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O mais alto responsável climático da ONU pediu a demissão

ecks1978

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Yvo de Boer pediu hoje a demissão do cargo de secretário executivo da Convenção da ONU para as alterações climáticas, lugar que ocupa desde Setembro de 2006, revelaram as Nações Unidas.

De Boer permanecerá no cargo até 1 de Julho deste ano - ajudando as negociações preparatórias da cimeira climática da ONU no México, que reunirá, em Novembro, 193 Estados membros - e depois vai trabalhar na empresa de consultoria KPMG, enquanto conselheiro global para o clima e sustentabilidade, e em várias universidades.

A agência noticiosa AP avança que Yvo de Boer anunciou agora a sua decisão para que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon tenha tempo para encontrar o seu sucessor antes da cimeira no México.

“Trabalhar com os meus colegas no secretariado da convenção, apoiando as negociações sobre alterações climáticas, foi uma experiência tremenda”, comentou Yvo de Boer, em comunicado.

O responsável reconhece que o pedido de demissão “foi uma decisão difícil de tomar”. “Mas acredito que chegou o momento de abraçar um novo desafio, trabalhar o clima e sustentabilidade no sector privado e no sector académico”, explicou. Tanto mais que, disse, "as verdadeiras soluções devem vir das empresas"; aos Governos cabe fornecer as políticas de enquadramento necessárias.

Segundo a BBC online, Yvo de Boer garantiu que a sua decisão nada teve a ver com o fracasso da cimeira de Copenhaga (de 7 a 18 de Dezembro de 2009) em chegar a um acordo global que substitua o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Na realidade, o alto responsável disse ter começado a procurar emprego no final do ano passado, antes da cimeira.

A cimeira de "Copenhaga não nos deu um acordo claro em termos legais. Mas o compromisso político e a sensibilidade para caminharmos na direcção de um mundo com baixas emissões são esmagadoras. Isto exige novas parcerias com o sector empresarial e agora tenho a hipótese de ajudar a que isto aconteça", justificou.

Yvo de Boer lembrou que "os países responsáveis por 80 por cento das emissões de dióxido de carbono relacionadas com a energia submeteram planos nacionais e metas para responder às alterações climáticas. Isto sublinha o seu compromisso" para conseguirem um bom resultado na próxima cimeira, no México.

Uma saída "muito inconveniente"

Francisco Ferreira, da direcção da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza e presença já habitual nas cimeiras climáticas da ONU, considera que esta é uma saída "muito inconveniente" e feita "na pior altura". "É necessário rentabilizar o novo fôlego para a cimeira do México, trabalhar para tornar o acordo de Copenhaga vinculativo e para conseguir metas [de redução de emissões] mais ambiciosas", salientou o dirigente ambientalista ao PÚBLICO, garantindo que "não foi por causa de Yvo de Boer que Copenhaga falhou".

Yvo de Boer "tem sido a pessoa-chave, o pivô das negociações", considera Francisco Ferreira, que salienta a "enorme paciência para ouvir todas as partes, desde a sociedade civil aos diferentes países e ter sabido ponderar tudo isso". "Acho que nisso, ele foi muito bem sucedido", ainda que o seu mandato tenha registado "alguns erros pontuais", nomeadamente na cimeira de Copenhaga, na qual cerca de "20 mil representantes da sociedade civil ficaram de fora".

Francisco Ferreira antevê que escolher um sucessor será uma missão difícil. "De momento não vejo ninguém com um perfil próximo para o substituir, nem se ouvem nomes nos corredores. Não vai ser fácil chegar a um consenso".

Antes de assumir o cargo de mais alto responsável da ONU para o Clima, Yvo de Boer esteve profundamente ligado à política de Ambiente da União Europeia, enquanto sub-director geral do Ministério do Ambiente holandês. Foi nessa altura que participou na elaboração da posição europeia nas negociações no âmbito do Protocolo de Quioto. De Boer também ocupou o cargo de vice presidente da Comissão da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, de conselheiro para o Governo da China e Banco Mundial.

Actualmente, a Convenção da ONU para as Alterações Climáticas tem 194 Estados membros e deu origem ao Protocolo de Quioto, assinado em 1997.
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