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Oniomania - A compulsão por compras

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Quando a compulsão por comprar se apresenta de forma imponente, torna-se uma doença psicológica chamada Oniomania. O transtorno, caracterizado pelo descontrole dos impulsos, atinge cerca de 3% da população. Os portadores da Oniomania, também conhecidos como shopaholics ou consumidores compulsivos, frequentemente não conseguem resistir à tentação de comprar. Chegam a não pagar contas essenciais para gastar com supérfluos. A gratificação e a satisfação obtidas através da compra não os permitem avaliar a possibilidade de futuros prejuízos.

Entre os comportamentos mais comuns dos shopaholics estão esconder as compras da família ou do parceiro; mentir sobre a quantidade verdadeira de dinheiro gasto em compras; gastar em resposta a sentimentos negativos como depressão ou tédio; sentir euforia ou ansiedade durante a realização das compras; culpa, vergonha ou auto-depreciação como resultado das compras; dedicar-se muito tempo a fazer “malabarismos” com as contas ou com as dívidas para compensar os gastos; além de uma atracção incontrolável por cartões de créditos e cheques especiais.

Uma pessoa só é considerada um consumidor compulsivo se é incapaz de controlar o desejo de comprar e quando os gastos frequentes e excessivos interferem de modo importante em vários aspectos de sua vida. Antes de cometer o acto do qual não tem controle, é comum que o consumidor compulsivo apresente ansiedade e/ou excitação. Já durante a execução do acto, experimenta sensações de prazer e gratificação.

E quando, por algum motivo, são impedidos de comprar, os pacientes costumam relatar sensações como angústia, frustração e irritabilidade. A maioria apresenta culpa, vergonha ou algum tipo de remorso ao término do acto. As compras compulsivas podem levar a sérios problemas psicológicos, ocupacionais, financeiros e familiares que incluem a depressão, enormes dívidas e graves problemas nas relações amorosas. Vários estudos revelaram que a idade e a situação económica são os principais factores de risco para o desenvolvimento desse transtorno. Os investigadores descobriram uma percentagem mais elevada em jovens que ganham menos em relação aos indivíduos mais velhos e em melhor situação económica.

O comprador compulsivo consome pelo prazer de consumir e não pela real necessidade do objecto, e compra mais produtos relacionados à aparência como roupas da moda, sapatos, jóias e relógios. O descontrole é sem limites. Podemos traçar um paralelo entre as compulsões por compras e as dependências químicas. Em ambas, há perda de controle e o paciente expõe-se a situações prejudiciais para si e também para os outros. Assim como em alguns casos os dependentes químicos roubam para financiar os seus vícios, o compulsivo também pode recorrer a meios ilegais para continuar a comprar.

Compras compulsivas podem ser encontradas com muita frequência na fase maníaca do transtorno bipolar de humor, de exaltação do humor, quando existem sentimentos intensos de alegria e optimismo, associados à falta de capacidade para julgar com clareza as consequências dos actos cometidos; e também podem ser encontradas em portadores do transtorno obsessivo compulsivo (TOC), principalmente em pacientes com compulsões de coleccionismo.

Embora a compulsão por compras possa estar relacionada a outros transtornos, alguns factores presentes no dia a dia são facilitadores da compra descontrolada. Produtos à venda pela internet, canais de venda na televisão ou grandes promoções para acabar com o stoque são um grande perigo.

Infelizmente, a maioria dos shopaholics só costuma procurar ajuda quando as dívidas estão grandes e os gastos exagerados já acarretam problemas familiares, nos relacionamentos, em situações legais, ou até quando dão origem a episódios depressivos de intensidade importante. Em alguns casos, os portadores do transtorno só chegam ao consultório trazidos por familiares, amigos ou pelo companheiro. Quanto à origem do transtorno, acredita-se que haja algum déficit do neurotransmissor de serotonina, que reconhecidamente proporciona menor ocorrência de impulsividade. Desta forma, o tratamento pode envolver medicamentos como antidepressivos ou agentes estabilizadores do humor, e psicoterapia cognitivo-comportamental.

Dependendo do caso, duas outras medidas também devem ser levadas em consideração: frequentar grupos de autoajuda, como os devedores anónimos (DA) e nomear algum conselheiro financeiro, que possa orientar o paciente sobre as suas movimentações financeiras. Quando esse último procedimento ocorre, o paciente continua com a responsabilidade de pagar as suas contas, porém, não tem acesso a cartões de crédito e a cheques. É lhe dado apenas, semanalmente, uma quantia previamente combinada à qual se deve adequar. Além disso, as contas são acompanhadas por meio do fornecimento de recibos ao conselheiro financeiro. Esta é uma das formas de tentar combater a possibilidade de episódios de compulsão por compras. Conforme o indivíduo obtém progressos, ele retoma paulatinamente o pleno controle sobre suas finanças.

Fonte:: Leonardo Gama Filho, Psiquiatra especialista
 
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