• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

“Não contei a ninguém o que tinha”

Amorte

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Mai 27, 2007
Mensagens
7,461
Gostos Recebidos
0
Depois de um ano de trabalho, Pedro Adão, de 32 anos, apenas queria gozar uns dias de férias em Ibiza, Espanha. Mas o que lá encontrou foi bem mais do que isso. Dois dias depois de regressar a casa confirmou o que mais temia: tinha contraído gripe A.




O professor regressou a Portugal a 23 de Julho. Estava bem e nada o levava a suspeitar que estava infectado. Mas os sintomas apareceram e não deixaram dúvidas. A tosse constante, a febre alta, a dor de garganta e os espirros levaram Pedro ao Hospital de São João, no Porto. No dia seguinte soube o resultado.

"Quando entrei no hospital montaram um enorme aparato, evacuaram logo a sala. Fui lá por precaução, porque sempre pensei que não tinha nada, não queria acreditar que podia estar infectado", contou ao CM Pedro Adão.

Durante sete dias permaneceu em casa, fechado no quarto onde apenas tinha a companhia do gato ‘Breco’. A mãe, de luvas e mantendo a distância, entrava no quarto apenas para lhe servir as refeições. Uma médica foi a sua casa, receitou-lhe medicamentos e explicou-lhe todos os cuidados a ter. Também os pais de Pedro e os sobrinhos tiveram de ser medicados com Tamiflu, visto terem estado em contacto com ele.

Mas os obstáculos que Pedro teve de enfrentar foram bem mais dolorosos do que os sintomas físicos. A perda de liberdade e a sensação de estar quase numa "prisão" foram dificuldades que dia após dia teve de superar. O mais difícil foi, sem dúvida, enfrentar a rejeição, a discriminação e o medo com que algumas pessoas o trataram.

"Quando as pessoas me viram de máscara no hospital encostaram-se à parede com medo como se fossem ficar contagiadas pelo simples facto de olharem para mim. Há muita falta de informação, isto não passa de uma gripe. Não contei o que tive a quase ninguém, sei que ainda existe muito preconceito", explicou.

Pedro já teve alta e regressou anteontem ao trabalho. Agora, apenas quer recuperar o tempo perdido.

"O MEU IRMÃO SENTIU MEDO"

Por prevenção, os sobrinhos de Pedro, Ricardo Adão, de 10 anos, e o irmão Francisco, de cinco, foram medicados. Uma vez por dia tinham de tomar Tamiflu, bem como registar a temperatura. Nunca tiveram qualquer sintoma.

Ricardo diz que nunca teve medo, já com o irmão mais novo foi diferente. "O meu irmão sentiu medo, não parava de chorar, mas eu expliquei-lhe que ele não tinha nada", contou.

PAIS DESACONSELHARAM VIAGEM

Os pais de Pedro, Ricardo Adão e Maria Oliveira, aconselharam o filho a não viajar. Mas o professor não ouviu os conselhos e decidiu partir de férias para Ibiza.

Já em casa, Pedro chegou a pregar uma partida aos pais. "Quando entrei no quarto dele, estava com uma máscara e disse que tinha gripe A. Mal ele sabia que era verdade", contou Maria ao CM. Apesar de receosos, os pais, que também tiveram de ser medicados, garantem que nunca tiveram medo de ficar contagiados. A única preocupação era a saúde do filho. "Quando se gosta de uma pessoa a preocupação é sempre maior do que o medo. Apenas queríamos que ele recuperasse e saísse do quarto", explicou a mãe.

PORMENORES

CUNHADA AFASTOU-SE

No dia do regresso, a cunhada de Pedro, Patrícia, recusou-se a cumprimentá-lo por estar grávida de 7 meses. A mulher ainda não sabia que o cunhado estava infectado, mas decidiu não arriscar.

LENÇÓIS MUDADOS

A roupa usada por Pedro Adão tinha de ser imediatamente lavada. Também os lençóis da cama tinham de ser todos os dias mudados.

AMIGO ESCAPOU

O professor viajou com um amigo para Ibiza. Frequentaram os mesmos espaços e passaram a maior parte do tempo juntos. No entanto, o amigo não ficou infectado e nunca chegou a ter qualquer sintoma.

PORTUGAL JÁ REGISTA 272 INFECTADOS

Mais sete pessoas foram diagnosticadas com gripe A (H1N1) em Portugal, elevando para 272 o número de casos confirmados. No Mundo, o novo vírus infectou 152 968 pessoas e causou 1079 mortos.

Segundo o Ministério da Saúde, as últimas sete pessoas infectadas estão "clinicamente bem".

Ontem, três doentes estavam internados, prevendo-se que tenham alta hospitalar nas próximas horas.

O Hospital de São João, no Porto, referenciou um rapaz de 11 anos que regressou do Reino Unido; um homem, de 23 anos, vindo do Brasil; e ainda um homem, de 20 anos, que corresponde a um caso de transmissão secundária, ou seja, que não foi infectado no estrangeiro mas adquiriu a infecção em Portugal através de outro doente.

Em Lisboa, no Hospital Curry Cabral, foram assistidos: um homem de 18 anos proveniente do Brasil; um homem de 20 anos vindo de Londres; um homem de 41 anos regressado de Palma de Maiorca (Espanha); e uma mulher de 28 anos, após passagem pela Irlanda.

Segundo o Ministério da Saúde, as pessoas já infectadas com o vírus da gripe A "têm vindo a retomar a sua vida diária com normalidade. Não existiu, na maioria dos casos, necessidade de internamento hospitalar".

SAIBA MAIS

MORTES NA EUROPA

França, Bélgica e Taiwan anunciaram os primeiros casos de morte. As autoridades francesas confirmaram a morte de uma mulher que sofria "de uma doença grave, agravada por uma infecção pulmonar severa". A Bélgica confirmou a primeira morte, uma mulher com "dupla pneumonia de origem viral". Em Taiwan morreu um homem, de 39 anos, que sofria de cancro e hepatite.

152 968

pessoas já foram infectadas com o novo vírus da gripe A (H1N1) nos cinco continentes. Os últimos novos casos de infecção registados totalizam 1529, dos quais 1096 são casos na Alemanha.

1079

vítimas mortais do novo vírus. O Reino Unido contabiliza 30 mortes, Espanha seis, a Hungria um. O Brasil regista 34 mortes, a Argentina 165 e os Estados Unidos 302, sendo o país com maior número de vítimas.

LOCAIS DE REFERÊNCIA

Os hospitais de referência são o Curry Cabral e o Dona Estefânia, em Lisboa, os Hospitais de São João e de Santo António, no Porto, os Hospitais da Universidade de Coimbra, o Hospital de Vila Real, o Pediátrico de Coimbra e o Hospital de Faro.

CM
 
Topo