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Reizinho da casa

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Sentado na poltrona, impassível diante de qualquer ordem do pai ou da mãe, ele só faz o que quer e quando quer. É possível que você já tenha se deparado com um típico 'Reizinho da Casa'. Mas, hoje, já se sabe que crianças desobedientes e manipuladoras podem sofrer de um mal conhecido entre os psiquiatras como Transtorno Desafiador Opositivo.

Segundo Gustavo Teixeira, médico especialista em comportamento infantil, esse transtorno é uma condição comportamental comum entre crianças de idade escolar e pode ser definido como um padrão persistente de comportamentos negativistas, hostis, desafiadores e desobedientes observados nas interações sociais da criança com adultos e figuras de autoridade de uma forma geral, como pais, tios, avós e professores, podendo estar presente também em seus relacionamentos com amigos e colegas de escola. “Pode estar relacionado com outras condições comportamentais e frequentemente precede o desenvolvimento do transtorno de conduta, uso abusivo de drogas e comportamento delinquêncial”, avisa o médico.

As principais características do transtorno desafiador opositivo são perda frequente da paciência, discussões com adultos, desafio, recusa a obedecer solicitações ou regras, perturbação e implicância com as pessoas, podendo responsabilizá-las por seus erros ou mau comportamento. Ele se aborrece com facilidade e comumente se apresenta enraivecido, agressivo, irritado, ressentido, mostrando-se com rancor e com idéias de vingança. São crianças que apresentam uma dificuldade no controle do temperamento e das emoções, uma teimosia persistente, sendo resistentes a ordens e parecem estar testando os limites dos pais a todo momento.

“Os sintomas aparecem em vários ambientes, entretanto é na sala de aula e em casa onde estes podem ser melhor observados”, explica Gustavo. Estudos americanos atribuem esse diagnóstico 2 a 16% das crianças em idade escolar, sendo duas vezes mais frequente entre meninos do que em meninas e os sintomas iniciais do transtorno desafiador opositivo ocorrem, normalmente entre os 7 e 8 anos de idade.

Com frequência essas crianças e adolescentes apresentam baixa auto-estima, fraca tolerância às frustrações, humor deprimido, ataques de raiva e possuem poucos amigos, pois comumente são rejeitados pelos colegas devido a seus comportamentos impulsivos, opositores e de desafio às regras sociais do grupo. O início do uso abusivo de álcool e outras drogas merece especial atenção nessas crianças, pois os conflitos familiares gerados pelos sintomas do transtorno, comportamentos de oposição e de desafio às normas podem facilitar o envolvimento problemático com essas substâncias no futuro.

Muito importante ressaltar que o transtorno desafiador opositivo é muito mais do que aquela “birra” ou desafio típico de uma criança, que seria, por exemplo quando a criança deseja um sorvete e não é atendida pela mãe.

Algumas investigações clínicas são importantes para um correto diagnóstico de crianças com transtorno desafiador opositivo, como a correta e cuidadosa avaliação comportamental infantil, realizada pelo médico psiquiatra especialista na infância e adolescência. A boa notícia é que quase 70% das crianças com o diagnóstico de transtorno desafiador opositivo deixarão de apresentar os sintomas nos anos seguintes, desde que acompanhados terapeuticamente. Porém, se não houver acompanhamento, os sintomas podem se perpetuar e serem intensificados ao longo da vida.




Gustavo Teixeira
Autor do Livro O reizinho da casa – Entendendo o mundo das crianças opositivas, desafiadoras e desobedientes (Editora Rubio)
Médico psiquiatra da infância e adolescência
Membro da American Academy of Child and Adolescent Psychiatry
 
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