O presidente do BPP, Adão da Fonseca, defendeu numa mensagem electrónica a um cliente que a utilização do empréstimo de 450 milhões de euros para pagar a alguns credores só se justifica num cenário de viabilização do banco.
«É totalmente repugnante pensar que tenha sido decidido pagar a uns e não pagar a outros. Isso seria inadmissível. Ainda mais quando uma parte dos que receberam 100 por cento eram credores que não têm direito a receber nada num cenário de falência, como é o caso das Caixas de Crédito Mútuo e as Caixas Agrícolas e os Municípios que eram depositantes no BPP», considerou Fernando Adão da Fonseca, no 'e-mail' a que a agência Lusa teve acesso.
"Uma coisa era [o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças] terem decidido congelar o banco, enquanto se avaliava a situação, tendo em vista tomar uma decisão. Mas não foi isso que fizeram", escreveu Adão da Fonseca.
"O que fizeram foi usar os activos do banco como contra-garantia de um financiamento de 450 milhões de euros de forma a que alguns dos clientes fossem pagos a 100%", acrescentou.
"Isso só é aceitável se a ideia era que todos também viessem a receber, embora mais tarde, após se arranjar uma solução", frisou o presidente do BPP, acrescentando que "quer queiram, quer não, esta decisão do Banco de Portugal e do Ministério das Finanças tomada em Dezembro de 2008 teve implícita a decisão de pagar a todos".
O presidente do BPP garantiu ao mesmo cliente que não pactuará com cenários em que "os clientes não venham a ver os seus direitos completamente satisfeitos", tendo sido nesse pressuposto que a administração se manteve nos cargos aos quais tinha renunciado.
Luís Miguel Henrique, representante da Associação Clientes do BPP, disse hoje à Lusa que o conteúdo da mensagem electrónica é "a prova que faltava para todas as matérias cíveis".
"Sendo verdade que houve benefício a alguns credores, é a prova que faltava aos clientes para acabarem com o penhor e com o crédito privilegiado", afirmou Luís Miguel Henrique, que considerou que "[o presidente do BPP] tem que desmentir ou assumir publicamente estas declarações".
"Além da razão moral, há razão legal e prova dessa razão", sublinhou, dizendo ser "incompreensível que só em Setembro, 11 meses depois, se chegue a essa conclusão".
"É uma forma de pressão", afirmou Luís Miguel Henrique sobre o conteúdo do email, considerando que "os clientes foram altamente prejudicados com isto. É irregular, imoral e ilegal".
O advogado considerou ainda que Adão da Fonseca lhe deve um pedido de desculpas.
"Fui acusado de ser precipitado, destabilizador e mercenário", disse Luís Miguel Henrique
Contactada pela Lusa, fonte oficial do BPP remeteu explicações para o comunicado emitido a 28 de Agosto, no qual a administração anunciou permanecer em funções devido ao pressuposto de que as autoridades vão recuperar e sanear o BPP e que não podem haver credores privilegiados.
Diário Digital / Lusa
«É totalmente repugnante pensar que tenha sido decidido pagar a uns e não pagar a outros. Isso seria inadmissível. Ainda mais quando uma parte dos que receberam 100 por cento eram credores que não têm direito a receber nada num cenário de falência, como é o caso das Caixas de Crédito Mútuo e as Caixas Agrícolas e os Municípios que eram depositantes no BPP», considerou Fernando Adão da Fonseca, no 'e-mail' a que a agência Lusa teve acesso.
"Uma coisa era [o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças] terem decidido congelar o banco, enquanto se avaliava a situação, tendo em vista tomar uma decisão. Mas não foi isso que fizeram", escreveu Adão da Fonseca.
"O que fizeram foi usar os activos do banco como contra-garantia de um financiamento de 450 milhões de euros de forma a que alguns dos clientes fossem pagos a 100%", acrescentou.
"Isso só é aceitável se a ideia era que todos também viessem a receber, embora mais tarde, após se arranjar uma solução", frisou o presidente do BPP, acrescentando que "quer queiram, quer não, esta decisão do Banco de Portugal e do Ministério das Finanças tomada em Dezembro de 2008 teve implícita a decisão de pagar a todos".
O presidente do BPP garantiu ao mesmo cliente que não pactuará com cenários em que "os clientes não venham a ver os seus direitos completamente satisfeitos", tendo sido nesse pressuposto que a administração se manteve nos cargos aos quais tinha renunciado.
Luís Miguel Henrique, representante da Associação Clientes do BPP, disse hoje à Lusa que o conteúdo da mensagem electrónica é "a prova que faltava para todas as matérias cíveis".
"Sendo verdade que houve benefício a alguns credores, é a prova que faltava aos clientes para acabarem com o penhor e com o crédito privilegiado", afirmou Luís Miguel Henrique, que considerou que "[o presidente do BPP] tem que desmentir ou assumir publicamente estas declarações".
"Além da razão moral, há razão legal e prova dessa razão", sublinhou, dizendo ser "incompreensível que só em Setembro, 11 meses depois, se chegue a essa conclusão".
"É uma forma de pressão", afirmou Luís Miguel Henrique sobre o conteúdo do email, considerando que "os clientes foram altamente prejudicados com isto. É irregular, imoral e ilegal".
O advogado considerou ainda que Adão da Fonseca lhe deve um pedido de desculpas.
"Fui acusado de ser precipitado, destabilizador e mercenário", disse Luís Miguel Henrique
Contactada pela Lusa, fonte oficial do BPP remeteu explicações para o comunicado emitido a 28 de Agosto, no qual a administração anunciou permanecer em funções devido ao pressuposto de que as autoridades vão recuperar e sanear o BPP e que não podem haver credores privilegiados.
Diário Digital / Lusa