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Onde pára o desejo?

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O que nos faz sentir desejo? E o que pode acabar com ele? Como é diferente o desejo de mulheres e homens? O nascimento de um filho pode afectá-lo?


O nascimento de um filho não deixa nada no sítio. Tudo se altera na vida da mãe, do pai, da família, do casal. Sobretudo quando se trata do primeiro. Não é só um filho que nasce, são novas pessoas que nascem enquanto pais e mães, com uma nova identidade, com novas responsabiliddes, com novos sentimentos, com novos cansaços, dúvidas e receios. Assim sendo, é óvio que a vida sexual também será afectada, desde logo porque as rotinas se alteram, o tempo não estica e a disponibilidade que se tem para o sexo fica reduzida. O que não quer dizer que desapareça e muito menos que não nos faça falta, mesmo que o desejo pareça ter-se esvaído.

Muitas mulheres sentem que o seu desejo sexual diminui na fase do pós-parto - e não se trata apenas de pós-parto imediato, mas sim de vários meses após o nascimento do bebé. Tudo no corpo da mulher acontece com fim de proteger o bebé, tanto na gravidez, como no parto e no pós-parto. O aumento da produção de progesterona faz com que a sexualidade seja um pouco posta de lado. No livro Inteligência Hormonal, do ginecologista e terapeuta sexual Eliezer Berenstein, a prolactina é apontada como grande responsável pela quebra de desejo sexual feminino no pós-parto. Esta hormona, fundamental na amamentação, tem vários efeitos, como a ausência de lubrificação vaginal, mesmo quando há excitação, a diminuição das sensações físicas e alguma fadiga, tudo sintomas que contribuem para a diminuição do desejo. Esta pode ser uma resposta biológica para evitar gravidezes muito próximas.

Mas nem só a biologia e a logística familiar explicam a pouca predisposição das mulheres para o sexo no período pós-parto. Culturalmente, a maternidade tem sido sempre afastada da sexualidade e uma mãe comporta uma ideia de pureza que, por vezes, afasta o desejo e a erotização. Esse afastamento tanto pode ser sentido tanto pela mulher como pelo homem.

Um problema?
A falta de desejo só passa a ser um problema quando é encarada como tal, sobretudo no contexto de uma relação estável. Quando é sentida apenas por um, como acontece frequentemente, a forma como o outro reage é crucial.

Os homens queixam-se mais da falta de desejo das mulheres do que da própria, mas até esse indicador pode ser afectado por preconceitos culturais que vêem a masculinidade como um sinónimo de desejo constante.

«A forma como o outro reage à diminuição do desejo é fundamental na forma como se supera essa fase», afirma Ana Beato. «Não existe "normalidade" e o que pode parecer um problema só o é porque o parceiro assim o entende. Ou seja, a mesma frequência de relações para um casal pode ser satisfatória e prazerosa e para outro ser um problema.»

A complexidade do desejo feminino
Ana Beato clarifica que o desejo das mulheres não é menor do que o dos homens, simplemente é diferente porque é mais afectado por factores exteriores do que o deles: «Após a gravidez e o parto, é frequente haver uma diminuição no desejo sexual das mulheres. Há mais flutuações no desejo feminino, até porque elas têm muito mais alterações hormonais ao longo da vida e o desejo é condicionado pelas hormonas sexuais. A produção de testosterona, nos homens, é muito mais estável.»
Mas o desejo também se joga, e muito, na cabeça. E nesse aspecto, também as mulheres são muito mais complexas e sujeitas a flutuações. «Para uma mulher, o desejo não ocorre descontextualizado, ela não dissocia o contexto em que se encontra da predisposição para o sexo, enquanto o desejo masculino é muito mais independente de outras variáveis», explica Ana Beato.
Factores como o cansaço, o local em que se encontra, a rotina ou falta de surpresa, o stresse, o estado de humor, a qualidade da relação no momento condicionam o desejo feminino. «Uma mulher dificilmente desvaloriza o facto de se ter aborrecido com o companheiro, é difícil estar predisposta para uma relação sexual se está chateada com ele por algum motivo» exemplifica a terapeuta. «O desejo feminino está associado a inúmeras variáveis e depende de um equilíbrio a vários níveis», acrescenta.

Um estudo demonstrou, por exemplo, que após quatro anos numa relação estável o desejo feminino tende a ter uma quebra, enquanto que os homens não sentem este declínio. O que não quer dizer que sintam que a sua vida sexual é satisfatória, simplesmente o seu desejo não é afectado pela insatisfação que possam sentir, enquanto que o desejo feminino é. «O desejo feminino sofre flutuações até ao longo de um mês», explica Ana Beato. «A resposta sexual do homem é, sem dúvida muito mais estável e previsível».

A importância da comunicação
Na opinião da terapeuta Ana Beato, o importante numa relação estável, seja após o nascimento de um bebé ou em qualquer fase da vida, é que haja uma boa base de comunicação e diálogo. «Numa relação tudo depende da forma como cada um encara as diferenças que vão aparecer. Nem sempre vão estar os dois com vontade ao mesmo tempo. Mas tem de haver uma boa comunicação para que não haja falsas atribuições. E é isto que falha em muitos casos: ele sente-se falhado porque ela já não o deseja ou ela pensa que ele tem outra relação porque já não a deseja como antes e começa a haver problemas de relacionamento.

Quando há problemas sexuais, geram-se desconfortos e pode instalar-se um sofrimento individual muito grande. E, afinal, talvez tudo pareça pior e mais grave do que na realidade é porque, simplesmente, não se conversou o suficiente.

O corpo e a auto-estima
Estar bem consigo própria é uma das variáveis que também surge associada ao desejo. E pode ser outro dos factores que contribui para a quebra de desejo no pós-parto. O corpo mudou muito e por vezes a auto-estima é afectada. Se uma mulher não se sente bem no seu corpo, também não se sente desejável e isso condiciona a sua vontade e o seu à-vontade.

«Se não se sente bonita, atraente, isso vai condicionar a forma como está com o seu companheiro», explica Ana Beato. «Habitualmente, por razões culturais, as mulheres valorizam mais o facto de serem desejadas do que sentirem desejo. Mas é tão importante desejar como ser desejado para uma sexualidade satisfatória. Transmitir ao outro o seu desejo é tão importante como senti-lo, tem de haver feed-back e uma riqueza na comunicação verbal e não verbal», acrescenta.

Em termos físicos, a forma como decorrreu o parto é também fundamental para o restabelecimento de uma sexualidade prazerosa. «Há mulheres que precisam de mais tempo do que outras, algumas precisam de muito tempo de reabilitação», afirma a terapeuta.

Na sua opinião, muitos casais não estão preparados para a verdadeira revolução que acontece nas suas vidas com a chegada de um bebé. «Ficam tão centrados no seu papel de pais que se esquecem que há uma relação entre os dois da qual é preciso cuidar», alerta Ana Beato.


Alimente o seu desejo
Há muitos factores que potenciam o desejo, sobretudo o feminino. Tome nota:


o cheiro

o toque, que deve estar presente em todas as situações, não apenas como antecedente de uma relação sexual

o envolvimento, o investimento afectivo na relação

os preliminares

o efeito surpresa





In:IOLMae
 
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