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O terceiro sexo!

mjtc

GF Platina
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Fev 10, 2010
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Numa pequena aldeia, aquecida pelas águas do Caribe, a população convive hà mais de 100 anos com a existência de três géneros: homem, mulher e «guevedoce». aos 12 anos, algumas das raparigas começam a mostrar características masculinas: a voz engrossa, os pelos da cara crescem, o clítoris transforma-se num pequeno pénis e surgem os testículos.
A comunidade deu-lhes um nome, «guevedoce», traduzindo, testículos aos 12 anos. o assunto nunca passou as fronteiras da República Dominicana. até que o fenómeno chegou aos ouvidos da investigadora e endocrinologista americana Julianne Imperator-McGinley, que se deslocou à ilha, nos anos 70. deparou-se nessa altura, com 37 casos de pseudo-hermafroditismo, e com uma forte relação familiar entre os mesmos. só no clã Batista, 4 dos seus 10 filhos, tinham mudado de rapariga para rapaz. num artigo científico publicado em 1974, a investigadora descreve a mutação que está na origem do fenómeno. o gene defeituoso é responsável pela produção da enzima 5-alfa redutase, que converte a testosterona na hormana DHT, o principal estímulo da próstata. sem esta substância, os bebés nascem com aparência exterior de meninas, apesar de nos orgãos internos e nos cromossomas sexuais - XY - serem rapazes. com o fulgor da adolescência e a produção de hormonas androgénicas aumentada, o processo reverte-se, aparecendo assim as características masculinas. ao mesmo tempo, que esta descoberta levantou novas questões relacionadas com a identidade do género - que se estabelece por volta dos 3 anos -, provocou uma verdadeira revolução no tratamento e prevenção das doenças da próstata, em particular a hiperplasia da próstata. a questão é que a hormona DHT está envolvida nestas patologias, pelo que uma forma de as controlar é inibindo a sua produção. o que aconteceu naturalmente, com a mutação, nos pseudo-hermafroditas, a farmacologia imitou, revolucionando a abordagem às doenças da próstata. de uma intervenção exclusivamente cirúrgica, passou-se aos medicamentos e aos tratamentos minimamente invasivos. o primeiro medicamento da classe 4ARI (inibidores da 5-alfa redutas) foi aprovado em 1992, abrindo caminho ao desenvolvimento de outros, destinados ao tratamento de males da próstata, incluindo o cancro. no entanto, o principal legado dos «guevedoce» talvez tenha sido uma nova forma de encarar a definição do género.

(Visão: 2 a 8/9/2010).
 
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