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Regresso ao passado

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Fev 29, 2008
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Helene Cooper com «A Casa da Praia do Açúcar»

Regresso ao passado

O livro «A Casa da Praia do Açúcar», editado em Portugal, não é uma obra de ficção, mas um exercício de recuperação da identidade.





O que leva uma mulher que fugiu do país natal, a Libéria, após um golpe de Estado em que a mãe foi violada e o tio executado a regressar, 23 anos depois, e a escrever essa história?
A resposta é: a irmã que ficou para trás. A obra chama-se 'A Casa da Praia do Açúcar', e a autora é Helene Cooper, uma menina que cresceu na elite liberiana, vivia numa grande casa junto ao mar, na praia que dá nome ao livro, e cujos pais adoptaram uma menina pobre para lhe fazer companhia, aos sete anos, porque ela tinha medo de dormir sozinha.
'Os meus pais foram ter com os liberianos nativos, as pessoas pobres, e arranjaram-me uma irmã. O nome dela era Eunice, tinha 11 anos', disse Helene Cooper.
Nascida em 1966 em Monróvia, Helene tinha apenas 14 anos quando, em 1980, soldados de Samuel K. Doe invadiram a sua casa, ameaçaram violá-la e à sua irmã Eunice, e a mãe se ofereceu em troca, para as proteger.
'A minha mãe foi violada por um grupo de soldados e nunca o escondeu. Ela não falava sobre isso mas não o escondeu de nós, embora a minha família nunca tenha realmente falado sobre o assunto depois. Limitámo-nos a seguir em frente', observou.
Por entre a violência que se vivia no país, Helene e alguns elementos da sua família conseguiram fugir para os Estados Unidos, onde ela se reinventou como jornalista e como cidadã norte-americana, tendo-se tornado uma prestigiada repórter internacional do Wall Street Journal.
Um dia, depois de estar à beira da morte, no Iraque - quando o jipe em que seguia foi esmagado por um tanque - decidiu que aquela não era a sua guerra e que, se tinha de morrer, que fosse na Libéria. Regressou em 2003, para procurar Eunice e pedir-lhe perdão por tê-la deixado ficar 'naquele inferno',
O livro que escreveu em 2008, 'A Casa da Praia do Açúcar', agora editado em Portugal, não é uma obra de ficção, mas um exercício de recuperação da identidade, um regresso às origens de que quis esquecer-se, porque, na sua memória, 'a Libéria não era um país onde se vivesse, mas antes um país onde apenas se morria',
Descendente de dois escravos norte-americanos libertados, Elijah Johnson e Randolph Cooper, que em 1820 partiram de Nova Iorque de barco e fundaram a Libéria, a escritora conseguiu contactar por telefone-satélite um gerente da empresa onde Eunice trabalhava, em Monróvia, que lhe disse que ela estava viva e a quem pediu que desse um recado: 'a irmã ia regressar a casa',

Helene Cooper. «A Casa da Praia do Açúcar» editado em Portugal

DR


o primeiro de janeiro
 
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