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Cavaco e Sócrates mantêm divergência

Rotertinho

GF Ouro
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Cavaco e Sócrates mantêm divergência

A nove meses das eleições presidenciais, as já tensas relações entre Belém e S. Bento voltaram a acentuar-se, por causa das grandes obras públicas. A guerra de palavras começou ainda antes do fim-de-semana e prolongou-se até ontem, com recados mútuos.

Para ajudar à confrontação de opiniões, os putativos candidatos a Belém também opinaram, com Manuel Alegre a criticar a ingerência de Cavaco na governação e Fernando Nobre a defender que, em tempo de crise, talvez se justifique adiar alguns projectos.

A querela eclodiu sexta-feira, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, com Sócrates a reiterar, no Parlamento, que não desiste do aeroporto em Alcochete nem do TGV - que, se for ao Parlamento, será viabilizado, com os votos do PS, PCP e BE.

De tarde, à margem de uma sessão com o seu homólogo moçambicano, Cavaco disse que talvez fosse melhor repensar o investimento que não faz aumentar as exportações: uma advertência ao chefe de Governo que, sábado em Beja, reafirmou que não se pode recuar, sob pena do mercado internacional acusar o Governo de desorientação.

Ontem, o chefe de Estado quis ter a última palavra, ao dizer que qualquer bom economista teria dito o mesmo e que falou devido à sua preocupação com o país.

Para José Manuel Leite Viegas, a quezília deve ser analisada nas vertentes constitucional e político-partidária - em que subsistem duas posições contrárias.

"A Constituição consagra que o presidente não deve dar orientações precisas de governação, mas deve pronunciar-se e ter uma palavra de intervenção estratégica sobre temas que afectem o país, embora se o fizer amiúde desvaloriza esses alertas", realça.

Para este docente do ISCTE, o presidente não especificou a que obras se referia e esteve "no limite", mas se as indicasse "entraria em terreno do Governo".

Leite Viegas realça, porém, que, se não fossem as recentes notícias das agências de rating, "o país, em geral, não tinha reparado no grave problema financeiro que o Governo tendeu a desvalorizar".

Este politólogo diz que falar em adiar projectos, em certos casos, traduz "uma certa leviandade pois há compromissos já assumidos", mas deve admitir-se um recuo, se se comprovar que - o aeroporto ou TGV - não são assim tão úteis.

Para Carlos Jalali, da Universidade de Aveiro, "num sistema semi-presidencial como o nosso é possível ter actores mandatados pelo povo com visões distintas".

A visão de Cavaco até "poderá ajudar a matizar a posição do Governo, mas por si só não é suficiente para a alterar". "Se este debate é benéfico depende da interpretação que, sobretudo, os mercados externos fizerem que são actores cruciais na definição do risco sistémico da nossa economia".


Jornal de Noticias
 
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