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Oposição de Guiné rejeita governo de união após massacre de manifestantes

Matapitosboss

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Set 24, 2006
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da Folha Online

A oposição guineana rejeitou nesta quinta-feira o governo de união nacional proposto pelo líder da junta militar no poder, o capitão Moussa Dadis Camara, como uma solução para a crise no país após a morte de dezenas de pessoas na repressão a um protesto pró-democracia na segunda-feira (28).

Organizações de direitos humanos dizem que pelo menos 157 pessoas morreram e acusam o Exército de sumir com dezenas de corpos. O governo fala em 56 mortos e pediu uma investigação internacional, além de chamar a oposição para participar de um gabinete de transição até a eleição presidencial de janeiro.

"Nós não estamos interessados nessas propostas," disse à imprensa o líder das Novas Forças Democráticas, Mouktar Diallo. Para ele, os militares que chegaram ao poder por um golpe, em dezembro, buscam, com a proposta, desviar a atenção da "repressão mortal" ao protesto da oposição.

Outro líder da oposição, o ex-primeiro-ministro Sidya Touré, disse em uma entrevista que ele não pode ter qualquer tipo de discussão com o governo de Camara após o massacre e pediu ajuda externa para a realização das eleições que estiveram no centro dos protestos que reuniram 50 mil pessoas no maior estádio da capital, Conacri.

"Hoje não estamos pensando em eleições, porque desde segunda-feira nós sabemos que não podemos ter qualquer tipo de discussão com esse governo", disse Touré. "O que nós pensamos que temos a fazer, com a ajuda da comunidade internacional, é encontrar uma maneira de ter eleições, mas conduzidas por algo neutro, não pelo Exército, talvez por civis."

Touré foi detido durante os protestos, depois que forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes, e libertado na terça-feira. Ele disse que sofreu ferimentos na cabeça e encontrou sua casa saqueada no retorno. A casa também é usada como sede de um partido de oposição ao governo da junta, que chegou ao poder logo após a morte do presidente Lansana Conté, que governou por 24 anos, em dezembro de 2008.

Um dos responsáveis da oposição, Cellou Dalein Diallo, que levou na segunda-feira uma surra dos militares, deixou nesta quinta-feira Conacri rumo a Dakar a bordo de um avião presidencial senegalês. Segundo seus próximos, ele deve ir em seguida para a França.

Corpos

A Organização de Defesa dos Direitos Humanos da Guiné (OGDH) divulgou o número de 157 mortos e 1.200 feridos nas mãos das forças de segurança que foram dispersar uma manifestação pacífica da oposição. A ONU falou, por sua vez, em mais de 150 mortos.

Nesta quinta-feira, o presidente da OGDH, Thierno Maadjou Sow, afirmou à que sua organização foi contatada pelas famílias a propósito do sepultamento de corpos durante a madrugada. "Esperamos encontrar estes lugares para que os médicos possam desenterrar os cadáveres", afirmou.

As autoridades desmentiram as acusações e abriram o necrotério de um hospital de Conacri à imprensa.
A pedido da imprensa, a diretora do hospital CHU, Ignace Deem, levou os jornalistas para visitar um ferido de 17 anos que foi transferido inconsciente do estádio para o hospital.

O paciente contou que estava na manifestação quando os militares o agrediram nas costas e na cabeça. O capitão Camara se defendeu do ocorrido no estádio, dizendo que o Exército deve ser obrigatoriamente reformado.

Ele afirmou também que, se houve carnificina, foi antes de mais nada culpa dos líderes da oposição por terem levado os jovens da periferia às ruas.

Os protestos foram lançados depois que o capitão Camara, que afirmara inicialmente que não iria concorrer nas eleições, disse que ele tem o direito de concorrer, se quiser. As manifestações contra ele têm crescido, mas nenhuma tinha sido tão violenta como a desta segunda-feira.

Se Camara for eleito, ele repetirá o roteiro de Conté, que chegou ao poder em 1984 por meio de um golpe e depois se elegeu sucessivamente --em votações marcadas pela fraude. A Guiné é um dos principais exportadores de bauxita do mundo, mas sua população vive em sua maioria com menos de US$ 1 por dia.

Com Efe, Associated Press e France Presse
 
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