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Comboio mata mulher e fere dois trabalhadores

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RoterTeufel

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Valença: Vítima de 30 anos foi cuspida da carrinha em que seguia acompanhada por dois colegas
Comboio mata mulher e fere dois trabalhadores


Partiram de Braga bem cedo, rumo ao Alto Minho, onde iriam passar algumas horas do dia de ontem a distribuir o folheto promocional do supermercado Lidl. No entanto, poucos minutos antes das 08h00, a carrinha em que seguiam foi violentamente colhida por um comboio na passagem de nível de Segadães, em Cristelo Covo, Valença.

Uma das ocupantes foi cuspida e morreu, horas depois, no Hospital São Marcos, em Braga. Os outros dois passageiros foram desencarcerados e estavam ontem à noite internados em estado grave.

Sandra Martins, 30 anos, residente em Braga e mãe de duas meninas, seguia com os dois colegas, Liliana Brás e Donato Faria, na carrinha dele para mais um dia de trabalho. Chegados à linha de comboio, não se aperceberam da chegada rápida da composição. A passagem de nível não tem barreiras nem sinalização sonora. O choque foi inevitável e brutal. Até um rodado do comboio descarrilou. O presidente da junta local diz que há anos que pede que a passagem de nível seja desactivada.

“O maquinista disse que o carro apareceu de repente e não parou. Que nem teve tempo de travar para evitar o choque”, contou ao CM fonte dos bombeiros de Valença.

Os três ocupantes não tiveram como fugir. Sandra foi projectada e os colegas ficaram entre os destroços da carrinha Fiat Doblo. Donato estava ao volante. O comboio só parou mais de 200 metros depois.

Quando as equipas de socorro chegaram, tiveram de tirar os colegas de Sandra da amálgama de chapa, atirada por um talude. Liliana, 23 anos, residente em Travassos, Póvoa de Lanhoso, esteve sempre consciente e foi levada para o Hospital de Viana do Castelo. Está internada e fora de perigo. Donato, 36 anos, de São Victor, Braga, foi transportado para o Hospital de S. António, Porto. À hora de fecho desta edição estava a ser operado. O prognóstico é reservado.

PORMENORES

INTERNACIONAL

O comboio internacional saiu de Tui, na Galiza, Espanha, e deslocava-se para o Porto. Nas composições iam 20 passageiros que seguiram viagem de autocarro até à estação de Vila Nova de Cerveira, onde apanharam outro comboio.

SEM BARREIRAS

A passagem de nível não tem barreiras nem sinais sonoros que avisem para a chegada do comboio. Só existem placas a dar conta de que se trata de local de passagem de comboios. População e junta estão revoltadas e reclamam alternativa.

INTERROMPIDA

Devido ao acidente, a circulação ferroviária na linha do Minho esteve interrompida entre Valença e Vila Nova de Cerveira, até às 14h00. A CP disponibilizou de imediato autocarros para todos os passageiros afectados.

"PORQUE É QUE FOI COM ELA?"

Quando a notícia da morte de Sandra Martins se começou a espalhar, ao final da manhã, a família entrou em estado de choque. A mãe da vítima, Fernanda, teve mesmo de ser observada no Hospital de São Marcos, em Braga, por ter tido uma crise de ansiedade.

"Deram-lhe sedativos porque era a única forma de a acalmar. Mas está muito transtornada, obviamente", revelou ontem ao CM uma fonte hospitalar.

Amparada por familiares e amigos, Fernanda saiu durante a tarde do hospital onde a filha acabou por morrer. "Porque é que foi com ela?", gritava desolada. O choro e a dor espalharam-se pelas paredes das Urgências e comoveram todos os presentes. Sandra era casada e tinha duas filhas menores. "Uma delas só tem seis meses", contou uma amiga da família. Ontem, o silêncio reinava na casa da vítima, perto da Quinta da Capela, Braga.

CHOQUE VIOLENTO DESFEZ CARRINHA DAS VÍTIMAS

O estado em que a carrinha Fiat Doblo ficou demonstra bem a violência do acidente. Mas os estragos não se fizeram sentir apenas naquela viatura. "Um rodado saltou dos carris, mas não pôs em causa a segurança do comboio e dos ocupantes", adiantou ao CM o porta--voz da CP, Bruno Martins.

Na altura da colisão, o comboio levava vinte passageiros que seguiram viagem de outra forma. "Foram levados de autocarro às 09h00 para Valença", explicou Bruno Martins. A linha esteve interrompida durante a manhã, tendo sido reaberta apenas às 14h00.

Apesar das tentativas, não foi possível obter ontem uma declaração por parte da Refer.

"TRAGÉDIA PODIA TER SIDO EVITADA HÁ 20 ANOS"

O presidente da Junta de Cristelo Covo era ontem um homem revoltado. "Há 20 anos que isto se arrasta. No ano passado uma pessoa teve um acidente nesta passagem de nível e ficou paraplégica. Tentei pressionar, mas nada foi feito", disse ao CM o autarca Augusto Natal, que culpa sobretudo o anterior presidente da autarquia de Valença, que perdeu as eleições.

"Há dois anos acordámos com a Refer fazer um viaduto, a cem metros da passagem de nível. Comprámos os terrenos e a Refer apresentou o projecto em Maio, que ficou esquecido na câmara", criticou. Para o próximo dia 16 o autarca tem uma reunião com a Refer.


Fonte Correio da Manhã
 
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