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Berlim e mercados serenam com leilão português

Matapitosboss

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Set 24, 2006
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O facto de Portugal ter conseguido colocar esta manhã um montante de dívida pública dentro do intervalo pretendido está a ser valorizado pelos mercados financeiros e pelos políticos, designadamente em Berlim. Para um segundo plano está, pelo menos para já, o preço elevado que foi cobrado.
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“Vejo (…) que o fundo europeu de estabilização não vai ser provavelmente usado”, afirmou Leo Dautzenberg, o líder da comissão de Finanças do Parlamento alemão, em entrevista à Bloomberg, desvalorizando o nervosismo que ontem voltou a assolar os mercados de dívida pública dos países periféricos do euro.

Dautzenberg referia-se ao mecanismo criado em Maio pela Zona Euro no rescaldo da intervenção na Grécia, através do qual se promete disponibilizar, em associação com o FMI, até 750 mil milhões de euros para acudir a países incapazes de se financiarem nos mercados – por falta de oferta ou devido à exigência de taxas de juro proibitivas.

Este sentimento de algum alívio é também reportado pelo “Financial Times” – a “bíblia” dos mercados financeiros –que, na sua edição online, titula “Leilão português melhora sentimento”, atribuindo a recuperação das bolsas europeias – Lisboa e Atenas fecharam no vermelho – à “emissão bem sucedida em Portugal” que terá aliviado as preocupações dos investidores em relação à saúde dos bancos e das economias periféricas do euro.

Ainda assim, o FT cita Dirk Hoffmann-Becking, na casa investimento Bernstein, sublinhando precisamente o contrário. “A crise da dívida pública soberana europeia ainda não foi resolvida e os programas de austeridade continuam a revelar-se insuficientes para restaurar a estabilidade orçamental”.

Hoffmann-Becking lembra que os “spreads” das taxas de juro cobradas a Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia face ao exigido à Alemanha voltaram “aos níveis de Maio”, numa altura em que “as diferenças nas taxas de crescimento e de endividamento se acentuam”.

Procura sólida, mas preço muito alto

O IGCP vendeu hoje 1.039 milhões de euros numa dupla emissão de dívida a longo prazo, dentro do intervalo previsto, mas não conseguiu evitar que os juros subissem significativamente face às anteriores colocações comparáveis.

O Tesouro português vendeu 378 milhões de euros em dívida com maturidade em Abril de 2021, pouco mais de dez anos. A procura foi sólida, tendo superado em 2,6 vezes a oferta, mas o juro subiu para os 5,973%.

A última vez que Portugal emitiu dívida a 10 anos foi no final do mês passado. Pagou um juro de 5,312%. Mas a comparação mais exacta deve ser feita com a anterior emissão desta linha, com maturidade em Abril de 2021, que veio para o mercado em meados de Março. Nessa altura o custo foi de 4,171%.

O IGCP vendeu também 661 milhões de euros em notas de dívida com maturidade de três anos, a um juro de 4,086%. Na anterior emissão a três anos, o IGCP tinha pago um juro de 3,597%. O total, de 1.039 milhões de euros, fica dentro do intervalo de 750 milhões a 1.250 milhões de euros indicado pelo IGCP.

A colocação do IGCP surge depois de ontem o prémio para comprar dívida portuguesa, em vez de alemã, ter subido para o nível mais alto de que há registo.

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Finanças desvalorizam,
Economia diz que não há muito a fazer

O ministro das Finanças desvalorizou hoje o facto de Portugal ter sido forçado pelos investidores a garantir uma taxa de juro muito mais elevada.

Numa primeira reacção, o Ministério de Teixeira dos Santos “destaca” o facto de operação ter registado uma “procura elevada”, cerca de duas vezes a oferta, “com elevada participação de uma base alargada de investidores”, considerando o custo “compatível com as actuais condições de funcionamento de mercado, ainda não totalmente normalizadas”.

Já o ministro da Economia, Vieira da Silva, disse hoje que não há muito que o Governo possa fazer para impedir que o risco da dívida pública portuguesa continue a subir nos mercados internacionais.

"Para responder a essa situação, os nossos caminhos são estreitos". A única forma de o Governo responder a esta situação é "cumprir o nosso papel e levar a cabo com determinação as políticas a que nos propusemos", acrescentou Vieira da Silva, citado pela agência Lusa.


Fonte: Jornal de Negócios
 
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