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Necessidades básicas do bebé

estela

GF Ouro
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Nos primeiros meses de vida, o bebé precisa de alimento, conforto, colo, calor e afecto. Para suprir todos estas necessidades, é preciso uma mãe que o entenda com o coração e o instinto, que esteja disposta a aprender o que ele também tem para lhe ensinar.
Quando nasce, o bebé já traz uma vivência e uma história repleta de sensações, de memórias e de competências desenvolvidas no útero materno, acumuladas ao longo da sua vida fetal à medida que o seus sistema nervoso foi amadurecendo.
Hoje sabe-se que a mãe não é uma «desconhecida» para o bebé, muito pelo contrário. Nos longos meses passados no escuro, o feto conhece a voz da mãe, sente as palpitações do seu coração, o seu embalo e o seu estado de espírito.
A mãe, por outro lado, também desenvolve ao longo da gravidez uma relação particular, idealizada e muita íntima com o seu filho ainda por nascer.
A partir da primeira ecografia, invenção tecnológica revolucionária que possibilitou, entre outras coisas, que a mãe pudesse ver e acompanhar o desenvolvimento da criança em vários estádios da sua formação, são criadas as condições para o laço afectivo se estreitem entre mãe e filho, tornando-o ainda mais íntimo.
Por isso, quando o bebé finalmente nasce, e é colocado pela primeira vez nos seus braços, o laço afectivo já criado entre os dois prolonga-se num continuum de vida. Mas a realidade psicológica e física entre a mãe e o bebé muda necessariamente.
Desde logo, o contacto entre os dois passou, agora, a ser de «pele», e do imaginado passou-se ao sentido, olhado e ouvido, com tudo o que isso implica de mudanças emocionais e psicológicas para a mãe e para o filho. E depois, o bebé passa a pedir cuidados e a depender da mãe para satisfazer necessidades básicas.

Necessidades substanciais

Para o bebé e a mãe começa uma nova história e uma nova fase de vida. O bebé, que vive a sua primeira grande separação, encontra-se nesta fase totalmente dependente dos cuidados maternos.
Extremamente frágil, o bebé «tem uma infância muito mais longa do que a dos outros mamíferos», como afirmava a pedopsiquiatra francesa Françoise Dolto. Para sobreviver, precisa «do alimento, dos cuidados, do apoio e da mediação de uma criatura que o alimente e dê ao seu corpo calor e protecção».
Na falta desta protecção prolongada, a criança «pode morrer ou estagnar, sem se desenvolver».
O espaço habitado e investido pela presença da mãe ou do primeiro cuidador é sentido como um espaço de segurança, e «o calor da voz que o faz sentir seguro, o contacto com as mãos que o tocam e seguram, e o ninho dos seus braços fortes» são essenciais para que se desenvolva satisfeito, apaziguado e feliz.
Dotado à nascença de um encéfalo muito desenvolvido, continua Dolto, o bebé tem «uma precocíssima função simbólica».
A mãe que cuida dele e lhe permite sobreviver atendendo às suas necessidades substanciais, é «apreendida através das suas percepções subtis olfactivas, auditivas, gustativas e tácteis, tornando-se representação na sua memória de sensações revitalizantes essenciais, sentidas no seu corpo como alguém que apazigua as suas necessidades, as suas dores».
A função simbólica, que nos ajuda a compreender a dependência do bebé em relação aos pais e ao seu papel que estes detêm na sua satisfação e prazer, é «responsável pela particularidade de cada ser humano, segundo todo o tipo de modalidades impressivas que acompanham a sua sobrevivência e o seu desenvolvimento até à maturação completa do seu sistema nervoso, dos dezoito aos vinte e cinco meses», declara Françoise Dolto.
Alguma décadas depois de Dolto, hoje confirma-se plenamente que a forma como as crianças são cuidadas desde a mais tenra idade e ao longo dos seus primeiros anos de vida, tem um impacto decisivo e imenso na forma como elas irão reagir muitos anos depois, na sua vida de adultas, não só às dificuldades como ao modelo de relações que irão estabelecer com os outros.Os bebés, sublinham os especialistas nestas áreas, são totalmente dependentes da habilidade materna e paterna em responder adequadamente às suas necessidades.
 

