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Resgate: Quatro corpos ainda continuam nos escombros

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RoterTeufel

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Resgate: Quatro corpos ainda continuam nos escombros
“Não posso acreditar na tua morte”

Desmaios, gritos de dor e um choro compulsivo. Inconsolável. Foi assim que Susana Martins, mulher de Carlos Alves, uma das cinco vítimas da queda de um viaduto em Andorra, reagiu quando ontem de manhã viu o local onde o marido morreu e onde, à hora de fecho desta edição, o corpo continuava por resgatar. Com a face coberta de lágrimas, Susana saiu disparada do carro em que seguia com a cunhada e alguns psicólogos e, durante breves instantes, a mulher manteve o olhar preso nos escombros.

Segundos depois, não aguentou e caiu no chão a chorar. 'Não, isto não pode ser verdade, eu não posso acreditar que me deixaste. Eu quero morrer contigo', dizia Susana, enquanto era levada pelos psicólogos para fora do local. Mais ao longe, a mulher ainda tentou assistir às operações de tentativa de resgate do corpo do marido. No entanto, a dor foi mais forte e Susana teve de ser transportada para o hospital onde foi assistida por psicólogos.

Durante o dia de ontem, também alguns familiares dos três feridos que continuam internados no hospital de Meritxell – dois foram ontem transferidos para Barcelona – se deslocaram a Andorra. Contudo, devido aos diversos tratamentos a que estão sujeitos, não foi possível à maior parte dos familiares visitá-los.

Apesar do que estava previsto inicialmente, ontem os bombeiros não conseguiram resgatar os corpos das quatro vítimas que continuam presas nos escombros. Ao início da tarde, uma grua vinda de Barcelona começou a retirar parte dos destroços, mas uma avaria na máquina fez com que as operações de resgate fossem suspendidas por várias horas. Ao final da noite, as buscas foram retomadas e tudo indica que durante o dia de hoje os cadáveres dos portugueses sejam finalmente retirados.

No meio dos destroços estão ainda António Gonçalves, Olímpio Santos, Carlos Marques e Carlos Alves. O corpo da quinta vítima, Toni Ribeiro, seguiu ontem ao final da tarde para Lordelo, Guimarães, onde deverá chegar hoje.

PORMENORES

RAPIDEZ NO RESGATE

Luís, tal como os outros colegas das vítimas, apenas querem retirar os amigos do local o mais rápido possível, para que as famílias tenham 'um pouco de paz'.

TESTEMUNHAS

Os feridos do acidente já demonstraram vontade em regressar a Portugal. No entanto, antes de voltarem serão ouvidos pela Polícia de Andorra como testemunhas do acidente.

VOLTAR À OBRA

Os trabalhadores que sobreviveram ainda não sabem se vão voltar àquela obra.

AMIGOS TENTAM AJUDAR RESGATE

Durante as buscas, diversos homens que trabalhavam com as vítimas na construção do viaduto deslocaram-se ao local para tentar ajudar os bombeiros. 'Não podemos fazer muito, mas conhecemos esta obra como ninguém e assim será mais fácil', explicou ao CM Luís Miguel, trabalhador.

'SEMPRE DISPOSTO A AJUDAR OS OUTROS'

Toni Cristiano Ribeiro, 27 anos, emigrante em Espanha há cerca de quatro anos, estava a trabalhar para a empresa que construía o viaduto de ligação ao túnel Dos Valires, em Andorra, há apenas três meses. A quinta vítima do acidente era 'o orgulho' dos pais e da madrinha. 'Era um excelente rapaz, muito brincalhão e sempre disposto a ajudar os outros', conta ao CM, entre lágrimas, a mãe Luísa Costa.

'Não há palavras para descrever esta dor. Quando vi na televisão, nunca pensei que fosse o meu Toni. Pensamos sempre que apenas acontece aos outros', explica a mãe da vítima que está, desde as 13h00 de ontem, à espera de notícias, rodeada de todos os amigos, vizinhos e familiares, na localidade de Lordelo, em Guimarães.

Após o conhecimento da notícia, a irmã de Toni partiu sozinha para o principado, de forma a poder dar informações mais precisas a todos. 'Ela está muito chocada com o sucedido, tal como nós', revelou o pai, José Ribeiro.

Toni vivia em Vizela há três meses com a sua companheira e o filho de cinco anos. Para trás deixa uma família inconsolável pelo desaparecimento precoce.

TRASLADAÇÃO SERÁ 'DOLOROSA'

O deputado do PS eleito para as comunidades europeias, Paulo Pisco, visitou ontem o local do acidente. O deputado afirmou ao CM que a trasladação dos corpos vai ser um processo 'doloroso e longo', mas que será assegurado pelas seguradoras das empresas. Não é ainda previsível quando se procederá à trasladação das vítimas que ainda se encontram nos escombros.

FERIDO GRAVE EM RECUPERAÇÃO

Fernando Pereira, um dos portugueses feridos no acidente de Andorra e que até à hora de fecho desta edição estava internado no Hospital Vall d’Hebron, em Barcelona, apresenta uma situação clínica estável e pode ter alta a qualquer momento. Segundo fonte hospitalar, a vítima apresentava um traumatismo craniano e maxilofacial e foi operada no sábado.

NOTAS

CHOQUE: AMIGOS DESOLADOS

Os cinco portugueses que morreram no acidente eram tidos pelos colegas como bons trabalhadores e, acima de tudo, óptimas pessoas. Os colegas estão chocados com a tragédia

GRUA: CABO PARTE EM OPERAÇÃO

A operação de limpeza da zona foi difícil. Um cabo da grua partiu ontem e durante duas horas a mesma esteve parada. As operações de resgate só foram retomadas pelas 17h00

NOITE: TONELADAS DE FERRO

Ontem estava previsto que a grua trabalhasse toda a noite para tentar retirar as toneladas de ferro que cobrem o local. A operação de resgate dos cadáveres previa-se demorada.


Fonte Correio da Manhã
 
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