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Serão os jogos de vídeo um perigo?!

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Serão os jogos de vídeo um perigo ou uma poderosa ferramenta de aprendizagem?
No seu novo ensaio, Serge Tisseron* desmente algumas ideias preconcebidas, alerta para os exageros e sossega os pais em relação aos seus medos infundados.

1 Ele vai isolar-se Falso
Os cybercafés são os novos locais de encontro dos adolescentes, e os jogadores desenvolvem aí uma vida social na Internet! Não proíbam os vossos filhos de se encontrarem com os amigos de carne e osso (se não fá-lo-ão nas vossas costas). Em contrapartida, ponham-nos de sobreaviso contra os impostores e previnam-se com informações aquando do primeiro encontro (lugar, data...


2 Vai confundir-se com o seu avatar
Falso
Os adolescentes têm três, quatro, ou mesmo mais avatares. Não há, portanto, risco de confusão. À excepção de naqueles que receiam o abandono (têm medo de ver morrer o seu alter ego se o abandonarem por umas horas). Nesse caso, impõe-se uma consulta a um psicólogo ou psiquiatra.

3 A violência vai torná-lo violento Muito pouco provável
No conjunto dos jogadores: um terço dos jovens torna-se mais violento com o contacto com um jogo violento; um terço desenvolve ansiedade e angústia; o terço restante reage ao contrário assumindo o papel de curandeiro e salvador das vítimas. O confronto com a violência permite, por vezes, ao adolescente tímido e/ou abandonado pelos que o rodeiam recuperar a autoconfiança.

4 Os jogos vão embrutecê-lo Falso
Certos jogos são uma espécie de criação fantástica (os Sims e o novo Spore) e a maior parte desenvolve capacidades: a destreza olho-mão, a inteligência do grupo (nos jogos em rede, não nos safamos se ficarmos sozinhos). Enfim, os jogos estimulam o plug and play, a inteligência por tentativa e erro, por apalpadela. O que é óptimo na vida social e para compreender os outros, mas que não é valorizado pelo sistema escolar, que pune o erro.

5 O aproveitamento escolar vai piorar Não necessariamente
O abandono escolar é um dos efeitos perversos nascidos com o jogo de vídeo: cuidado para limitar o tempo passado em frente dos ecrãs (tudo junto, entre uma e três horas por dia conforme a idade).

6 Vai ficar viciado Muito pouco provável
Só os adolescentes angustiados encontram no jogo um exutório, um tranquilizante poderoso. É preciso então consultar um psicólogo ou psiquiatra para deslindar as razões dessa dependência lúdica (a separação dos pais, um desgosto de amor, a morte de um dos avós). Basta por vezes três ou quatro sessões para resolver o problema. Este comportamento excessivo é mais inquietante nos jovens com mais de 25 anos. No seu livro Consumer Kids, Ed Mayo, director do Consumer Focus, e Agnes Nairn, uma académica, explicam que “os ecrãs já não podem ser classificados como baby-sitters electrónicas que mantêm as crianças ocupadas”, pois eles tornaram-se “todo um mundo electrónico dentro do qual elas estão imersas (...).

Introduzidos no mercado em 1972, os videojogos têm vindo a conhecer um crescimento exponencial. Hoje, não há adolescente ou criança que nunca tenha jogados estes jogos. Existem em diversas plataformas, como as consolas ligadas à televisão, os computadores (com ou sem ligação à Internet) ou as designadas arcade machines, dos salões de jogos.


3 perguntas a Manuel Coutinho, Psicólogo Clínico


1. Quais os prós e contras dos videojogos?
Tudo na vida tem prós e tem contras. E depois, temos de ver as nossas crianças como pessoas deste tempo, ao qual também temos de estar adaptados. Logo, se vivemos numa altura em que os jogos de vídeo têm uma grande importância para as nossas crianças, não as podemos proibir de jogar, para que não fiquem desajustadas do seu contexto social, entre pares. Mas tudo tem conta, peso e medida. Não podemos permitir que fiquem muito ligadas ao jogo, praticamente dependentes, ou seja, fiquem psicoadaptadas. Os jogos passam-se entre os olhos, o cérebro da criança e a máquina, o que conduz a um certo estado de isolamento durante este tempo. A criança pode utilizar os videojogos mas não em exclusividade. Também tem de ter tempo para outras actividades de lazer, de convívio social com outras crianças e adultos. Ao nível da destreza visuo-motor, os jogos são um exercício fantástico e ajudam à psico-estimulação, mas é preciso ter atenção ao seu conteúdo: há jogos bons ao nível do desenvolvimento, mas outros são nocivos porque fomentam a violência, a morte e a guerra de forma gratuita. A banalização destes comportamentos e do sofrimento leva a criança a banalizá-los e aceitá-los como comuns. Não podemos dizer que existe uma relação causa-efeito entre as crianças e os jogos de vídeo violentos, mas é certo que muitas das que praticam actos de violência sobre outras são precisamente aquelas que jogam jogos violentos com frequência, pois o isolamento em que o fazem leva à perda de competências sociais. A criança corre o risco de confundir a vida real e a vida electrónica, resolvendo os seus problemas reais como resolve os problemas do mundo virtual.

2. Devem os pais proibir os filhos de jogar estes jogos? Ou impor limites?
Os pais não devem ser fundamentalistas, devem dialogar sempre que possível com os filhos e explicar-lhes os prós e os contras dos jogos de vídeo. Se possível, devem procurar também aprender a jogar e jogar com eles, para compreender melhor este mundo virtual e acompanhá-los de uma maneira próxima. Os de guerra, luta e violência, ou seja, de conteúdo nocivo, devem ser interditados.

3. Quando é que o jogo deixa de ser uma experiência divertida e passa a ser uma obsessão?
Os jogos provocam uma psico-estimulação e o cérebro habitua-se rapidamente a esta estimulação. O jogo é a maior dependência que existe no mundo. Por isso, os pais devem controlar e ter uma atitude pró-activa, gerindo o tempo que os filhos ocupam com este tipo de jogos. Muitas vezes são os próprios pais que incentivam as crianças a jogar para poderem ter algum descanso, mas é preciso que estejam sempre atentos ao tempo de jogo e ao seu conteúdo.



Os videojogos são uma fonte de experiências sociais:

Os videojogos podem tornar-se verdadeiras experiências sociais de partilha de conhecimentos e estimular a interacção com os outros.

65% dos jovens jogam acompanhados fisicamente por outras pessoas
27% jogam com pessoas com quem estão ligados pela Internet
82% jogam sozinhos (dentro deste grupo 71% jogavam também com outras pessoas)
3 em cada 5 jovens (59%) jogam de múltiplas maneiras – com outros, através da Internet e sozinhos


Os perigos de jogar na Internet

Muitos jogos são hoje jogados por pessoas de todo o mundo em simultâneo. O maior medo dos pais é de que as crianças que estabelecem estes laços sociais on-line queiram conhecer as pessoas no mundo físico. Mas um estudo americano revela que a maioria das crianças (quase metade das entrevistadas), quando joga ligada pela Internet, fá-lo com pessoas que já conhece.

47% dos jovens jogam com pessoas que conhecem na sua vida real
27% dos jovens jogam com pessoas que primeiro conheceram na Internet
23% dos jovens jogam com ambos

Fonte: Pew Internet & American Life
 
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