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Dois casamentos gay no primeiro dia

Rotertinho

GF Ouro
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Justiça: União entre pessoas do mesmo sexo é possível desde ontem
Dois casamentos gay no primeiro dia

O primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal foi oficializado ontem, às 09h42, na 7ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa. Helena Paixão, de 40 anos, e Teresa Pires, de 33 – que ali já tinham tentado casar em 2006 –, tornaram-se cônjuges durante uma cerimónia com ampla cobertura mediática. Mais discreto foi o enlace entre dois homens, pelas 15h00, na 4ª Conservatória do Registo Civil do Porto.

Informalmente vestidas, Helena e Teresa apresentaram-se na companhia das filhas, de 16 e 10 anos, fruto de relações anteriores. Mesmo sendo já mães, as duas mulheres defenderam, à saída da Conservatória, a 'luta pelos direitos de parentalidade e não só de adopção', referindo-se nomeadamente ao acesso de casais homossexuais a técnicas de reprodução medicamente assistida.

As duas mulheres foram casadas pela conservadora Cecília Rocha, cujas palavras – 'em face das vossas declarações de vontade e da Lei portuguesa declaro-vos unidas pelo casamento' – foram saudadas com palmas. Helena e Teresa, que tomaram o apelido uma da outra, abraçaram-se, trocaram um leve beijo e chamaram as filhas, Marisa e Beatriz, para a foto de família. Lídia, a mãe de Helena, e José, o padrasto, foram testemunhas. Por Teresa testemunharam o advogado Luís Rodrigues, que representou o casal há quatro anos, e a mulher deste.

'O casamento não traz nada de novo à relação, mas o papel tem um significado muito importante: agora somos uma família', disse Teresa, garantindo que Marisa e Beatriz estavam 'supercontentes, sabem o que passámos '.

Desempregadas e acusadas de dívidas em Paredes de Coura, onde viveram antes de se mudarem para Sousel, no Alentejo, as recém-casadas não partem em lua--de-mel. Paula Silva, filha de quem lhes emprestou a casa em Paredes de Coura, mantém a intenção de processá-las por dívidas e tentativa de agressão à mãe.

PORMENORES

SEM CO-ADOPÇÃO

'Em caso de morte, o cônjuge sobrevivente não tem responsabilidade pelos filhos do outro', lamentou Luís Rodrigues.

VESTIDA DE NOIVA

'Não há vestido de noiva porque o sonho era casar e não dar espectáculo', disse Teresa.

"CASAR NO PRIMEIRO DIA FOI ACTO SIMBÓLICO": António Serzedelo, Presidente da Opus Gay sobre os dois casamentos entre pessoas do mesmo sexo

Correio da Manhã – Ontem realizaram-se apenas dois casamentos de pessoas do mesmo sexo. Esperava que fossem mais?

António Serzedelo – O casamento no dia a partir do qual passou a ser possível tem um sentido simbólico. Mas as pessoas podem querer um casamento discreto, sem parangonas. Essa ideia de que iam criar-se filas à porta das conservatórias é fictícia e fantasiosa.

– Prevê então que nos próximos meses se sucedam os casamentos de pessoas do mesmo sexo?

– Sim, os próximos são ‘meses casadoiros’. Os primeiros a casar-se serão os que, pura e simplesmente, querem orientar a sua vida, que vivem juntos há muitos anos e querem resolver questões relacionadas com heranças, com bens... Também os portugueses que vivem em união de facto com estrangeiros vão casar-se nos primeiros meses, com o objectivo de evitar o risco de deportação dos companheiros. Isto para além dos casamentos românticos, como foi o da Teresa e da Helena.

– O António foi um dos convidados. O que sentiu quando a conservadora disse ao casal ‘declaro-vos unidas pelo casamento’?

– Senti que assistia a uma viragem ética e estética na sociedade portuguesa. Estética por causa da visibilidade do amor homossexual, que luta para triunfar, como acontece com os casais heterossexuais que precisam de anos para superar obstáculos como a distância ou a falta de dinheiro; e ética porque o casamento de pessoas do mesmo sexo representa o fim da ética caquéctica do século XIX.

– Pondera vir a casar-se?

– Eu?! Valha-me Deus! Nem pensar! Nunca! Mas acho muito bem que casem e eu lutei pelo direito ao casamento como lutaria pelo direito de voto, mesmo se no dia das eleições não votasse, ou contra o racismo, mesmo se sou branco e vivo em Portugal. Esta é uma luta pela cidadania.


Correio da Manha
 
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