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Tribunal ordena encerramento definitivo da Real Cerâmica

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Mai 27, 2007
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O Tribunal de Coimbra ordenou, ontem, o fecho definitivo da Real Cerâmica, em Antanhol, que empregava 80 pessoas. A falta de encomendas foi fatal para a empresa, cujo património será vendido para pagar aos credores.

A assembleia de credores reunida, ontem, no 2º Juízo Cível do Tribunal de Coimbra, foi unânime quanto à liquidação do activo da empresa. Não houve qualquer proposta no sentido de salvar a fábrica de cerâmica artística, que deixou de laborar em Dezembro último, por escassez de encomendas. Os contactos com eventuais compradores também se revelaram infrutíferos. Resultado: mais de 80 pessoas - "mão-de-obra especializada", como referiu a administradora de insolvência - na rua.

"Depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que a Real Cerâmica, apesar de ter o que é fundamental para uma empresa - pessoas e maquinaria -, tem um problema que não parece possível ultrapassar: não tem encomendas para que possa laborar", explicou Isabel Gaspar.

A administradora de insolvência diz ter encontrado uma empresa "muito bem arrumada", que a fez "reflectir muito" sobre o rumo a tomar.

Acabou por sugerir o encerramento definitivo da empresa e a venda dos bens (instalações e maquinaria), para sanar as dívidas. "É a solução que me parece mais salutar, adequada à defesa dos interesses de todos", justificou Isabel Gaspar, ressalvando que não há promessa de brevidade, pois "o mercado de venda de bens usados também não é fácil". O Tribunal aceitou a proposta e foi nomeada uma comissão de credores.

Os antigos trabalhadores, que têm a receber para cima de um milhão e 200 mil euros, não se mostraram particularmente expansivos. Segundo António Moreira, da União dos Sindicatos de Coimbra (USC), estão dominados por um sentimento de "grande preocupação".

"Há situações muito dramáticas, de pessoas que adquiriram bens e hoje, no desemprego, não conseguem cobrir as despesas. Têm empréstimos para pagar, porque perspectivaram as suas vidas, e foram apanhadas em situações que não dependem delas. Estão aflitas para conseguir assegurar o património das suas vidas", lamentou.

O coordenador da USC assume que a decisão não apanhou ninguém de surpresa e agora só torce para que o processo judicial seja célere e "exemplar". Mas deixa o lamento: "É uma mão-de-obra altamente qualificada. Estas pessoas, que durante anos e anos espalharam verdadeiras obras de arte pelo mundo, hoje, infelizmente, não vão encontrar uma actividade idêntica em Coimbra".

Entre os antigos trabalhadores encontram-se muitas mulheres "com uma vida activa pela frente", assinala, ainda.

Contactado pelo JN, o advogado da Real Cerâmica, Pereira Monteiro, reiterou que "a empresa, simplesmente, deixou de ter encomendas que lhe permitissem laborar". E sublinhou que o administrador, Armando Rodrigues, tudo fez para evitar a queda de uma casa que ele mesmo criou, há cerca de 30 anos.
JN
 
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