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Medo aos taliban ameaça crédito de eleições afegãs

maioritelia

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A ameaça taliban, ainda ontem manifesta na morte de 10 afegãos, ensombra as eleições presidenciais e provinciais que hoje se realizam no Afeganistão, e cuja transparência está, também ela, posta em causa.

Ontem, quarta-feira, a poucas horas do início das eleições, os possíveis atentados taliban apresentavam-se como a maior preocupação de uma população marcada pelo estigma da violência, que perdura há gerações. "Este é um dos exercícios eleitorais mais difíceis que já vi", confessava um elemento da ONU no país, Kai Eide. Mas não é só pelo medo aos taliban.

Com efeito, são poucos os que acreditam que as primeiras eleições desde 2001 sejam completamente livres e justas. Aliás, dos cerca de 250 mil observadores que vigiarão as eleições presidenciais e provinciais para impedir prováveis fraudes nas mesas de voto ameaçadas por violência, só 10% são independentes - os restantes são designados pelos candidatos e partidos políticos. Serão distribuídos pelas 6000 a 7000 assembleias de voto que devem acolher os sufrágios dos 17 milhões de eleitores, chamados às urnas para escolher novo presidente, pela segunda vez na História, e 420 conselheiros das 34 províncias.

Embora a orografia tortuosa e a falta de um recenseamento plausível tornem impossível um prognóstico fiável, os analistas concedem ao actual presidente, Hamid Karzai, a "vitória inevitável". Mas a sê-lo, isso também pode revelar-se problemático: com o antecedente das eleições iranianas, que descambaram numa vaga de protestos da oposição, por exemplo, os observadores temen que algum dos candidatos derrotados alegue fraude eleitoral e mobilize protestos. E não será difícil fazê-lo: a BBC encontrou provas de fraude e corrupção, demonstrando que milhares de cartões eleitorais foram postos à venda e que foram oferecidos milhares de dólares para comprar votos. Seja como for, a contagem será lenta e os resultados provisórios só começarão a ser conhecidos a 3 de Setembro e os definitivos a 17, pelo que a segunda volta, caso seja necessária, só acontecerá em Outubro.

Ao receio de fraude há que juntar o temor maior, e que não abandona o país e ameaça mostrar hoje o seu lado mais obscuro: o terrorismo taliban. Ontem mesmo, os taliban liquidaram mais 10 civis um pouco por todo o país, enquanto que a capital, Cabul, a cidade mais segura do país, foi palco de uma batalha entre as forças de segurança e cinco insurgentes que tentaram assaltar um banco.

Os rebeldes consideram que as eleições não são mais do que uma encenação dos EUA, a potência que liderou a acção punitiva em 2001 - em represália pelo apoio dado a Osama bin Laden e à al-Qaeda - e que expulsou os "estudantes de teologia" do poder. E têm anunciado para hoje uma jornada eleitoral sangrenta, dia em que estão em laerta máximo todas as forças de segurança - 200 mil afegãos e 100 mil soldados estrangeiros (dos quais 150 são portugueses). O medo é tanto que o Governo decretou a censura aos media ocidentais e locais, alegando "o interesse nacional do Afeganistão, para levantar a moral às pessoas e levá-las a sair de casa para votarem", segundo Siamak Herawi, porta-voz do presidente Hamid Karzai. Ainda assim, será difícil contornar o medo gerado pela ameaça taliban, cuja acção tem conhecido um incremento. Por isso, não é expectável "uma alta participação em algumas zonas e províncias. Em mais de 10 distritos será difícil realizar eleições", observou Jandar Spinghar, da Fundação para Eleições Livres e Justas. Com efeito, os insurgentes dominam grande parte do Sul e Leste do país, áreas de maioria étnica pastún e de que são originários os taliban, mas também o presidente que procura agora a reeleição.
jn.
 
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