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Socialistas ibéricos unem forças

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RoterTeufel

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Campanha: Comícios em Valência e Coimbra
Socialistas ibéricos unem forças

Num arranque de campanha inédito, José Sócrates e José Luis Zapatero uniram esforços e, em Coimbra e Valência, elegeram a abstenção como o principal inimigo das eleições europeias de 7 de Junho. Os dois líderes socialistas da Península Ibérica percorreram juntos os 870 quilómetros que separam as duas cidades, para darem o pontapé de saída à campanha eleitoral e afirmarem que PS e PSOE "são os dois partidos mais europeístas" da Europa.

No Pavilhão da União de Coimbra, que não estava lotado, coube a Zapatero abrir as hostilidades perante uma plateia constituída sobretudo por idosos – como fez muito calor, o INEM aconselhou a organização a aligeirar as intervenções políticas.

Numa tentativa falhada em falar português, Zapatero elogiou Sócrates – considerando-o 'um grande europeu e um grande primeiro-ministro' – e disse que a Europa 'deve muito a Portugal', referindo-se ao Tratado de Lisboa. 'Um grande acordo político', sustentou o líder do PSOE.

José Sócrates virou o seu discurso para a política interna, criticando fortemente a líder do PSD. 'Parece que há para aí quem diga que os comícios são coisas do passado', aludindo à falta de jeito de Manuela Ferreira Leite para os comícios. 'O que há, são lideranças sem nenhum futuro', rematou, reafirmando não ter medo de 'discutir todas as questões internas'.

Sócrates criticou a Oposição por esta passar a ideia de que o País está falido. 'Falidas estão as suas convicções e a liderança política de direita', adiantou.

Vital Moreira diz que a Europa precisa de um novo rumo para sair da crise e que o voto no PS é um 'combate abnegado' contra a crise.

De manhã José Sócrates deslocou-se a Valência para com José Luis Zapatero dar início à campanha das europeias em Espanha. Num pavilhão com dez mil pessoas, o líder do PS num espanhol inflamado disse que a Europa precisa de 'virar à esquerda' e fazer como os Estados Unidos da América. 'É uma oportunidade de mudança, muito semelhante à mudança dos EUA quando escolheram Barack Obama', gritou Sócrates antes de abraçar Zapatero e Luis Lópes Aguilar, cabeça-de-lista às europeias do PSOE. Para Sócrates a presença de Zapatero em Valência e Coimbra é 'uma homenagem à história dos dois partidos ', lembrando o trabalho de Mário Soares e Felipe González na integração de Portugal e Espanha na União Europeia.

FRASES DO DIA

'Estou-lhe muito agradecido e muito contente por o ter aqui. É muito querido em Espanha'

Rodríguez Zapatero Líder do PSOE

'Esta visita de Zapatero ao comício do PS é clara e obviamente o decretar do fim do ciclo Espanha, Espanha, Espanha'

Paulo Rangel Candidato do PSD

'O primeiro-ministro, que quis privilegiar os governantes do país vizinho com o seu castelhano, possa em Portugal fazer as perguntas que devem ser feitas, em português'

Nuno Melo Candidato do CDS

'As sondagens que não se precipitem. Deixem o povo votar e depois verão'.

Jerónimo de sousa Líder do PCP

85 MIL PORTUGUESES NA MARCHA DA CDU

Cerca de 85 mil pessoas estiveram ontem na marcha de protesto organizada pela CDU, em Lisboa, que saiu da praça do Saldanha e terminou no Marquês de Pombal, onde o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acompanhado da cabeça-de-lista ao parlamento europeu, Ilda Figueiredo, apelou ao voto na CDU reforçando a confiança num resultado positivo nas eleições para o seu partido. 'Deixem o povo votar e depois verão.'

NÓS, OS PORTUGUESES

ECOS DO PAÍS REAL EM TEMPO DE ELEIÇÕES

O jornalista freelancer Nuno Ferreira está a correr Portugal a pé. Nos próximos quinze dias vai contar no CM como é que o chamado País profundo está a olhar para mais este acto eleitoral, em que se discute a Europa e os europeus.

'ACHO BEM QUE VÁ PARA LÁ UM PORTUGUÊS'

Um dia o falecido pai de José da Cruz, 58 anos, pediu-lhe para regressar a Covas do Monte. Covas do Monte é uma aldeia de pouco mais de 50 habitantes e quase três mil cabras encaixada num vale paradisíaco por debaixo do Portal do Inferno, em pleno Maciço da Gralheira. José largou a confusão de Montparnasse, Paris, onde viveu e trabalhou 16 anos como motorista e a esfalfar estradas, e regressou à ruralidade. Há três mandatos que é presidente da junta pelo PS. Por ali, não há muitas pessoas interessadas nas eleições europeias. 'Acho importante que vá para lá um português gerenciar as nossas coisas', diz José, depois de largar o rebanho de cabras que possui e ter amanhado as terras para plantar o milho. No largo de Covas do Monte, os idosos vivem num mundo à parte, que só não se extingue graças à força de vontade de José e dos filhos. Os jovens da aldeia viajam todos os dias até São Pedro do Sul para irem à escola, 25 quilómetros de montanha para cada lado. Lisboa é distante, o euro é como se não existisse e a Europa uma miragem. Alguns nunca saíram dali. 'Eu trabalhei em Oeiras e Odivelas, a construir dois liceus, mas nunca mais lá fui, são muitos contos...', conta um.

José da Cruz sonha com apoios que permitam manter a ruralidade extinta em muitas aldeias em redor. 'Que piada vai ter um dia você chegar ali acima, ao Portal do Inferno, e só ver estevas e uma mancha castanha onde agora é tudo verdinho?
 
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