Rotertinho
GF Ouro
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Festa: Alfama ganha Marchas Populares de Lisboa e soma 16 títulos
“Não tenham medo!”
Estava Alfama quase a chegar à tribuna do júri quando Mário Rocha, uma das almas do bairro, gritou bem alto: "Não tenham medo! Façam como no Pavilhão." Foi quanto bastou para dissipar uma pontinha de nervosismo. Com garra, a Marcha pisa a Avenida, encara o júri de frente e dá o tudo por tudo na prova de fogo. "Senti que faltava qualquer coisa, aquele grito saiu-me e mexeu com eles", conta Mário Rocha, 54 anos, lembrando com emoção a noite longa de 12 para 13 na avenida da Liberdade.
Foi preciso esperar até às 09h00 de ontem para Alfama explodir de alegria com mais uma vitória (a 16ª) nas Marchas de Lisboa. A festa encheu as ruelas do bairro e um pouco por todo o lado ouvia-se o grito de guerra. 'Ié, ié, ié, Alfama é que é!'
'A nossa Marcha é a coisa mais linda!', diz Maria Dias, 74 anos, debruçada na janela. Dolores Gonçalves, 67 anos, tece elogios à nova ensaiadora, Vanessa Rocha, que substituiu o histórico Carlos Mendonça. 'Passou no exame com distinção e nem foi preciso ir à prova oral!'
Emocionada e com poucas horas de sono, Vanessa não cabia em si de contente: 'Estou muito feliz. Havia bairros fortes e bons', relata, desvendando um segredo: 'Decidi fazer uma marcação [coreografia] diferente na avenida. Resultou em pleno.'
À medida que a tarde descia sobre o bairro, o largo do Centro Cultural Dr. Magalhães Lima, colectividade que organiza a Marcha, enchia-se de gente, vitoriando mais uma vez o seu bairro. Um pouco mais abaixo, Ana Catarina, de 13 anos, que mora no bairro mas desfilou pela Voz do Operário, marchava e cantava: 'Batam palmas, cantem alto, vai aqui um sobressalto, Alfama, Alfama, Alfama!' Com um sorriso tímido diz: 'Para o ano já tenho idade para me inscrever na Marcha de Alfama.'
A alegria de uns contrasta com a tristeza de outros. 'Tínhamos Marcha para ganhar. Foi uma injustiça', diz Rui Coito, de Marvila. 'Assim, não vale a pena; ganham sempre os mesmos', lamenta Nuno Lopes, do Beato. 'Estamos decepcionados', afirma ainda Domingos Estanislau, de Benfica.
DESCEU AVENIDA A CHORAR E CANTAR
Há quatro anos, Vanessa Rocha desceu a avenida da Liberdade como marchante, chorando e cantando. Duas horas antes, o pai, José Rocha, falecera. 'Foi a pior noite da minha vida. Mas marchei. Era o que ele mais queria. E a melhor homenagem foi termos alcançado a vitória', relata a agora ensaiadora de Alfama, que aos 33 anos carrega sobre os ombros a responsabilidade de suceder ao histórico Carlos Mendonça, com quem Alfama ganhou 12 títulos e a quem muitos chamam de ‘Mourinho’ das Marchas. O mestre tece elogios à sua antiga pupila: 'A Marcha está bem entregue', diz Carlos Mendonça, que desfilou como padrinho. 'Estamos contentes. Foi uma prova dura e difícil. Apostámos na continuidade e encontrámos o futuro de Alfama', sublinha João Ramos, responsável da Marcha.
Correio da Manha
“Não tenham medo!”
Estava Alfama quase a chegar à tribuna do júri quando Mário Rocha, uma das almas do bairro, gritou bem alto: "Não tenham medo! Façam como no Pavilhão." Foi quanto bastou para dissipar uma pontinha de nervosismo. Com garra, a Marcha pisa a Avenida, encara o júri de frente e dá o tudo por tudo na prova de fogo. "Senti que faltava qualquer coisa, aquele grito saiu-me e mexeu com eles", conta Mário Rocha, 54 anos, lembrando com emoção a noite longa de 12 para 13 na avenida da Liberdade.
Foi preciso esperar até às 09h00 de ontem para Alfama explodir de alegria com mais uma vitória (a 16ª) nas Marchas de Lisboa. A festa encheu as ruelas do bairro e um pouco por todo o lado ouvia-se o grito de guerra. 'Ié, ié, ié, Alfama é que é!'
'A nossa Marcha é a coisa mais linda!', diz Maria Dias, 74 anos, debruçada na janela. Dolores Gonçalves, 67 anos, tece elogios à nova ensaiadora, Vanessa Rocha, que substituiu o histórico Carlos Mendonça. 'Passou no exame com distinção e nem foi preciso ir à prova oral!'
Emocionada e com poucas horas de sono, Vanessa não cabia em si de contente: 'Estou muito feliz. Havia bairros fortes e bons', relata, desvendando um segredo: 'Decidi fazer uma marcação [coreografia] diferente na avenida. Resultou em pleno.'
À medida que a tarde descia sobre o bairro, o largo do Centro Cultural Dr. Magalhães Lima, colectividade que organiza a Marcha, enchia-se de gente, vitoriando mais uma vez o seu bairro. Um pouco mais abaixo, Ana Catarina, de 13 anos, que mora no bairro mas desfilou pela Voz do Operário, marchava e cantava: 'Batam palmas, cantem alto, vai aqui um sobressalto, Alfama, Alfama, Alfama!' Com um sorriso tímido diz: 'Para o ano já tenho idade para me inscrever na Marcha de Alfama.'
A alegria de uns contrasta com a tristeza de outros. 'Tínhamos Marcha para ganhar. Foi uma injustiça', diz Rui Coito, de Marvila. 'Assim, não vale a pena; ganham sempre os mesmos', lamenta Nuno Lopes, do Beato. 'Estamos decepcionados', afirma ainda Domingos Estanislau, de Benfica.
DESCEU AVENIDA A CHORAR E CANTAR
Há quatro anos, Vanessa Rocha desceu a avenida da Liberdade como marchante, chorando e cantando. Duas horas antes, o pai, José Rocha, falecera. 'Foi a pior noite da minha vida. Mas marchei. Era o que ele mais queria. E a melhor homenagem foi termos alcançado a vitória', relata a agora ensaiadora de Alfama, que aos 33 anos carrega sobre os ombros a responsabilidade de suceder ao histórico Carlos Mendonça, com quem Alfama ganhou 12 títulos e a quem muitos chamam de ‘Mourinho’ das Marchas. O mestre tece elogios à sua antiga pupila: 'A Marcha está bem entregue', diz Carlos Mendonça, que desfilou como padrinho. 'Estamos contentes. Foi uma prova dura e difícil. Apostámos na continuidade e encontrámos o futuro de Alfama', sublinha João Ramos, responsável da Marcha.
Correio da Manha