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A rua que atraiu os ricos a morarem na Baixa

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Na Rua de Sá da Bandeira há prédios com 70 anos com tipologias T7

Foi projectada para ser uma grande avenida, mas acabou, estranhamente, debaixo de um prédio. A Rua de Sá da Bandeira foi morada da mais rica burguesia da década de 40. Foi ali que nasceram os primeiros grandes blocos de habitação do centro do Porto.

Não é das ruas mais importantes da cidade, nem das mais estudadas, mas Sá da Bandeira tem muito para contar. A começar pelo traçado que levou mais de cem anos a ser concretizado.

Na ideia original, a rua deveria seguir para Norte, para os limites da cidade, como uma duplicação de “Santa Catarina”, mas mais larga. Porém, vários obstáculos foram impedindo esse desígnio.

Uma pedreira, onde está o Silo Auto, ou a igreja no cruzamento com a Rua de Guedes de Azevedo, obrigaram a desviar a rua do seu traçado inicial. O último troço, entre o Bolhão e a Rua de Gonçalo Cristóvão esteve mais de 60 anos em estudo, descobriu a arquitecta Gisela Lameira, de 32 anos, numa pesquisa no Arquivo Histórico do Porto, para uma tese de mestrado.

Apesar de tanto estudo, “Sá da Bandeira” foi concluída, em 1955, de forma abrupta, debaixo de um prédio-ponte. “É um remate estranho”, diz a arquitecta, revelando que a ideia de abrir caminho pela Rua das Carvalheiras até à Praça do Marquês foi equacionada, mas perdeu força pela necessidade de fazer várias expropriações. De grande avenida, “Sá da Bandeira” ficou reduzida a rua.


São, no entanto, “900 metros de acontecimentos com interesse arquitectónico e patrimonial”, realça Gisela Lameira. Desde logo pelos edifícios de habitação de grandes dimensões, com tipologias que vão do T3 ao T7, uma escala muito superior à que predominava no centro do Porto. Foram habitados pela burguesia que começava a procurar a Baixa no final dos anos 30 e década de 40.

“Até 1930, não se construía habitação de raiz no Porto. Recuperavam-se as antigas”, constata a arquitecta. A Rua de Sá da Bandeira mudou esse conceito. O edifício da Farmácia Sá da Bandeira foi um dos pioneiros na inovação.

“São seis pisos construídos de raiz para habitação, completamente diferentes do habitual para a época. As casas [com áreas médias de 160 metros quadradros] estendem-se numa grande frente e têm pouca profundidade”, destaca. A nova distribuição das assoalhadas permitiu, mais tarde, que os apartamentos fossem alugados para escritórios e consultórios, que ainda hoje funcionam.

No troço acima da Rua de Fernandes Tomás, a grandeza dos edifícios erigidos nos terrenos de fábricas desactivadas nos anos 20, merece um olhar atento. Há corrimões de madeira trabalhados, portas de ferro forjado e “detalhes de art déco que dão muito glamour à rua”.

São prédios que “rebentam com a malha característica da cidade”, mas “não quebraram a identidade natural do Porto porque privilegiam o alinhamento das fachadas”, conclui a arquitecta, cuja tese sobre a rua lhe valeu o grau de mestre.

Fonte: Jornal de Notícias
 
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