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Salva crianças e morre com filha

Rotertinho

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Seia: Chamas destruíram casa de uma comunidade terapêutica
Salva crianças e morre com filha

Depois de ajudar a salvar quatro crianças deficientes de uma casa em chamas, em Seia, Maria Borges, de 41 anos foi tentar resgatar a filha de sete anos que tinha ficado para trás, mas já não conseguiu sair. As duas foram encontradas carbonizadas, abraçadas, "a três passos da porta". A vítima, colombiana, era monitora da Casa Santa Isabel, uma comunidade terapêutica em S. Romão, Seia, que acolhe crianças com necessidades especiais.

A casa, de madeira, onde as chamas deflagraram, ficou reduzida a cinzas. "Ficou tudo carbonizado", descreve Fernanda Wessling, da direcção da instituição. Quando as chamas deflagraram, de madrugada, estavam a dormir no imóvel dez pessoas: quatro alunos, com deficiência; Maria Borges com as três filhas, de quatro, sete e dez anos; e mais três monitores. Segundo Fernanda Wessling, o fogo foi detectado por uma das colaboradoras que "acordou com um barulho de estalidos". Pensou que fosse um dos alunos. Depois de verificar que as crianças, "estavam todas a dormir", viu labaredas reflectidas num dos vidros.

Alertou as outras monitoras e começaram a retirar os alunos da casa. Depois de salvar as crianças, a filha mais velha de Maria Borges, que já tinha saído com a irmã mais nova, disse à mãe que não tinha conseguido acordar Madalena, a menina de sete anos.

Maria correu para o interior da casa em chamas e ainda trouxe a filha até próximo da entrada, mas não se salvaram. Os corpos estavam carbonizados. "A três passos da porta, mais um pouco e tinham conseguido sair", lamenta Fernanda Wessling.

Maria Borges trabalhava na instituição há dez anos, tal como o irmão e o marido , que faleceu o ano passado de uma doença grave. A família sofreu muito e numa altura em que estava finalmente a dar a volta por cima, acontece a tragédia, refere, emocionada, Fernanda Wessling.

COMPLEXO TEM 35 HECTARES E CINCO CASAS

A Casa de Santa Isabel é uma comunidade terapêutica destinada a acolher crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais. Foi fundada em 1981 e ocupa uma área de 35 hectares, no sopé da Serra da Estrela, a cinco minutos de São Romão e a três quilómetros da cidade de Seia. O complexo é constituído por cinco casas, onde vivem entre seis a onze utentes, juntamente com quatro a seis monitores e suas famílias. Os alunos têm sempre companheiros de quarto e um adulto responsável. Durante o dia ocupam o tempo a estudar ou a trabalhar nas diversas oficinas do centro, onde são produzidos produtos para consumo interno. "O nosso fim não é o trabalho em oficinas para pessoas com deficiência, mas oficinas onde se trabalha com estas pessoas", referem os responsáveis pela instituição.

FOTOGRAFIAS DAS VÍTIMAS DESTRUÍDAS

Após o incêndio, a filha mais velha de Maria Borges pediu a uma das responsáveis da instituição para tentar recuperar dos escombros fotografias da mãe e da irmã, a única recordação que queria guardar daquelas familiares. "Ainda tentei procurar nas cinzas, mas não consegui nada. Ficou tudo carbonizado", conta Fernanda Wessling. A casa onde deflagrou o fogo foi a primeira a ser construída pela instituição. Todas as pessoas que estavam no imóvel foram depois levadas para uma quinta. "Para ficarem longe deste cenário pavoroso", diz a responsável. Irão permanecer ali até tudo estar recuperado.


Correio da Manhã
 
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