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Centenas de grous estão a abandonar campos do Alentejo após espantamentos ilegais

ecks1978

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Out 29, 2007
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Serão cerca de mil os grous que procuram a Albufeira do Caia, Alentejo, para passar o Inverno. Mas este ano as aves estão a ser espantadas, ilegalmente, por tiros de caçadeira disparados durante a noite por agricultores descontentes, denuncia a Spea.

Todos os anos, cerca de 200 mil grous (Grus grus), espécie protegida, percorrem mais de cinco mil quilómetros da Escandinávia e Rússia para, entre Novembro e Fevereiro, passar o Inverno na Península Ibérica. Em Portugal não serão mais de 3500 e escolheram apenas quatro locais. Um deles é a Albufeira do Caia, nos municípios de Elvas, Campo Maior e Arronches.

Segundo Domingos Leitão, coordenador do Programa de Conservação Terrestre da Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), estes espantamentos ilegais já são praticados há mais anos. “Mas nunca com esta frequência. Este ano a situação é mais grave” e atingiu um “ponto crítico, verdadeiramente inaceitável”.

Segundo a Spea, neste Inverno os dormitórios na Albufeira do Caia “foram continuamente perturbados com tiros de caçadeira” para o ar, durante a noite, “levando ao desaparecimento dos grous no final do mês de Dezembro”.

Há proprietários que se queixam de prejuízos nas searas de trigo e na colheita de bolota de azinho.

Domingos Leitão diz que não há forma de saber para onde foram estas aves, mas sublinha que elas seleccionaram aquele local “porque este reunia as condições necessárias”. Esta é uma zona “relativamente plana, com cereal de sequeiro e montado de azinho não muito denso”. Agora, os grous “podem estar a pernoitar em locais menos favoráveis, com predadores ou maior perturbação”, explicou ao PÚBLICO.

A Spea apela, então, aos agricultores para não espantarem as aves e recorda que este tipo de acção “tem que ser devidamente autorizado pelo ICNB [Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade] e apenas depois de esgotadas todas as alternativas de protecção dos cultivos e das aves”.

Os agricultores podem fazer pequenos ajustes das suas práticas, de forma a evitar conflitos com os grous, nomeadamente não lavrar e não queimar os restolhos de cereal, antecipar a data da sementeira e usar variedades de ciclo longo. Nos casos em que estas medidas não resultem, o agricultor deve contactar o ICNB para que a sua situação seja avaliada.

“É inacreditável que no Alentejo ocorram espantamentos de grous, quando deveríamos celebrar o espectáculo que estes visitantes alados nos proporcionam”, como acontece já na vizinha Extremadura espanhola. “No Alentejo faz muita falta a promoção turística das aves e da natureza, para que sejam vistas como uma oportunidade de desenvolvimento local e uma atracção turística, em que o Alentejo pode ser líder”.
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