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Comissões nos créditos disparam

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RoterTeufel

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Juros: Bancos chegam a cobrar 600 euros para iniciar processo de crédito
Comissões nos créditos disparam


Os juros estão em valores historicamente baixos, mas nem por isso as comissões cobradas pela Banca nos empréstimos à habitação e ao consumo tendem a diminuir. Aliás, a tendência tem sido exactamente a oposta.

As chamadas comissões de abertura de dossiê, elemento prévio à análise de concessão do crédito, registaram aumentos que chegam aos 72% em cinco anos nos empréstimos ao consumo.

Segundo as contas da Deco, "em Setembro de 2009, para empréstimos de 2550, cinco mil e dez mil euros, a média das comissões cobradas era de 86,60 €, 97,73 € e157,56 €". Isto, quando em 2004, para os mesmos empréstimos, as comissões eram de 58,96 €, 65,37 € e 91,37 €, o que se traduz em "aumentos de 45%, 50% e 72%".

O mesmo se tem vindo a sentir nos novos contratos do crédito à habitação. O último estudo da Deco neste tipo de empréstimo data de 2008 e revela aumentos de 39,4% nas comissões de abertura e avaliação face a 2006. Uma tendência que continua. "Desde então, houve aumentos generalizados", garante Vinay Pranjivan, economista da Deco que salienta que pouco se pode fazer contra estas subidas, dado que "é o preçário". A única opção é "procurar a solução mais barata, comparando preços entre os bancos". Há bancos que chegam a cobrar 600 euros só para iniciar o processo. E, se a comissão de processamento mensal de alguns bancos parece baixa, normalmente perto dos 1,18 euros, num empréstimo a trinta anos são mais 425 euros a pagar.

O economista garante ainda que os preços cobrados em Portugal não têm comparação com os do resto da União Europeia. Para Leonor Coutinho, da Associação de Consumidores e Utilizadores de Produtos e Serviços Financeiros (SEFIN), "novas comissões estão sempre a aparecer" (ver entrevista).

E se a Euribor tem vindo a descer, o mesmo não se pode dizer da TAEG (Taxa Anual Efectiva Global). A Deco estima que, para um cliente com um crédito ao consumo no valor de cinco mil euros a pagar em 24 meses, a média de mercado subiu 2% entre 2004 e 2009. "Mais: destes 2%, a quase totalidade resulta do aumento das comissões, pois os juros representam apenas 0,2%."

O cenário piora ainda mais, já que a tendência da Banca será a de antecipar a subida dos juros de referência. O aumento da Euribor está apenas previsto para a segunda metade do ano, mas há bancos que estão já a reflectir essa subida nos clientes.

EMPRÉSTIMOS SUBIRAM 3%

Apesar da crise e do aperto nos critérios de concessão de novos empréstimos à habitação, a Banca nacional aumentou ligeiramente o número de créditos cedidos às famílias para a compra de casa.

Segundo o boletim estatístico do Banco de Portugal, em Outubro o valor cedido em empréstimos à habitação totalizava os 108,088 mil milhões de euros. No mesmo mês de 2008 esse valor não ia além dos 104,804. Face ao período homólogo foram, por isso, emprestados mais 3,2 mil milhões, o equivalente a uma subida de 3%.

JUROS CAEM PARA MENOS DE METADE

O ano de 2009 foi de forte queda no valor da Euribor a seis meses, o principal indexante dos contratos à habitação. Se em Janeiro os juros neste prazo se situavam em 2,539 pontos, em Dezembro, o valor tinha já caído para os 0,996, menos 1,543 pontos. Na prática, os juros a seis meses caíram 61%, ou seja, para menos de metade. No prazo a três meses, a descida foi mais acentuada: de 2,457 pontos em Janeiro para 0,712 em Dezembro, o equivalente a uma queda de 71% em 12 meses.

DISCURSO DIRECTO

"COMISSÕES QUE NÃO FAZEM SENTIDO": Leonor Coutinho, Membro da SEFIN

Correio da Manhã – Justifica-se um aumento de 72% no valor das comissões no crédito pessoal?

Leonor Coutinho – Globalmente as comissões cobradas pelos bancos têm subido bastante acima da inflação, provavelmente ainda mais do que refere. Não se justifica muitos dos preços cobrados ou mesmo várias das comissões que existem no mercado, as quais não fazem sentido.

– O que pode o cliente fazer?

