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Aleixo é o berço da criminalidade

Rotertinho

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Crime nas cidades: Os bairros do Porto
Aleixo é o berço da criminalidade

Quase todos os dias a PSP faz detenções por tráfico de droga no bairro do Aleixo, no Porto, mas o principal ponto de abastecimento dos toxicodependentes continua ser a torre 1 do Aleixo, de dia e de noite. Por mais detenções que sejam feitas, o tráfico nem sequer abranda. É um negócio familiar. Se uns estão presos, outros tomam conta do negócio e são cada vez mais novos os que fazem do tráfico de droga um modo de vida ou de morte.

Alguns dos traficantes moram no bairro, outros vão lá vender. Outros ainda apenas ali se dirigem para comprar, vender ou para consumir. Quase todos estão referenciados por tráfico e consumo de drogas. Muitos estão referenciados também por crimes de furto, roubo e assaltos violentos à mão armada.

O medo e o respeito à polícia é pouco. Os carros da PSP são frequentemente alvo de apedrejamentos e de ataques violentos. Das janelas das torres são lançados os mais diversos objectos aos agentes.

Os moradores vivem sob a ameaça de demolição da cinco torres, mas não querem sair de lá. Recusam trocar uma habitação aparentemente boa por outra que não seja paredes-meias com o mundo da droga e do crime. O tráfico de droga floresceu de tal forma no bairro do Aleixo que gerou violentas rivalidades entre famílias pelo domínio do negócio. As rixas entre moradores são frequentes e algumas acabam à facada ou a tiro.

Em Setembro de 2009, registou-se um tiroteio entre vizinhos rivais que fez um ferido. Em Outubro de 2007, um taxista foi assassinado à facada por um cliente que transportou do Aleixo até Gaia. Um mês antes, um homem morreu baleado na cabeça numa rixa junto à torre 1. Mesmo assim, os pedidos de transferência para outro bairro entregues na Câmara do Porto, ao longo dos últimos anos, são raros e apenas por motivos de falta de mobilidade nas torres, que têm 13 andares e nem sempre os elevadores funcionam. "E porque é que os elevadores não funcionam? Manda--se resolver o problema num dia e no outro já não funcionam outra vez. Nunca vi tantas avarias. Isto tem de ter uma explicação", dizem os autarcas do Porto. Para esta pergunta as autoridades têm uma explicação: os elevadores avariados facilitam o tráfico e dificultam as rusgas policiais.

DISCURSO DIRECTO

"O QUE FALTA É POLÍCIA DE PROXIMIDADE": Paulo Rodrigues, Dirigente da ASPP

Correio da Manhã – Há falta de efectivos da PSP na cidade do Porto?

Paulo Rodrigues – Falta sobretudo policiamento de proximidade, que tem o efeito de prevenção da pequena criminalidade. O problema é que não há efectivos suficientes para manter muitos polícias nestas funções.

– O bairro do Aleixo continua a ser o maior problema da cidade do Porto?

– Continua. Não mudou nada nos últimos anos. Por mais operações e detenções que se faça, de pouco adianta. Os suspeitos do costume vão a tribunal e regressam quase sempre a casa.

– A polícia continua a ser recebida à pedrada no Aleixo?

– Continua. É mais um problema que temos de enfrentar naquela zona da torre 1.

– Qual é o caminho para travar a criminalidade?

– A investigação criminal tem cada vez mais importância no combate ao crime. Permite ter os suspeitos e os locais referenciados e obter mais prova.

CIRCULAM ENTRE BAIRRO

Os bairros sociais do Porto são o grande foco da criminalidade que se expande para o resto da cidade. Do consumo e tráfico de droga depressa passam ao roubo violento para sustentar o vício. As imediações do bairro do Viso, em Ramalde, são caminhos perigosos. Há registo de vários ataques contra pessoas, sobretudo idosos ou muito jovens.

Nos últimos anos a zona do ‘corredor’ do bairro do Viso atrai muitos delinquentes e traficantes. Alguns passam alternadamente em outros bairros como Aldoar, Ramalde e Pinheiro Manso. "Circulam para não ficarem muito marcados pelas patrulhas da zona", explicou ao CM um responsável policial. "Muitos deles já cumpriram pena de cadeia ou têm cadastro por assaltos violentos a viaturas, estabelecimentos, residências ou bombas de gasolina", sublinhou.

Os toxicodependentes pouco ou nada têm a temer da polícia. Compram droga para consumir e as quantidades que possam ter em sua posse não chegam para ir para a cadeia. Os traficantes também não mostram medo. Têm o controlo da situação. Escondem a droga em locais onde a polícia não pode chegar. Na rua, não arriscam ter muito produto para não serem surpreendidos pelas autoridades.

"Já estive preso por assaltos, mas é por causa da droga. Agora estou a fazer outro tratamento", disse ao CM Alberto, de 36 anos, detido mais do que uma vez no Viso na posse de várias doses de heroína.

SAIBA MAIS

ARMAS BRANCAS

As facas continuam a ser as armas mais usadas no ataques violentos no Porto.

69306

De acordo com os dados oficiais, em 2009 registaram-se 69306 participações de crimes no distrito do Porto, notando-se uma ligeira descida.

6562

Em 2009 registaram-se 6562 queixas de violência doméstica no distrito do Porto, revelando uma outra faceta da criminalidade que muitas vezes acaba em mortes.

JOVENS

Os suspeitos e autores de crimes de roubo e furto são cada vez mais jovens. Muitos são menores e oriundos dos bairros problemáticos.

ROUBAM PARA CONSUMIR DROGA

Roubar para consumir drogas é um dos recursos dos toxicodependentes. Procuram zonas ou locais movimentados onde as pessoas possam estar distraídas ou acessíveis. Centros comerciais, transportes públicos e zonas de comércio tradicional no centro do Porto ou Boavista estão referenciados. Os pedintes e arrumadores de carros que existem pela cidade são potenciais carteiristas ou ladrões. A maioria são homens com idade entre os trinta e quarenta, que estão completamente dependentes da dose diária do estupefaciente. Num momento de ressaca, não olham a meios para obter dinheiro.

SÉ VOLTA AO GRANDE TRÁFICO

A zona da Sé, no coração do centro histórico da cidade do Porto, já teve dias mais tranquilos para oferecer aos turistas. Actualmente, as tortuosas ruelas permitem esconder os negócios obscuros.

O tráfico de droga está de novo visível. O movimento dos táxis com clientes para comprar droga é cada dia mais constante. Homens e mulheres encostados às paredes nas ruas sem acesso a carros não disfarçam a actividade e até promovem o produto. "Queres branca da boa", dizem em sussurro a quem sobe as ruas a pé.

Mais calma anda a ribeira do Porto. Após a prisão do gang da Ribeira, condenado pela morte do segurança Ilídio Correia, a zona adormeceu na noite. Onde antes da operação ‘Noite Branca’ havia frequentes tiroteios entre os grupos rivais, hoje reina a normalidade. De acordo com a polícia, a zona ribeirinha é hoje um dos locais da cidade onde o crime e as situações de violência diminuíram.


Correio da Manha
 
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