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Os Olhos do nosso filho

estela

GF Ouro
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ora_bebe.jpg


Decidi postar este poema pois fiquei bastante comovida quando o li,eu sou mãe e não sei o que seria de mim sem o meu filho ou o amor dele.Nem dá para imaginar a dor destas pessoas,querer ser pai ou mãe e saber que nada pode fazer para mudar o seu destino.Este testemunho faz-me pensar quantas pessoas estarão nesta situação sem que tenhamos conhecimento.
Este poema e testemunho foi escrito por alguém em julho de 2008 que está ou esteve espero eu a passar por um processo de adopção, alguém que espera e desespera por um filho, alguém que tem muito amor para dar.

Os olhos do nosso filho

Os olhos do nosso filho
São ainda de cor incerta
Não sei sequer se existem
Vão ser de Deus uma oferta

Existem na minha alma
Cravados no meu semblante
Os olhos do nosso filho
Que teve nascer errante

Foste esculpido a preceito
Nas entranhas de outro ser
Não vais sorver do meu peito
Este meu longo querer

E nestas voltas da vida
Cuidou-te Deus sem saber
Para que não herdes no sangue
Este meu estéril sofrer

Não vais nascer de mim
De outro ventre virás
Mas filho da minha alma
Tão amado serás!

E nesta triste incerteza
Me pergunto em desalento
Já nascente de alguém?
Ou é Deus que te traz?

Ala dos Reis


A dor de se querer ter um filho e não se conseguir é algo que não se consegue explicar, de inicio vamos tendo desilusões, depois começa o sofrimento, ver passar o tempo, ouvir as pessoas a perguntar:

-Então, é para quando?
-Quando vamos ter um neto?
-Então, e filhos?

Respondemos às pessoas com um sorriso de circunstância e sofremos em silêncio. lembro-me de ir pela rua, olhar os casais com bebés e pensar: E eu? porque é que eu não tenho direito?. Chega uma altura em que começa a ser doloroso ver crianças na rua. E depois há as expectativas das pessoas que estão à nossa volta, as lágrimas em casa cada vez que aparece um novo período , as lágrimas em silêncio na nossa solidão. Com o tempo, os meses transformam-se em anos e a tristeza em resignação. Nós decidimos que não íamos continuar com dor, e não íamos seguir a via sacra dos tratamentos, decidimos partir para a adopção.

No fundo, mudamos a expectativa, as coisas deixam de depender de nós e passam a depender de outras pessoas, processos longos, morosos, complicados, muitas vezes inumanos ...e novas expectativas, e novas esperas. O Poema traduz um pouco do que é querer ser pai adoptivo, traduz a espera desesperante por um telefonema, por uma noticia, saber que o nosso filho poderá estar neste momento nos braços de alguém. Cada pessoa é diferente, mas atrevo-me a dizer que os pensamentos são comuns..será que o meu filhos já nasceu?..será que está bem?, será .......

Eu sou uma pessoa que não crio expectativas da vida, a maior parte do tempo limito-me a viver, um dia de cada vez, só crio expectativas com as pessoas, por norma entrego-me de alma e coração às pessoas de quem gosto...e dos meus filhos.
 

JorgefreitasSoares

GF Bronze
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Decidi postar este poema pois fiquei bastante comovida quando o li,eu sou mãe e não sei o que seria de mim sem o meu filho ou o amor dele.Nem dá para imaginar a dor destas pessoas,querer ser pai ou mãe e saber que nada pode fazer para mudar o seu destino.Este testemunho faz-me pensar quantas pessoas estarão nesta situação sem que tenhamos conhecimento.
Este poema e testemunho foi escrito por alguém em julho de 2008 que está ou esteve espero eu a passar por um processo de adopção, alguém que espera e desespera por um filho, alguém que tem muito amor para dar.

Os olhos do nosso filho

Os olhos do nosso filho
São ainda de cor incerta
Não sei sequer se existem
Vão ser de Deus uma oferta

Existem na minha alma
Cravados no meu semblante
Os olhos do nosso filho
Que teve nascer errante

Foste esculpido a preceito
Nas entranhas de outro ser
Não vais sorver do meu peito
Este meu longo querer

E nestas voltas da vida
Cuidou-te Deus sem saber
Para que não herdes no sangue
Este meu estéril sofrer

Não vais nascer de mim
De outro ventre virás
Mas filho da minha alma
Tão amado serás!

E nesta triste incerteza
Me pergunto em desalento
Já nascente de alguém?
Ou é Deus que te traz?

Ala dos Reis


A dor de se querer ter um filho e não se conseguir é algo que não se consegue explicar, de inicio vamos tendo desilusões, depois começa o sofrimento, ver passar o tempo, ouvir as pessoas a perguntar:

-Então, é para quando?
-Quando vamos ter um neto?
-Então, e filhos?

Respondemos às pessoas com um sorriso de circunstância e sofremos em silêncio. lembro-me de ir pela rua, olhar os casais com bebés e pensar: E eu? porque é que eu não tenho direito?. Chega uma altura em que começa a ser doloroso ver crianças na rua. E depois há as expectativas das pessoas que estão à nossa volta, as lágrimas em casa cada vez que aparece um novo período , as lágrimas em silêncio na nossa solidão. Com o tempo, os meses transformam-se em anos e a tristeza em resignação. Nós decidimos que não íamos continuar com dor, e não íamos seguir a via sacra dos tratamentos, decidimos partir para a adopção.

No fundo, mudamos a expectativa, as coisas deixam de depender de nós e passam a depender de outras pessoas, processos longos, morosos, complicados, muitas vezes inumanos ...e novas expectativas, e novas esperas. O Poema traduz um pouco do que é querer ser pai adoptivo, traduz a espera desesperante por um telefonema, por uma noticia, saber que o nosso filho poderá estar neste momento nos braços de alguém. Cada pessoa é diferente, mas atrevo-me a dizer que os pensamentos são comuns..será que o meu filhos já nasceu?..será que está bem?, será .......

Eu sou uma pessoa que não crio expectativas da vida, a maior parte do tempo limito-me a viver, um dia de cada vez, só crio expectativas com as pessoas, por norma entrego-me de alma e coração às pessoas de quem gosto...e dos meus filhos.

Jorge Soares
Retirado de aqui:Os olhos do meu filho - O que é o Jantar?
 
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