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colecção arte tribal

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África – Diálogo Mestiço. Colecção de arte tribal de José de Guimarães

Apenas no final da sgunda metade do século XIX, em plena afirmação colonial, é que os artefactos africanos começaram a ser encardaos como arte. Museus e outras instituições públicas, mas também privados, começaram a construir as suas colecções e a exibi-las como arte, «arte-tribal», «arte primitiva», «arte indígena» ou, mais raramente nessa altura, «arte africana». A afirmação da Antropologia permitiu, paralelamente, a autonomização de um discurso sobre peças recolhidas entre os povos colonizados. Mas estas colecções serviam a causa colonial: situavam as culturas que produziam aqueles artefactos num escalão inferior da evolução humana e não exaltavam a sua dimensão estética, pelo contrário, estabeleceriam um contraste entre as culturas «primitivas» e as capazes de conceberem e elaborarem formas superiores de arte, satisfazendo a curiosidade pelo exotismo e pelo selvagem.

Os objectos africanos como aqueles que o pintor José de Guimarães colecciona são apreciados no Ocidente primordialmente pelas suas características estéticas, mas podem ser igualmente encarados como vestígios únicos de sociedades e culturas desaparecidas ou em profundo estado de transformação social e económica, ou percepcionados pela sua utilização funcional, relevando a sua dimensão etnográfica. Estas peças não foram produzidas meramente por prazer estético. A sua esmagadora maioria comunica valores morais, religiosos, sociais ou políticos, testemunhando a especificidade, e diversidade, cultural das sociedades que os produziram. A total apreensão do seu significado e importância só se torna possível quando estamos a par das circunstâncias sociais e políticas que rodearam a sua produção, utilização e função.

No entanto, a admirável colecção de José de Guimarães, que expões cerca de 400 peças atravessando cerca de 30 etnias da África Central, mesmo quando descontextualizada e inserida no cenário da exposição nada perde na sua perturbante carga simbólica. Nas palavras de Rui Mateus Pereira, comissário desta exposição: «Deixemos falar a «emoção primeira»: olhemos de frente, como deve ser olhada, a admirável cabeça Ambete (Imagem em baixo). Originalmente utilizada como tampa de um relicário contendo os restos de um antepassado ilustre, guardado na casa do chefe de uma remota aldeia do norte do Gabão, em plena floresta equatorial, guardiã de um «campo de poder», podemos imaginar o seu efeito, a sua carga simbólica. Ignoremos esse contexto: isolemo-la, confrontemo-la apenas na sua representação fotográfica ou, melhor ainda, visitemo-la no cenário da exposição. Acaso perdeu algo da sua perturbante carga simbólica? Seguramente, não! É esse campo de afirmação da Arte Tribal».

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TERREIRO DO PAÇO | PÁTEO DA GALÉ | 15 JULHO A 30 SETEMBRO
 
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