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Estratégia socialista passa por encostar PSD ao passado

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Mai 27, 2007
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Nas últimas eleições europeias, PCP e BE tiveram mais de 20% dos votos. É este o quadro político que determina a estratégia de "ou o PS ou Direita" que Sócrates revelou no artigo publicado ,ontem, terça-feira, no JN, e que, segundo politólogos, é inevitável.

O discurso centrado na ideia de que ao eleitorado só resta escolher entre o PS ou o regresso ao passado da Direita mais conservadora já vinha a ser ensaiado por José Sócrates, ainda como primeiro-ministro, logo que foi conhecida a derrota do partido nas europeias de Junho. O PSD foi a força política mais votada e à Esquerda concentrou-se uma inédita percentagem de votos. Para conseguir formar Governo, mesmo sem maioria absoluta, o PS precisa reconquistar votos à Esquerda. Foi isso que, segundo o politólogo, António Costa Pinto, do ISCTE, fica claro no artigo de Sócrates.

"É difícil ao PS ter outra estratégia eleitoral no actual quadro político, que não seja a de encostar o PSD à Direita ultra-liberal e de tentar mostrar que à Esquerda não há alternativa". E ainda na opinião de Costa Pinto, é essa a razão pela qual o programa eleitoral socialista põe o acento tónico nas propostas de apoio social.

"Por isso é que Sócrates dramatiza ao sublinhar a clivagem entre o Estado Social, de Esquerda, e o ultraliberalismo passadista do PSD, da Direita. Só pode ser este o discurso, não há alternativa para tentar pescar votos à Esquerda. Falta saber se vai ter os resultados desejados pelo PS". É uma certeza e uma dúvida que o polítólogo deixa no ar. Até porque o líder do PS que escreveu no JN um artigo recheado de palavras e de conceitos de Esquerda é, simultaneamente, o primeiro-ministro do Executivo que governa o país real, onde são pouco visíveis para muitos portugueses os efeitos do Estado social.

É por esta contradição que José Adelino Maltez pega para comentar as palavras de Sócrates, de quem disse usar dois heterónimos, "um, que fala ao eleitorado de Esquerda e ataca o liberalismo, e outro, que confessa aos empresários que os tempos não estão para ideologias mas sim para pragmatismo". "Sócrates usa o discurso de Esquerda para conquistar votos e depois de conquistar o poder mete o socialismo na gaveta, como já fez antes, Mário Soares".

Ao contrário do que possa indiciar a afirmação deste politólogo do ISCP, a crítica não se destina exclusivamente aos socialistas. Cavaco Silva, enquanto dirigente do PSD e primeiro-ministro, também não ficou imune a esta "falta de autenticidade".

A visão de José Adelino Maltez é a de que "o centrão sempre disse o mesmo, ou seja, sempre fez apelo ao eleitorado de Esquerda, com promessas de medidas sociais. É o habitual bailinho do centrão".

E é esta duplicidade dos políticos do chamado arco do poder é, segundo Maltez, um dos factores de desmotivação e descrença dos eleitores que se abstêm.
JN
 
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