Dois telescópios espaciais que querem espiar o início do Universo acabam de ser lançados pela Agência Espacial Europeia (ESA), a partir de Kourou, na Guiana Francesa. O lançamento do foguetão Ariane V foi à hora prevista (14h12), para pôr em órbita os observatórios Herschel e Planck.
A missão do Planck será estudar a radiação cósmica de fundo, o eco fóssil do Big Bang, o momento em que nasceu o Universo. Vai estudar as variações de temperatura mínimas, na ordem do milionésimo de grau nessa radiação cósmica, de quanto o Universo tinha apenas 380 mil anos. Essas pequenas irregularidades de energia e, logo de matéria, foram as sementes da formação das galáxias.
O Planck deverá ajudar os cientistas a compreender melhor a geometria do Universo, o seu ritmo de expansão (se se expandirá para sempre, tornando-se cada vez mais frio, como hoje os astrofísicos se inclinam a pensar, ou se espraiará até certo ponto e depois se recolherá violentamente, como um elástico esticado até ao limite, produzindo um Big Crunch, um movimento de sinal oposto ao Big Bang).
Quanto ao Herschel, é o maior telescópio já enviado para o espaço e tem uma lente primária de 3,5 metros de diâmetro. Os seus instrumentos científicos terão de ser mantidos a uma temperatura muito próxima do zero absoluto (-273,15°C).
Isto é preciso porque vai tentar estudar objectos muito distantes e, logo, muito antigos, que emitem muito pouca energia, também para tentar conhecer o que se passava quando as grandes estruturas e objectos que compõem o Universo se começaram a formar. Vai também estudar nuvens moleculares mais próximas, para tentar compreender como se formam as estrelas.
“Sabemos ainda pouco sobre como se formam as estrelas nas nuvens interestalares”, disse à AFP Laurent Vigroux, director do Instituto de Astrofísica de Paris. O Herschel deve funcionar pelo menos durante três anos, e os dados que recolher serão utilizados por inúmeras equipas de astrofísicos do mundo inteiro.