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PJ já deteve 115 homicidas este ano

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Mai 27, 2007
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Até ao final de Julho, a Polícia Judiciária resolveu 85 casos de homicídio, consumado e tentado, e deteve cerca de 70% do total de suspeitos apanhados em 2008. Há uns anos, a maior parte das mortes resultava de discussões, agora a tendência é outra: há cada vez mais jovens que não hesitam em premir o gatilho em assaltos e ajustes de contas

Um grupo de jovens rompe a segurança do Colégio Pina Manique, da Casa Pia, em Lisboa, e invade as instalações. Vem de bairros problemáticos da Amadora e de Oeiras para um ajuste de contas. Entre os confrontos, um deles, de 17 anos, espeta uma faca na barriga de um aluno de hotelaria. Mata-o. O agressor é um dos 115 suspeitos de homicídio já presos pela PJ este ano - 52 por homicídio consumado e 63 porque tentaram matar -, o que corresponde a 68% dos 172 detidos em 2008.

Em Portugal, é difícil traçar um perfil de quem mata, mas a PJ fala de uma nova tendência: os autores dos crimes são cada vez mais novos e mais violentos. "Antigamente havia mais casos dos denominados homicídios passionais, seguindo-se as rixas entre vizinhos. Nos últimos anos, observamos uma taxa muito grande de homicídios praticados por mais novos, entre os 16 e os 21 anos", refere ao DN o inspector-chefe Teixeira, há mais de 30 anos a trabalhar na Brigada de Homicídios.

Pelas mãos do inspector-chefe passam os mais variados crimes - desde mortes que resultam de discussões de trânsito, até às mais planeadas, como o caso da socialite Maria das Dores, que contratou dois homens para matar o marido e preparou todos os passos. "A maior parte são acidentais, que decorrem de actos violentos e que se enquadram em actividades criminosas de grupos", diz.

Às vezes, constata, "basta uma briga numa festa por causa de uma miúda para haver confrontos", normalmente entre grupos de bairros problemáticos. Depois há os ajustes de contas, por negócios de droga malsucedidos, e os homicídios que resultam de roubos violentos.

No final de Dezembro, segundo a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, 1102 reclusos cumpriam pena por homicídio - 14 com menos de 20 anos. "A maior parte continua na faixa etária dos 30/40, mas nota-se um crescimento nos mais novos", concluiu.

Mas a realidade ainda mostra muitos casos de homicídios passionais. "Principalmente no interior do País, onde o homem mata movido pelos ciúmes. É uma questão cultural, mata para lavar a honra em vez de optar pelo divórcio", refere.

A diferença entre uns homicidas e outros revela-se bem na cadeia. O inspector-chefe explica que os reclusos que matam por uma circunstância "como os ciúmes ou uma discussão" são "bem-comportados" e não levantam problemas na cadeia. "Esgotaram toda a sua veia criminal naquele acto", diz. Já os mais jovens têm uma génese violenta. O acto está relacionado com muitos outros violentos.

O psicólogo criminal Carlos Poiares prefere fazer uma distinção entre quem mata motivado pelo lucro e quem mata por uma questão afectiva. No primeiro grupo insere os "homicidas por encomenda", que agem friamente em troca de dinheiro. "É cada vez mais fácil encomendar uma morte em Portugal", refere.

Nos crimes que denomina de "psicoafectivos" , o especialista inclui a impulsividade daqueles que matam por ciúmes, ou porque foram vítimas de violência doméstica ou porque simplesmente estão cansados de discutir sobre a posse de um terreno.

As armas mais usadas para matar, em Portugal, são as caçadeiras e as armas alteradas. Uma tendência a inverter, acredita a PJ, com a nova Lei das Armas. Os dados analisados pelo DN revelam, porém, outras formas de matar: facas, matracas, foices, chaves de fendas e até a própria força física, muitas vezes por estrangulamento.

Apesar de a PJ investigar uma média de 500 homicídios por ano, o inspector-chefe revela que nos últimos anos há muitos crimes que deixam de ser homicídio dada a prontidão dos serviços médicos.

DN
 
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