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“O autocarro não parava, pensei que ia morrer”

Rotertinho

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Porto: Choque entre duas viaturas da STCP provocou vinte e um feridos
“O autocarro não parava, pensei que ia morrer”

A carreira 702 seguia ontem ao início da tarde com cerca de 40 passageiros em direcção ao Bolhão, no Porto. Mas à entrada da rua de Costa Cabral, o autocarro da STCP (Sociedade de Transportes Colectivos do Porto) ficou sem travões e seguiu descontrolado.

A vertiginosa viagem de pouco mais de 100 metros terminou apenas quando o pesado de passageiros colidiu com a traseira de um outro autocarro, que se encontrava junto a uma paragem. Na sequência do acidente, dezassete mulheres e quatro homens ficaram feridos. Entre as vítimas estão seis adolescentes de 15 e 16 anos e dois idosos.

"Ao perder os travões, a viatura entrou em modo automático e começou a andar cada vez com mais velocidade. Ficámos todos em pânico, o autocarro não parava, pensei que ia morrer. As portas trancaram e não podíamos sair", contou ao CM Teresa Áurea, passageira.

O acidente aconteceu por volta das 13h30, altura em que o autocarro, que tinha partido da localidade de Travagem, Ermesinde, entrou na rua onde ocorreu o acidente. Durante vários metros, o motorista, António Augusto, de 57 anos, fez de tudo para evitar uma tragédia ainda maior. Ao aperceber-se de que os travões não funcionavam, o homem levantou-se e colocou os pés em cima do travão, tentando a todo o custo parar o veículo. "Ele fez de tudo para evitar que o autocarro batesse e tentou sempre parar. Infelizmente só conseguimos quando batemos", explicou Teresa.

Na sequência da colisão entre as duas viaturas, várias pessoas foram projectadas contra os vidros, incluindo o motorista, que ontem era o ferido que inspirava mais cuidados. Alguns passageiros do autocarro que estava junto à paragem sofreram também alguns ferimentos graves, devido a uma janela que se partiu. "O autocarro onde nós estávamos tinha parado para recolher passageiros. Quando o outro bateu, um vidro partiu-se e algumas pessoas ficaram com cortes na cara e no pescoço", explicou ao CM Raquel Alexandra, de 15 anos, uma das jovens feridas.

Os feridos foram transportados para os hospitais de Santo António e de São João, no Porto, e também para o Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos. À hora de fecho desta edição, a maioria das vítimas já tinha recebido alta hospitalar.

DEPOIMENTOS

"TODOS OS DIAS APANHO AQUELE AUTOCARRO", Joaquim Telinhos, Reformado

"Apanho todos os dias aquele autocarro para vir até à loja da minha esposa. Mas hoje [ontem], tive uma consulta no médico e por isso tive que apanhar outra carreira. A minha filha, quando soube do que aconteceu, ligou-me muito preocupada porque pensava que eu tinha ficado ferido no acidente."

"ESTAVA EM CASA E OUVI UM ESTRONDO ENORME", Ana Maria, Reformada

"Não vi o que aconteceu, mas estava em casa e ouvi um estrondo enorme. Quando cheguei à rua já os passageiros dos autocarros estavam todos cá fora aos gritos. Vi, ainda, algumas pessoas com sangue, alguns tinham vidros na cara e no pescoço. Os feridos estavam muito assustados."

"FELIZMENTE ANDAVAM POUCAS PESSOAS NA RUA", Mário Geraldes, Comerciante

"As lojas estavam todas fechadas àquela hora, por isso felizmente não andavam muitas pessoas na rua. Os comerciantes da zona não assistiram a nada porque quando cá chegámos já alguns feridos tinham ido para o hospital. Outros ainda estavam à espera de receber assistência. "

"FUI PROJECTADA COM FORÇA CONTRA OS BANCOS", Teresa Áurea, Doméstica

"Quando o autocarro bateu no da frente, fui projectada com força contra os bancos e magoei-me nas costas. A viatura começou a deitar muito fumo e a nossa preocupação era sair dali, tínhamos medo do que pudesse acontecer. Felizmente não foi muito grave, podia ter sido bastante pior. "

SEIS ADOLESCENTES FERIDOS

Entre os 21 feridos no acidente encontram-se seis adolescentes. Ricardo Gil, Inês Correia, Raquel Abreu, Ana Rita, todos de 16 anos, e Raquel Alexandra e Filipa Cristina, de 15, foram assistidos no Hospital de S. João, no Porto. Ao final da tarde de ontem, os jovens encontravam-se ainda bastante abalados.

No Hospital de S. João foram ainda assistidos Paulo Oliveira, de 82 anos, Maria Fernanda, de 74, Manuela Dias, de 47, Fernando Santos, de 38, Teresa Áurea, de 42, e Maria Luísa, de 60 anos. Já o motorista, António Augusto, e a vítima Lucinda Costa, de 56 anos, foram transportados para o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos.

As restantes sete vítimas, todas elas mulheres, cujos nomes não foi possível apurar, foram transportadas para o Hospital de Santo António, onde foram assistidas.

PORMENORES

STCP APURA CAUSAS

Uma equipa de peritos da STCP esteve ontem no local para averiguar as causas do acidente. Foram realizadas perícias ao autocarro para perceber por que motivo os travões falharam.

COMUNICADO

A STCP emitiu um comunicado dando conta do acidente e dizendo que as causas do mesmo eram desconhecidas. Foi nomeada uma comissão deinquérito.

EMPRESA NO HOSPITAL

Membros da STCP estiveram ontem no Hospital de Pedro Hispano para prestar apoio psicológico ao motorista. Um colega de trabalho revelou ao ‘CM’ que António Augusto se encontrava ainda em choque.

TRÂNSITO CORTADO

A rua Costa Cabral, que fica a pouco metros da praça do Marquês, no Porto, esteve parcialmente cortada durante cerca de duas horas para que os bombeiros procedessem à limpeza da via.

PROJECTADOS CONTRA VIDRO

Muitos dos feridos que seguiam na carreira 702 foram projectados contra o vidro da frente, sofrendo vários ferimentos na face. Uma das vítimas tinha vários cortes na cabeça e no nariz. "Com a velocidade do autocarro, as pessoas foram projectadas contra o vidro da frente e sofreram muitos cortes na cara e também nos braços", contou ao CM Ricardo Gil, de 16 anos, que também ficou ferido no choque.

Ambos os autocarros ficaram bastante danificados na sequência da colisão.

CARRIS: SETE FERIDOS

Em Maio de 2009, um acidente com um autocarro da Carris no Parque das Nações, em Lisboa, provocou ferimentos em sete passageiros. Uma roda solta esteve na origem do sinistro

ODIVELAS: DEZASSEIS FERIDOS

A 30 de Abril de 2004, dezasseis pessoas sofreram ferimentos ligeiros devido à colisão entre um camião e um autocarro com diversos passageiros, na zona de Ramada, em Odivelas

ENTRE-OS-RIOS: 59 MORTOS

59 pessoas morreram na sequência da queda da ponte de Entre-os-Rios, em Castelo de Paiva, em Março de 2001. A maioria das vítimas seguia em excursão num autocarro


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