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Pastor escravizado durante 15 anos por um agricultor

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Luís Carlos, de 58 anos, terá vivido cativo por um agricultor de Quintela, que lhe batia e não lhe pagava. Sempre que fugia, o homem ia buscá-lo. Da última vez que desapareceu, o agricultor que agora lhe dava trabalho fez queixa à GNR. A Judiciária libertou-o. O pastor diz que está feliz.


"Sempre me bateu. Quando me queixava muito parava, mas depois continuava." Luís Carlos Marques, um pastor de Fornos de Algodres, comenta assim os 15 anos que passou cativo de um agricultor de Quintela, no concelho de Sernancelhe, que alegadamente o explorava, escravizava e roubava.

Em Março, o pastor voltou a fugir, mas no domingo o sequestrador encontrou-o numa quinta em Fuinhas, Fornos de Algodres, para onde Luís Carlos fugia "sempre que podia". E voltou a levá-lo para a sua quinta. Desta vez, a fuga teve um final feliz: o agricultor que o empregava apresentou queixa na GNR. Na quarta-feira foi localizado e libertado pela Judiciária que deteve "o suspeito da autoria dos crimes de escravidão e sequestro de que foi vítima o pastor de 58 anos". Por esclarecer está o sumiço que levou a pensão do pastor.

Luís Carlos é oriundo da Muxagata, no concelho de Fornos de Algodres. Em 1994 empregou-se numa quinta em Quintela para "pastar e cuidar do gado". A quinta fica num local ermo, perto do Santuário da Lapa e por ali passou como trabalhador da quinta de Vasco Santos. Nesta aldeia, a população não gosta de falar no assunto. Certo é que o homem "andava sempre debaixo de olho e de cada vez que aí vinha bebia mas nunca pagava nada", comenta-se na taberna da aldeia.

O pastor conta que nunca recebeu um tostão. "Fartava-me de apanhar pancada." À noite, "dormia num curral e mal raiava o sol voltava ao trabalho". Por diversas vezes fugiu. "Mas ele vinha-me sempre buscar." A família do homem confirma. "Passaram-se anos sem o ver. Quando aparecia estava faminto, sujo e roto. Depois abalava com o patrão que o vinha buscar", diz a irmã. Numa das vezes que "esteve mais tempo em casa, tratei-lhe da reforma mas ele acabava por ir embora com o patrão", adianta Fátima Marques.

Da pensão, o pastor reconhece que "assinava os cheques mas nunca vi dinheiro". Com "constantes maus tratos", Luís aproveitou a altura da Páscoa, em que "havia mais pessoas à volta", para fugir. Regressou à Muxagata. José Gomes, agricultor que o empregou e viria a participar o seu desaparecimento, diz que lhe arranjou "casa, comida e no final do mês recebia".

Os bons tratos terminaram domingo. "Fui à quinta levar-lhe o almoço e não o encontrei", assegura José Gomes. Nesse domingo, o pastor foi "agredido e levado à força para Quintela onde era mantido, em más condições, contra a sua vontade e obrigado a trabalhar, sob ameaça e sem receber salário ou recompensa", refere a PJ que deteve também o proprietário da quinta.

Vasco Santos, com quem o DN não conseguiu falar, foi ouvido no Tribunal de Fornos de Algodres. Está indiciado da prática dos crimes de sequestro e escravatura e ficou obrigado a apresentações semanais na GNR de Sernancelhe.

O pastor voltou à quinta de Fuinhas (ver caixa), onde se mantém a trabalhar. E "feliz porque estou livre".
 
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