Esperava-se Jean Michel Jarre, ou o guitarrista dos Queen e também astrofísico Brian May. E até convidaram o Presidente norte-americano, Barack Obama. Mas a inauguração oficial do maior telescópio do mundo, o Grande Telescópio das Canárias, ou GranTeCan (GTC), na ilha de La Palma, acontece hoje, num ambiente discreto. A crise a isso obriga. Mas os reis de Espanha estão garantidos.
Não é que o Observatório de Roque de los Muchachos, onde nasceu este GranTeCan, não esteja já habituado a vencer as vicissitudes da falta de dinheiro. Liderado por Espanha, mas construído por um consórcio reunindo o país vizinho, o México, os Estados Unidos, o embrião do GTC foi lançado ainda nos anos 1980, enquanto projecto, mas a sua construção acabaria por se iniciar só em 2001, com muitos altos e baixos. Passaram oito anos até que, em Março deste ano, os astrónomos começaram a espreitar por esta janela com vista para o Universo mais profundo.
Trata-se do telescópio com o maior diâmetro de espelho, com 10,4 metros, que desafia as leis da física graças à conjugação dos 36 hexágonos que o formam. A sua dimensão permite mergulhar no Universo como mais nenhum permite o que, lembram os especialistas, o transforma numa autêntica máquina do tempo.
Juan Carlos Pérez, director do observatório, adiantou ao PÚBLICO, em Maio, durante uma visita de jornalistas ao telescópio, que o custo do projecto - 105 milhões de euros - ficou três por cento abaixo do que fora orçamentado.
No dia da primeira de observações, o príncipe das Astúrias, Filipe de Bourbón, esteve presente. Hoje será a vez do casal real Juan Carlos e Sofia, a par da ministra da ciência Cristina Gramendia e representantes de instituições mexicanas e norte-americanas que colaboram com o projecto. Toda a cerimónia poderá ser acompanhada pela Internet, a partir de um link no site do observatório, graças a uma parceria da instituição com a empresa espanhola de telecomunicações Telefónica.
A ilha de La Palma junta-se às comemorações com palestras e observações nocturnas marcadas para o dia da inauguração e as celebrações prolongam-se durante o fim-de-semana, com palestras marcadas para o sábado e domingo em Roque de los Muchachos. Esperam-se mais de 500 investigadores na ilha.
São 14 os telescópios instalados no observatório de Roque de Los Muchachos, construído a 2400 metros de altitude, sobre um tapete de nuvens, num local que desfruta das melhores condições de observação astronómica do hemisfério norte.
Esta particularidade foi aproveitada pelo governo das Canárias, que conseguiu ver na astronomia uma mais-valia para o desenvolvimento e turismo das ilhas e criou em 1988 a primeira legislação do mundo sobre o direito ao céu nocturno.
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