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Jerónimo de Sousa: "Manuel Alegre e Bloco excluíram o PCP"

Rotertinho

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Jerónimo de Sousa: "Manuel Alegre e Bloco excluíram o PCP"
Líder comunista avisa o ex-deputado que o seu partido não cede peranteum facto consumado. Candidatura presidencial será discutida em Junho


O PCP não abdica de apresentar candidato próprio a Belém. Nem põe de parte a possibilidade de vir a ser exigida a presença de José Sócrates na comissão de inquérito ao negócio PT/TVI. Garantias de Jerónimo de Sousa, que em entrevista ao JN tece fortes críticas ao PEC.


Nas eleições presidenciais, o PCP faz a opção, que aliás não é nova, de apresentar candidato próprio. Não corre o risco de pulverizar os votos da Esquerda e, eventualmente, favorecer a previsível candidatura de Cavaco Silva?

Nós adoptamos uma posição autónoma, porque o nosso combate é impedir que a Direita se aposse desse importante órgão de soberania. Se o candidato da Direita conseguir mais de 50% na primeira volta, é irrelevante existir mais uma ou mais dez candidaturas. Por outro lado, nenhum partido tem condições de mobilizar melhor o seu eleitorado do que o PCP. E tendo em conta até elementos novos, como a possibilidade de revisão da Constituição, cremos que foi uma decisão acertada, que potencia a participação dos eleitores.

É uma oportunidade para o PCP medir a sua força?

É indispensável participar, num quadro em que Constituição sofre novas ameaças. Ninguém mais do que PCP pode travar essa batalha. Quando se fala em pulverização, está com certeza a pensar-se nas candidaturas de Manuel Alegre e de Fernando Nobre.

Após a última reunião do Comité Central, disse algo semelhante a Manuel Alegre: que nunca faltaram à Esquerda os votos do PCP, quando foram necessários. Significa que pode haver uma desistência, como aconteceu consigo em 1996, a favor de Jorge Sampaio?

Tivemos sempre uma visão amplamente democrática dessa batalha, sem nenhuma posição sectária. Tanto nas situações em que fomos até ao fim como nas que referiu, animou-nos sempre o objectivo central de defesa da democracia. A forma de lá chegar tem de ser de afirmação própria.

Quando é anunciada a candidatura?

Será discutida numa reunião do Comité Central em Junho. O PCP apresentou sempre os seus candidatos entre Agosto e Novembro.

O facto de o BE se ter apressado a apoiar Alegre condicionou a posição do PCP? Nunca se pôs a hipótese de avaliar, pelo menos, a candidatura?

A pergunta permite um esclarecimento: a nossa posição não sofreu nenhuma influência desse posicionamento do BE. Em relação à convergência, lembro um momento, a iniciativa em que participaram Alegre, o BE e outros, que marcou um claro sentimento de exclusão do PCP. Se alguém foi sectário ou de ideias fechadas, não foi o PCP. Como diz o povo, "a casamentos e baptizados não vás sem seres convidado". Refiro-me aos encontros da Trindade.

Ao aludir ao facto de nunca faltarem os votos do PCP, Alegre espera uma espécie de "rendição"?

Ele tem essa ideia, mas conhece suficientemente bem o PCP para saber que a decisão depende sempre dos seus órgãos e dos militantes. Nunca acreditaria que é possível levar o PCP a uma cedência perante um facto consumado.

Ainda há tantas feridas por sarar em relação ao passado de Alegre?

Fazemos uma avaliação crítica do seu percurso. Esteve 35 anos no PS e, em muitos momentos, apoiou a política de Direita do partido. Não fazemos um ajuste de contas, mas uma avaliação objectiva. Em segundo lugar, há a questão da convergência. Em terceiro, o facto de entendermos que um candidato à Presidência deve assumir claramente o que faz no juramento, cumprir e fazer cumprir a Constituição, que hoje, por violação, omissão ou falta de efectivação, não está a ser respeitada pelo Governo do PS.

O PCP faz há anos a defesa da Constituição, sucessivamente revista no sentido contrário ao que defende. Não é uma contradição?

É a própria relação de forças que determina a alterações. Em revisões profundas, a Constituição ficou mais fragilizada; foi-lhe retirada estabilidade, para a adaptar à ofensiva que se verificou. Apesar disso, continua a comportar um projecto de democracia, justiça social, afirmação de soberania.

Não está agora em risco, com a convergência entre PSD e CDS para mudar a parte económica e até as referências ideológicas?

É um perigo real o posicionamento de Passos Coelho. Mas é um álibi, uma tentativa de fugir à questão central: com nova liderança, o PSD defende a mesma política. Alguém acredita que a preocupação dos portugueses seja rever a Constituição no sentido que deseja?



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