vão luz vespertina,
transpirando o cheiro da naftalina
expirando em mofo de forma lesta.

No melhor pano cai a nódoa
separam-se pigmentos, cromatografia
num estado primário que ruía
novas cores em diluição incómoda.

Não queremos craveiros amestrados.
refila um canteiro estigmatizado.
Prefiro mil vezes uma cruz de cacto
que ficar escondido atrás de cravos.