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“Amputámos pé a menino”

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Sismo: Quatro estudantes portugueses de Medicina ajudam sobreviventes
“Amputámos pé a menino”


"Tudo nos impressionou, especialmente porque os feridos nunca tinham recebido tratamento desde o sismo." É assim que Marta Saraiva, estudante portuguesa de Medicina na República Dominicana, descreve o cenário que encontrou no hospital de campanha de Jimani, na fronteira daquele país com o Haiti, onde está a prestar auxílio aos sobreviventes do violento sismo que matou entre 40 a 100 mil pessoas.

Marta partiu anteontem da capital dominicana, Santo Domingo, com três colegas portugueses e professores da Faculdade de Medicina. A equipa de profissionais de saúde, num total de dez, foi a primeira a chegar àquela zona.

'Eram casos complicados, com feridas que precisavam de cuidados diários', explica Marta. O hospital de campanha, diz, é muito improvisado. Aproveitou-se as instalações de dois edifícios, entre eles um colégio, para se fazer as cirurgias e as observações pós-operatórias. A maior parte do pouco material que têm foi doada por outros países. Mas a ajuda internacional ainda não parou. 'Estava previsto chegarem hoje [ontem] dez toneladas de medicamentos e equipamento médico vindos de Miami, nos EUA', conta.

A equipa foi reforçada anteontem com a chegada de 200 estudantes e médicos porto-riquenhos. O hospital recebe ainda doentes de outros locais, que têm falta de condições. 'Não sei se falhou a água ou a luz, mas eles vieram para aqui. E nós fazemos o melhor possível', diz Marta. Há feridos de todas as idades que chegam a Jimani em carrinhas de caixa aberta. 'Cheguei agora de uma cirurgia de um menino de dois meses. Mas o que mais me impressionou foi um rapaz de quatro anos a quem tivemos que amputar o pé', recorda.

A missão dos estudantes portugueses acaba amanhã. Contudo, Marta Saraiva, João Rocha, Mara Rocha e António Pinheiro, naturais de Rubiães (Paredes de Coura), Mogadouro (Bragança) e Santo Tirso, admitem ficar o tempo que for necessário.

A família de Marta aplaude. 'Eles ofereceram-se logo para ir para o Haiti. Estão lá com o apoio da faculdade e da ONU', explica o pai, David Saraiva, orgulhoso. O grupo lamenta ainda a falta de enfermeiros, numa altura em que o essencial é prestar cuidados básicos aos sobreviventes.

ORAÇÃO NAS RUÍNAS DA CATEDRAL

O primeiro domingo desde a tragédia que arrasou Port-au-Prince ficou ontem marcado por uma emocionada celebração no interior das ruínas da catedral. Dada a falta dos sinos, a chamada para a oração foi feita com tambores. 'Porque razão damos graças a Deus? Porque estamos aqui', disse o reverendo Eric Toussaint, durante a homilia, perante uma multidão de sobreviventes visivelmente comovidos. Enquanto as orações decorriam, um cadáver em putrefacção jazia perto da entrada. Nas ruas a revolta e o desespero avolumam-se. A ajuda que chega ao aeroporto tarda em ser distribuída. O secretário-geral da ONU, que ontem chegou à capital haitiana, considerou a tragédia 'uma das mais graves crises humanitárias das últimas décadas'.

TRÊS VIVOS EM SUPERMERCADO

Três pessoas, entre elas uma menina de sete anos, foram ontem retiradas com vida das ruínas de um supermercado. A menina e os outros sobreviventes, um homem de 34 anos e uma mulher de 50, sofreram apenas ferimentos ligeiros.

IDOSOS EM LAR À ESPERA DA MORTE

Os 85 residentes que sobreviveram à derrocada do lar municipalde terceira idade esperam a morte. Sem apoio, água ou comida, muitos jazem nos destroços. Um, paralisado, tem uma fralda suja de que os ratos se aproximam com ousadia.

APONTAMENTOS

'PRESIDENTE PARA A RUA'

O presidente do Haiti, René Preval, reuniu ao ar livre como governo. É criticado por não ter feito ainda uma comunicação ao país e nas ruas já se grita: 'Presidente para a rua.'

VIVAS 97 HORAS DEPOIS

Duas mulheres foram resgatadas ontem, uma delas nas ruínas da universidade e outra nos restos do Hotel Montana.

BISPO DO PORTO AJUDA

O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, enviou 25 mil euros para a conta da Cáritas Portuguesa de ajuda ao Haiti.

MISSÃO PORTUGUESA A POSTOS

O C130 da Força Aérea que transporta a equipa de ajuda humanitária portuguesa tinha hora de chegada prevista ao Haiti para a meia-noite de ontem. A equipa de trinta elementos procurará, antes de mais, criar condições de segurança para trabalhar, procedendo depois à montagem de um campo para alojamento de emergência dotado de equipamento de apoio médico. O coordenador da missão alertou para os riscos e dificuldades e pediu 'humildade'.

NOTAS

VÍTIMAS: 40 A 100 MIL MORTOS

A OMS estima que o sismo tenha feito entre 40a 50 mil mortos, mas outras organizações humanitárias apontam para pelo menos 100 mil. Dos escombros foram já retirados 70 sobreviventes

APOIO: DISTRIBUIÇÃO DE AJUDA

O governo haitiano estabeleceu 14 pontosde distribuição de víveres na capital, enquanto grupos humanitários definiram cinco centros de assistência médica de emergência

ARGENTINA: SISMO DE 6,3

Um sismo de magnitude 6,3 sacudiu ontem uma região ao largo da costa Sul da Argentina. O epicentro localizou-se 354 km a sudeste de Ushuaia. Não havia registo de vítimas ou danos


Fonte Correio da Manhã
 
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