– O poder negocial do utente é baixíssimo. Mesmo assim, desde 2008 que há uma melhoria nesse campo, dada a supervisão do Banco de Portugal que exigiu mais transparência nas comissões. Antes os clientes eram abusados porque nem um aviso prévio era dado antes de cobrar uma nova taxa. Dito isto, é um mercado livre onde há uma concertação de preços.

– Acredita numa subida da taxa Euribor a médio prazo?

– Nem os especialistas que garantiam isso há dois meses estão hoje tão confiantes nisso.

'FUGA' DE 173 MILHÕES POR MÊS DOS DEPÓSITOS

Os portugueses tiraram dos bancos 173 milhões de euros por mês entre Janeiro e Outubro. São quase dois mil milhões de euros que a Banca perdeu em depósitos em apenas dez meses, o que traduz uma quebra significativa na poupança das famílias portugueses.

Os depósitos a prazo a mais de dois anos são os que registam a maior quebra em atrair as poupanças dos portugueses, afectados pela crise financeira. No total, segundo os números do Banco de Portugal, os portugueses tinham depositados nos bancos em Outubro de 2009 cerca de 114 mil milhões de euros, menos 1739 milhões de euros do que em Janeiro do mesmo ano. Isto apesar de as prestações do crédito à habitação, arrastadas pela queda dos juros, terem descido várias centenas de euros nos últimos meses. Na prática, a folga dada pelos encargos com a habitação acabou por não contemplar a aposta na poupança.

Em Espanha, o comportamento das famílias perante a crise e a descida dos juros foi diametralmente oposta. A taxa de poupança situou-se em 14,1%, mais 4,6% no terceiro trimestre do ano passado.

SAIBA MAIS

TAXA DE REFERÊNCIA

A Euribor é a taxa de referência do mercado monetário, servindo de indexante às diferentes operações bancárias. A taxa tem diferentes valores em relação ao prazo a que se reporta. O cálculo da Euribor é feito diariamente.

55 897

mil euros era o capital médio em dívida no total dos créditos à habitação em vigor no mês de Novembro, mais 96 euros do que no mês anterior, segundo dados do INE. No regime geral, o valor ascendia a 63 823 euros.

256

euros era o valor médio da prestação vencida dos créditos à habitação em vigor em Novembro, mostram os número do INE. Desde o início do ano este valor da prestação atingiu uma redução de 113 euros, ou seja, menos 30,7% do que o valor de Dezembro de 2008.

COMO É APLICADA

O valor da taxa Euribor a aplicar aos contratos de crédito, quando é feita a sua respectiva fixação ou revisão, deve resultar da média aritmética simples das cotações diárias do mês anterior ao período de contagem dos juros.

CERTIFICADOS DE AFORRO CAEM

Nos certificados de aforro, com a série C a oferecer juros historicamente baixos, são cada vez menos os que investem a sua poupança nestes títulos. Em Dezembro a taxa da série C, fixou-se nos 0,858 por cento. Entre Janeiro e Novembro do ano passado foram subscritos 795 milhões de euros neste instrumento de poupança contra os 1071 milhões de euros resgatados. O saldo negativo é de 2 76 milhões de euros segundo o último boletim do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público.

Quem subscrever o produto em Janeiro terá associada uma taxa de juro bruta de 0,854%, o valor mais baixo desde que a série foi criada há quase dois anos. Isto significa que, em termos líquidos, o retorno não irá além de 0,683%.

Para Leonor Coutinho, ex-deputada do PS e membro da Sefin, esta fuga dos certificados de aforro tem um duplo efeito: prejudica o Estado que "fragiliza assim uma fonte de financiamento", e os próprios aforradores cujo investimento tem cada vez menos retorno.

MUDANÇAS NOS JUROS NO VERÃO

Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE) já anunciou que a autoridade monetária não tem um plano imediato para subir os juros, que estão actualmente em 1%. A subida da taxa de referência só deverá ter lugar no Verão.

TAXAS DE JURO IMPLÍCITAS CAEM

Olhando para os contratos dos últimos três meses, o INE concluiu em Novembro que os juros implícitos no crédito à habitação caíram em todos os destinos: na compra de terreno para construção, na construção de casa e na aquisição de habitação.

BONIFICADO COM PENALIZAÇÃO

A comparticipação do Estado nos créditos bonificados foi revista em baixa, pelo que a taxa de referência que será aplicada entre Fevereiro e Junho será de 1,498%. Quase meio milhão de famílias será penalizado pela subida da prestação.


Fonte Correio da Manhã
 
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