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Brasileiros descobriram novo mecanismo de eliminação de erros celulares

aiam

GF Ouro
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Mai 11, 2007
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Nosso corpo é formado de células (do latim cellula, que significa pequeno quarto). Um humano de tamanho médio tem aproximadamente 100 trilhões de células ativas que interagem entre si constantemente. A atividade correta de cada célula garante o bom funcionamento do corpo.

Essa atividade celular também é chamada de metabolismo e, em geral, está relacionada à produção de energia. O metabolismo de cada célula em conjunto gera energia suficiente para o corpo trabalhar em harmonia.

No entanto, as células cometem erros ao gerar energia. Subprodutos desnecessários ou mesmo tóxicos são gerados. Mas então as células do corpo erram? Sim, as células erram frequentemente. A nossa sorte é que existem mecanismos na própria célula que corrigem os erros antes de causarem um problema. Um exemplo clássico é o reparo de DNA, um mecanismo responsável por corrigir erros durante a leitura e duplicação do nosso material genético. Pessoas que têm mutações genéticas em proteínas envolvidas com o reparo de DNA estão mais propensas a doenças como câncer, por exemplo.

Um outro exemplo de mecanismo de correção celular foi recentemente descoberto por dois brasileiros do Instituto de Pesquisa Scripps, em San Diego, na Califórnia. Mario Bengtson e Claudio Joazeiro publicaram em setembro na prestigiosa revista Nature (Bengtson e Joazeiro, 2010) uma nova maneira pela qual a célula corrige seus erros. Os brasileiros descobriram um fator que atua no controle de qualidade das proteínas malformadas.

Eu explico. Grande parte da informação presente nos nossos genes (pedaços de DNA) é transcrita em moléculas intermediárias chamadas de RNA mensageiro. Essas moléculas intermediárias são subsequentemente traduzidas em proteínas. E são as proteínas as grandes responsáveis por funções estruturais, enzimáticas e mecânicas que as células usam para o funcionamento dos nossos órgãos. Manter esse ciclo lubrificado é essencial para a saúde e equilíbrio corporal.

A transferência da informação contida no RNA para formar as proteínas é feita por estruturas celulares especializadas chamadas ribossomos. Pois bem, muitas vezes a informação contida no RNA está incorreta. No exemplo usado no trabalho publicado pelos pesquisadores brasileiros, a informação do RNA não tinha uma conclusão determinada, como se não tivesse um ponto final na frase.

O que a dupla Bengtson e Joazeiro revelou foi a descoberta de um novo fator celular responsável por detectar as proteínas nascentes com esse erro durante a tradução pelo ribossomo e marcá-las para que elas sejam rapidamente degradadas. Em outras palavras, elas estariam então marcadas pra morrer. Dessa forma, as proteínas com erros não ficam vagando pela célula, atrapalhando as funções de proteínas sem erros. A analogia com o caminhão de lixo é clara. Imagina a sujeira e a bagunça em que a cidade ficaria se o lixo não fosse recolhido.

O acúmulo de proteínas mal-acabadas nas células está relacionado com diversas doenças humanas e mesmo com o envelhecimento. Apesar do trabalho dos brasileiros ter sido todo feito em leveduras (os mesmos organismos utilizados para fazer pão e cerveja), eles já estão testando as consequências da falta dessa proteína em células de mamíferos, com modelos animais e células humanas. Como o novo fator parece ser bem conservado entre as espécies, é provável que a dupla tenha encontrado uma peça fundamental na manutenção da vida como a conhecemos hoje.

Globo
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