O condutor do autocarro envolvido no acidente de 2007 na A23, em Vila Velha de Ródão, que matou 17 pessoas contrariou hoje a reconstituição do desastre, no julgamento do caso que decorre no Tribunal de Castelo Branco.
O desastre resultou do embate entre um ligeiro e um autocarro com alunos da Universidade Sénior de Castelo Branco.
Os dois condutores estão a ser julgados por 17 crimes de homicídio por negligência e seis crimes por ofensas à integridade física.
Fernando Serra, condutor do autocarro, garantiu não ter entrado na faixa da esquerda, mesmo depois de confrontado com fotografias da reconstituição, que colocam o autocarro cerca de 20 centímetros no corredor da viatura ligeira.
No seguimento do questionário, o condutor do autocarro admitiu não se ter apercebido da ultrapassagem do ligeiro, porque "ia a olhar para a frente" com "atenção à estrada", motivando várias perguntas dos advogados das vítimas, nomeadamente se não devia prestar mais atenção ao resto da auto-estrada.
Segundo a instrução do processo, que incluiu uma reconstituição feita no local do acidente, o condutor do pesado invadiu a faixa da esquerda onde a condutora já fazia uma ultrapassagem.
A condutora ainda tinha espaço, mas por falta de cuidado e perícia perdeu o controlo do ligeiro e embateu no autocarro, de acordo com o juiz de instrução.
A condutora Carina Rodrigues foi a primeira a ser ouvida na sessão de hoje, tendo reafirmado que o autocarro entrou na faixa esquerda quando já o estava a ultrapassar.
Questionada sobre detalhes do acidente, disse, no entanto, que se lembra de ter embatido uma primeira vez no autocarro, mas "não ter memória" do resto do sinistro.
O julgamento continua esta tarde, estando prevista a audição de testemunhas, entre as quais alguns técnicos responsáveis pela reconstituição do acidente.
DN