estela

GF Ouro
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Instinto precário
Empatia é a palavra-chave que nos permite colocar na pele do bebé, e sentir as suas verdadeiras necessidades e a forma como ele sente o mundo a que acaba de chegar. E de facto, alguma mulheres não encontram segredos particulares em cuidar satisfatoriamente do seu bebé, sendo que possuem uma intuição apurada e natural que lhes permite estar em sintonia com as suas necessidades por via de um mecanismo a que alguns chamam instinto maternal.
Estão naturalmente à escuta das suas mais subtis inquietações e agitações, conhecem e distinguem as variantes do seu choro, e atendem-no instintivamente.
Mas é bom que se encontrem convenientemente apoiadas, sobretudo nos dias que se seguem ao parto, em que sobrevem o cansaço e a confusão pela falta de horas de sono, sensação de isolamento e estranheza perante uma mudança tão grande nas suas vidas e incerteza da qualidade das suas respostas.
Nesta fase, a mãe também precisa que «tomem conta dela». Quanto mais tranquilizada e apoiada estiver, em melhores condições estará para cuidar do seu bebé.
Nem todas as mulheres, porém, são naturalmente dotadas pela natureza de paciência ilimitada, e nem todas sabem oferecer ao seu filho uma situação de dependência ideal, sendo que essa é uma necessidade básica do ser humano, particularmente nos primeiros tempos de vida: poder contar com o outro.
Eduardo de Sá, psicólogo especialista em desenvolvimento do bebé, confirma: «o amor materno não é uma característica inerente a todas as mães». Ou seja, «nem todas as mulheres que têm um filho se tornam mães». Não é porque não o desejem, mas porque «não conseguem compatibilizar os seus lados animal e a sua racionalidade clarividente de mãe».
A razão prende-se com o facto se serem muitas vezes «atropeladas por muitos acontecimentos que não controlam». Mas é possível «conquistar o instinto maternal». Entre os muitos caminhos possíveis para o fazer, Eduardo de Sá aponta o do amor: «as mulheres mais amadas são melhores mães».

Mãe adequada
O instinto maternal não é garantido, as mães infinitamente dedicadas e sensíveis também não. Se assim fosse, talvez o mundo pudesse ser um lugar melhor do que é, mas a perfeição não é deste mundo, e a dificuldade é a própria dinâmica da vida.
Importante é conseguir ultrapassar o melhor possível os obstáculos. Mas podemos falar, contudo, «de mãe suficientemente boa», o que significa, segundo Eduardo de Sá que «as mães perfeitas são as grandes inimigas das boas mães».
Ou seja, a suficientemente boas é o contrário da perfeita: «é alguém que acalenta e aconchega, embala e encanta, faz birras e se satura». Ao contrário do que deseja «falha inúmeras vezes». Mas é, sobretudo, «boa mãe».
É nos «momentos em que lêem os olhos e interpretam a 'alma' dos seus filhos que fazem com a comunhão limpe todas as pequenas asneiras que só as pessoas que se deixam educar pelos filhos são capazes».
As outras, «que nunca se enganam e que raramente têm dúvidas é que deixam feridas inultrapassáveis no crescimento das crianças». Ter certezas como estas impedem que se olhe nos olhos dos bebés e que se entre em verdadeira sintonia com eles, sendo estes, afinal, os momentos inesquecíveis nas nossas vidas e na dos nossos filhos.

Más práticas
Treinar um bebé para o sono, deixando-o chorar horas a fio, sabendo que ele se calará ao terceiro dia foi uma regra aconselhada pelos «behavioristas» em benefício da tranquilidade dos pais, diz o psicólogo americano Lawrence Kelemen, mas que com o tempo se revelou uma técnica destrutiva em termos da auto-segurança do bebé.
O mesmo se passa com o treino da alimentação, quando se suprime as tomas durante a noite, sempre para conforto dos pais. Há quem submeta os recém-nascidos a este método desde o dia em que regressam a casa, vindos da maternidade, apesar do sofrimento que implica para o bebé.
 
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