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O faraó Tutankamon terá morrido de malária cerebral

ecks1978

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Tutankamon, o “faraó menino”, que morreu com 19 anos, há 3344 anos, e cujo túmulo nos fascina desde que foi descoberto, em 1922, era frágil e sofria de muitas maleitas, mas terá sido a malária cerebral que o matou. Mas sofria também de doenças degenerativas dos ossos, concluíram os cientistas que analisaram a sua múmia com as mais modernas técnicas de análise genéticas.

Testes de ADN à múmia revelaram a presença do parasita Plasmodium falciparum, que causa a malária — o que não é surpreendente num local como o Vale do Nilo, que sofre inundações periódicas. E análises a 11 outras múmias, com técnicas semelhantes às que permitem estabelecer as relações de parentesco, levaram os cientistas a estabelecer relações familiares ao longo de cinco gerações da linhagem de Tut, entre as quais o seu pai, a sua mãe e avó.

A investigação, publicada na revista científica Journal of the American Medical Association, foi dirigida por Zahi Hawass, o responsável do Conselho Supremo de Antiguidades Egípcias, com cientistas do Egipto, Alemanha e Itália.

Tutankamon apresenta indícios de sofrer de doença de Koheler do tipo II, que afecta os ossos e não lhe teria causado a morte. Mas sofria também de necrose avascular, que resulta da perda da provisão de sangue aos ossos: sem ele, os ossos morrem.
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ecks1978

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Tutankhamon: um faraó frágil que não era filho de Nefertiti

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Um dos mistérios ficou resolvido ontem: o pai de Tutankhamon, o mais mediático de todos os faraós do antigo Egipto, foi Akhenaton, seu antecessor no trono, conhecido como o “faraó herege”. Mas há outro que perdura: quem terá sido a mãe do rei Tut? A única coisa que os investigadores que durante um ano e meio estudaram o ADN de onze múmias egípcias concluíram foi que a célebre rainha Nefertiti, mulher de Akhenaton, não pode ter sido a mãe do jovem faraó.

Os resultados das análises genéticas foram publicados na terça-feira no Journal of the American Medical Association e anunciados ontem numa conferência de imprensa no Museu Egípcio, no Cairo, por Zahi Hawass, secretário-geral do Conselho Supremo das Antiguidades egípcias.

Uma das principais conclusões foi a de que Tutankhamon sofria de osteonecrose, uma doença que priva os ossos de circulação sanguínea, e que era, provavelmente, bastante dolorosa. No entanto, a causa da morte, aos 19 anos, terá sido o malária (foi encontrado na múmia o parasita Plasmodium falciparum, que causa o paludismo). Além disso, o faraó tinha um pé torto, o que explicaria a grande quantidade de bengalas encontradas no seu túmulo, e tinha uma grave fractura numa das pernas. Fica assim afastada a hipótese, admitida por alguns investigadores, de ter sido assassinado na sequência de uma intriga palaciana.

Havia grande expectativa quanto aos resultados dos testes de ADN feitos à múmia do jovem faraó e de outras, incluindo dois fetos encontrados que se supunha serem filhas de Tutankhamon e da sua mulher Ankhesenamon.

Hawass fez o que faz habitualmente: transformou o anúncio dos resultados num acontecimento, considerando-os a revelação mais excitante desde que em 1922 o arqueólogo britânico Howard Carter encontrou o túmulo de Tutankhamon, o melhor preservado de todos os túmulos egípcios. “Vamos saber quem era o rei Tut”, prometeu Hawass.

Uma das ambições dos peritos era saber quem foram os pais de Tutankhamon. Supunha-se, embora sem certezas até agora, que o pai era Akhenaton, o “herege” que instaurou o culto do deus Aton, numa tentativa (falhada) de estabelecer o culto a um deus único (ou pelo menos dominante, dado que a questão do monoteísmo neste período continua pouco clara).

