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Crise põe «milhares de vacas a comer fiado»

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Mai 27, 2007
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Centenas de produtores distribuíram, esta quinta-feira, leite pela praia da Póvoa do Varzim, como protesto pela crise no sector agrícola. Segundo Carlos Neves, presidente da Associação de Jovens Agricultores do Distrito do Porto (AJADP), em declarações à Lusa, «muitos milhares de vacas
estão a comer fiado» por causa da crise.

O passeio serviu para distribuírem «mais de três mil litros de leite» aos veraneantes, apelando para o consumo de leite nacional.

«Muitos produtores começam a entrar em ruptura financeira. O que nos tem valido são as empresas que estão a fiar», refere Carlos Neves.

Os agricultores protestam contra as constantes descidas do preço do leite pago aos produtores que, depois de ter sido fixada em 25 cêntimos por litro, deverá sofrer, este mês, uma nova descida.

«Já recebi uma carta da empresa que me compra o leite a avisar que em Agosto vai pagar menos, e nem dizem quanto.

Não vale a pena, é melhor fechar», explicou Agostinho Silva, produtor de leite de Vila do Conde.

Produtores pedem fiado

Devido ao agravamento da crise, também os vendedores de ração se encontram numa situação delicada. Cerca de 50% dos clientes de Carlos Torres Maia, produtor de leite que tem também uma empresa de rações, pedem fiado.

«Diariamente surgem situações de produtores a pedir fiado», refere Carlos Torres Maia, acrescentando que o número «está a aumentar todos os dias».

Carlos Torres Maia, que pertence a uma cooperativa de Famalicão, assegurou ainda que «já há explorações a cortar na alimentação dos animais».

Problema ameaça toda a Europa

O presidente da AJADP admite que este é um problema de toda a Europa. No entanto, Carlos Neves lamenta que o Governo português «faça promessas em vez de dar ajudas».

O responsável pela AJADP referiu que, para os produtores venderem o leite nacional aos supermercados, as empresas de lacticínios «têm de baixar o preço que pagam aos produtores» e que, mesmo assim «os supermercados optam por importar leite, obrigando a indústria nacional a baixar os preços».

Os problemas dos produtores de leite nacional foram causados pelas directivas comunitárias que, numa combinação negativa com a crise, deixou os agricultores a receberem pelo leite o mesmo preço que recebiam há 20 anos.

«A União Europeia (UE) decidiu acabar com as quotas de produção de leite na pior altura, na altura de crise», referiu Carlos Neves, acrescentando que a UE está a preparar o fim das quotas de produção de leite, tendo, para isso, aumentado a quota em cinco por cento, nos últimos dois anos.

«O aumento foi maior do que o consumo e, assim, as quotas deixaram de fazer sentido e temos este sarilho», observou.

Desfecho será «dramático»

Para presidente da AJADP, o problema terá um desfecho «dramático». «As indústrias vão à falência, fecham, falta leite e o preço do leite sobe».

«Ou a Europa toma medidas para mandar o leite em excesso para outros países, nem que seja a preços irrisórios, ou, em vez de aumentar a quota de produção, terá de a regredir», referiu Carlos Torres Maia.

Agostinho Silva, produtor de leite, criticou também o ministro da Agricultura, que «nada tem feito para ajudar os agricultores», revelando que o sector envolve, directa e indirectamente, 100 mil postos de trabalho, sem que ninguém «ligue nenhuma» ao problema.
tvi24
 
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