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Nações Unidas vão avaliar actividade do IPCC

ecks1978

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Out 29, 2007
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As Nações Unidas vão nomear um grupo independente de cientistas para avaliar a actividade do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), o grande grupo de cientistas que recolhe e analisa o que se investiga sobre o aquecimento e as alterações climáticas, e que tem sido acusado de estar a fazer um trabalho descuidado.

Este será apenas um dos aspectos de uma avaliação mais vasta do IPCC que deverá ser anunciada na semana que vem, anunciou Nick Nuttall, porta-voz do Programa para o Ambiente das Nações Unidas, citado pela agência Reuters.

O grupo “será constituído por figuras seniores. Não posso dizer hoje quem serão. Mas deverá produzir uma revisão da actividade do IPCC, produzir um relatório talvez até Agosto, pois há um plenário do IPCC na Coreia do Sul em Outubro, onde o relatório deve ser submetido para aprovação”, disse Nuttal, em Bali, onde está a decorrer uma conferência de ministros do Ambiente sob a égide da ONU.

O IPCC tem estado sob fogo cerrado pelo menos desde o mês passado, quando admitiu que no seu relatório de 2007, na parte relativa à Ásia, havia um erro gritante: uma previsão de que os glaciares dos Himalaias poderiam desaparecer em 2035 – quando a data certa deveria ter sido 2350. A fonte citada para essa informação eram apenas declarações de um cientista indiano a uma revista de divulgação científica britânica, a “New Scientist”, e não um estudo científico publicado e com revisão por outros cientistas.

Estes e outros erros menores descobertos no relatório de 2007 surgem no contexto de uma série de e-mails que foram surripiados dos servidores da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, que revelam anos de troca de correspondência entre investigadores da área do clima, algumas relativas a casos significativos da história da afirmação da realidade da importância da acção humana no aquecimento global, através das emissões de gases com efeito de estufa.

Todas estas polémicas fizeram danos sérios tanto à imagem do IPCC – que em 2007 partilhou o Nobel da Paz com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore – como à dos cientistas que fazem investigação sobre o clima. E até a própria credibilidade das alterações climáticas foi afectada: uma sondagem da empresa Ipsos Mori divulgada esta semana no Reino Unido, e citada pelo jornal “The Guardian”, mostra que durante o último ano, desceu de 44 para 31 por cento a proporção de adultos britânicos que considera ser “definitivamente” uma realidade que o clima está a sofrer modificações.

Criado em 1988, o IPCC não faz investigação própria. A sua função é recolher a ciência que os investigadores fazem, com um olho crítico, e produzir relatórios que representem um retrato do que se sabe, naquele momento, sobre o aquecimento do planeta e as alterações climáticas. Mas estes relatórios têm de representar o consenso científico – e submeter-se à aprovação dos políticos – por isso não são exactamente ciência de ponta nem arrojados, o que de mais avançado se faz e sabe naquele momento. São o consenso a que foi possível chegar naquela altura.

Essa procura do consenso, e talvez também um excesso de simplificação, como diz um artigo publicado hoje no “Wall Street Journal”, podem ter ajudado a tramar a credibilidade do IPCC. Ou a própria definição da missão deste organismo, no qual participam milhares de cientistas de todo o mundo, pode bem ter acabado por ter ficado algo baralhada, ao longo dos anos em que ciência e política se misturaram. Isso foi feito tanto pelos que pretendiam (e ainda pretendem) negar a relação da actividade humana, nomeadamente das emissões de dióxido de carbono, com as alterações climáticas, como pelos que pretendiam afirmar a todo o custo a realidade dessa ligação.publico
 
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