A identidade da mãe do rei Tut tem sido outro mistério. Uma das teses mais aliciantes é a de que seria Nefertiti, a Grande Esposa Real de Akhenaton, célebre pela sua beleza – que conhecemos sobretudo pelo busto que se encontra no Neues Museum, em Berlim –, mas cuja múmia não foi até hoje encontrada, o que impede que sejam feitas comparações de ADN. Mas vários historiadores admitem que a mãe fosse outra mulher de Akhenaton, Kia.

O egiptólogo Luís Manuel de Araújo, do Instituto Oriental da Faculdade de Letras de Lisboa, explicara ao P2, ainda antes do anúncio das conclusões, que era pouco provável que Nefertiti fosse a mãe de Tutankhamon. “Se fosse ela, o jovem príncipe estaria representado nas imagens que bem conhecemos da família real, onde apenas figuram Akhenaton, Nefertiti e as seis filhas do casal. No caso de eles terem tido um filho, sem dúvida que ele figuraria com grande destaque nas imagens.”

A equipa liderada por Hawass considera agora provável que Tutankhamon seja filho de uma múmia não identificada conhecida apenas pelo código KV35YL e à qual chamam Jovem Dama. “Não sabemos o nome dela”, afirmou o arqueólogo egípcio, mas o mais importante é que ela é filha de Amenhotep III” e da mulher deste, a rainha Tiy, pais de Akhenaton. A confirmar-se esta hipótese, isso significaria que o jovem faraó foi fruto da união de dois irmãos, o que ajudaria a explicar a sua saúde débil.

Família complexa

Este tipo de incesto não era raro na época. Luís Manuel de Araújo lembra que hoje se acredita que “os dois jovens herdeiros de Akhenaton que vieram a reinar no Egipto entre cerca de 1335 e 1325, Tutankhamon e Ankhesenamon, seriam meios-irmãos: ele filho de Akhenaton e da dama Kia [hipótese não confirmada], ela filha de Akhenaton e de Nefertiti”. Esta consanguinidade poderia justificar os dois fetos encontrados no túmulo de Tutankhamon – os dois meios-irmãos não terão conseguido gerar descendência.

Esta complexa família viveu durante aquele que ficou conhecido como o período Amarna, na segunda metade da décima oitava dinastia egípcia. Amenhotep IV quis fazer uma ruptura total com o passado: instituiu o culto do deus-sol Aton, mudou o seu nome para Akhenaton e transferiu a residência real para Akhetaton (Horizonte de Aton), local hoje conhecido como Amarna.

A opção gerou grande polémica e depois da sua morte houve várias tentativas para apagar da história este período. Sabe-se que Tutankhamon, que terá subido ao trono com apenas nove anos e terá governado durante outros nove (restaurando a antiga religião politeísta e a antiga capital, Memphis), foi seu sucessor, embora possa ter havido entre os dois um breve período em que o Egipto foi governado por uma figura sobre a qual se sabe muito pouco: Smenkhkare.

Os exames feitos às múmias permitiram ainda acabar com a ideia de que tanto Akhenaton como Tutankhamon sofreriam de uma alteração genética que lhes daria características femininas, entre as quais seios e ancas largas com que são muitas vezes representados nas gravuras. Não foi encontrado nada que levasse a pensar que os dois faraós sofriam desse problema. Hawass conclui por isso que eram motivos religiosos que levavam a que fossem representados com traços femininos, como deuses que não eram nem homem nem mulher.

E se se tivesse concluído que Tutankhamon não era filho de Akhenaton, isso teria mudado alguma coisa? Nada de especial, acredita Luís Manuel de Araújo. Saber quem são os pais do faraó-menino é “uma questão que interessará à egiptologia, mas interessa sobretudo para satisfazer a curiosidade do grande público”.

Mas o egiptólogo não tem dúvidas de que essa “paixão que as pessoas sentem pelo Egipto deve ser respeitada, facultando resposta para estas e outras dúvidas porventura mais candentes”.
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