Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, queixa-se da falta de apoio para acabar com a droga e os telemóveis nas prisões. Hoje, os guardas prisionais iniciam nova greve.
Correio da Manhã – Iniciam hoje o segundo período de greve. O que falhou nas negociações com o Ministério da Justiça?
Jorge Alves – O Ministério contactou-nos esta semana, mas só quis discutir a aposentação. E nós reclamámos também o Estatuto Profissional, os níveis remuneratórios e os suplementos do Corpo da Guarda Prisional.
– É verdade que a Direcção Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) está a ordenar reforço de pessoal para o fim-de-semana da greve?
– No primeiro período de greve a DGSP confundiu serviço mínimo com efectivo mínimo, para intimidar. Como 95% aderiu à greve, agora estão a avisar o pessoal que vai estar de reforço. Depois de 24 horas de serviço, têm de ficar mais 12, como é o caso de Leiria e Coimbra. Ainda assim, esperamos forte adesão.
– As cadeias continuam sem planos de contingência para a gripe A?
– Temos alertado nos últimos anos que não há planos de emergência para situações de catástrofe, muito menos planos de contenção para a gripe A. Ao contrário do que têm dito, não foi dado um passo para prevenir o contágio nas cadeias.
– Há redes organizadas de crime dentro das cadeias?
– Sim. Só estão privadas da liberdade mas mantêm o negócio. Até brincam connosco dizendo que têm direito a transporte e segurança privada nas deslocações.
– Se é proibido, como continuam a entrar telemóveis e droga nas prisões?
– Tem havido um esforço acrescido da Guarda Prisional mas não tem havido apoio da DGSP, principalmente no fornecimento de meios auxiliares de defesa. Que é o caso de cães para detecção de droga e inibidores de sinal para telemóveis. Temos conhecimento de que uma empresa propôs uma experiência com um inibidor de sinal a custo zero e a DGSP nem lhes respondeu.
– Apesar da greve ser contra a política do Ministério, não são os reclusos os mais prejudicados?
– Temos consciência de que o nosso direito à greve prejudica os reclusos, o que lamentamos porque eles vivem as mesmas dificuldades que nós no sistema prisional. Mas é a única forma de denunciarmos o mau desempenho da DGSP e do Ministério.
– O que pensam fazer se este protesto não produzir efeitos?
– Marcámos uma Assembleia Geral para dia 25, para avaliar a possibilidade de realização de um terceiro período de greve.
– Já não há diálogo entre o sindicato e a DGSP?
– Não. A DGSP vê-nos como inimigo. Aconselhava o senhor ministro [Alberto Costa] a analisar o que tem acontecido nos últimos meses e demitir a directora--geral dos Serviços Prisionais sob pena de ela destruir o sistema prisional.
PERFIL
Jorge Alves tem 37 anos, é casado e pai de dois filhos. Exerce as funções de guarda no Estabelecimento Prisional de Custóias, no Porto, e lidera o SNCGP há três anos.
CM
Correio da Manhã – Iniciam hoje o segundo período de greve. O que falhou nas negociações com o Ministério da Justiça?
Jorge Alves – O Ministério contactou-nos esta semana, mas só quis discutir a aposentação. E nós reclamámos também o Estatuto Profissional, os níveis remuneratórios e os suplementos do Corpo da Guarda Prisional.
– É verdade que a Direcção Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) está a ordenar reforço de pessoal para o fim-de-semana da greve?
– No primeiro período de greve a DGSP confundiu serviço mínimo com efectivo mínimo, para intimidar. Como 95% aderiu à greve, agora estão a avisar o pessoal que vai estar de reforço. Depois de 24 horas de serviço, têm de ficar mais 12, como é o caso de Leiria e Coimbra. Ainda assim, esperamos forte adesão.
– As cadeias continuam sem planos de contingência para a gripe A?
– Temos alertado nos últimos anos que não há planos de emergência para situações de catástrofe, muito menos planos de contenção para a gripe A. Ao contrário do que têm dito, não foi dado um passo para prevenir o contágio nas cadeias.
– Há redes organizadas de crime dentro das cadeias?
– Sim. Só estão privadas da liberdade mas mantêm o negócio. Até brincam connosco dizendo que têm direito a transporte e segurança privada nas deslocações.
– Se é proibido, como continuam a entrar telemóveis e droga nas prisões?
– Tem havido um esforço acrescido da Guarda Prisional mas não tem havido apoio da DGSP, principalmente no fornecimento de meios auxiliares de defesa. Que é o caso de cães para detecção de droga e inibidores de sinal para telemóveis. Temos conhecimento de que uma empresa propôs uma experiência com um inibidor de sinal a custo zero e a DGSP nem lhes respondeu.
– Apesar da greve ser contra a política do Ministério, não são os reclusos os mais prejudicados?
– Temos consciência de que o nosso direito à greve prejudica os reclusos, o que lamentamos porque eles vivem as mesmas dificuldades que nós no sistema prisional. Mas é a única forma de denunciarmos o mau desempenho da DGSP e do Ministério.
– O que pensam fazer se este protesto não produzir efeitos?
– Marcámos uma Assembleia Geral para dia 25, para avaliar a possibilidade de realização de um terceiro período de greve.
– Já não há diálogo entre o sindicato e a DGSP?
– Não. A DGSP vê-nos como inimigo. Aconselhava o senhor ministro [Alberto Costa] a analisar o que tem acontecido nos últimos meses e demitir a directora--geral dos Serviços Prisionais sob pena de ela destruir o sistema prisional.
PERFIL
Jorge Alves tem 37 anos, é casado e pai de dois filhos. Exerce as funções de guarda no Estabelecimento Prisional de Custóias, no Porto, e lidera o SNCGP há três anos.
CM