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Quanto tempo dura um minuto?

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"Durações de um minuto" é a nova criação do realizador Marco Martins e da coreógrafa Clara Andermatt. Concebida a partir de textos de Gonçalo M. Tavares, a peça vai estar em cena a partir de sexta-feira no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

A notícia de que o eixo da terra se deslocou e os dias ficaram 1.26 micro-segundos mais curtos depois do terramoto de Fevereiro deste ano no Chile e um livro defendendo que a vida acelera quando se envelhece originaram o espectáculo "Durações de um minuto".

Interpretado por um elenco de actores e bailarinos com diferentes formações e idades entre os 24 e os 86 anos, o espectáculo vai estar em cena entre os dias 5 e 27 deste mês, de quinta-feira a sábado, às 21 horas, e no domingo, 28 de Novembro, às 17.30 horas.

"A ideia era criar um espectáculo em conjunto, baseado em improvisações, e foi um pouco na escolha dos intérpretes que ele se começou a definir. O tema não foi evidente, não foi a primeira coisa que surgiu, trabalhámos durante muito tempo sobre o tema.

E depois, a uma certa altura, houve um terramoto no Chile e notícias de que os dias tinham encurtado. Por isso, começámos a reflectir sobre esta natureza abstracta do tempo e como o tempo é percepcionado por cada um de nós", afirmou, à Lusa, Marco Martins, realizador de "Alice", que volta à experiência teatral.

Humor e estranheza

Além dos textos, alguns escritos de raiz, outros já existentes, Gonçalo M. Tavares - que acompanhou o processo de criação do espectáculo, uma espécie de "work in progress" aberto durante dois meses - sugeriu a Marco Martins e Clara Andermatt algumas leituras, entre as quais o livro "Porque é que a vida acelera à medida que se envelhece", de Douwe Draaisma.

Também os intérpretes deram o seu contributo para a construção desta narrativa sobre o tempo, introduzindo no espectáculo as suas experiências autobiográficas que, como não estão escritas, lhe conferem um lado de improvisação, porque a mesma história nunca é contada duas vezes da mesma maneira - o tempo de uns é necessariamente diferente do tempo de outros.

O resultado é uma reflexão sobre a forma como cada minuto é gasto - no sentido de passado, consumido - nas nossas vidas e o modo como as pessoas tendem a relacionar-se com o tempo e a memória, através de um conjunto de personagens que, fechadas num espaço isolado e intemporal, fazem experiências sobre o tempo e com o tempo.

Compõem o elenco Luna Andermatt (de 86 anos, ex-bailarina e ex-directora da Companhia Nacional de Bailado e mãe de Clara Andermatt), Ana Diaz, Carla Maciel, Ivo Canelas, Nuno Lopes, Romeu Costa, Sam Louwyck, São Castro, Sofia Dias e Vítor Roriz, que se movem num espaço cénico de Artur Pinheiro (marcado por uma enorme "parede de som", feita de colunas de todos os tamanhos e feitios), com figurinos do designer de moda Dino Alves, ao som da música original de João Lucas.

"Durações de um minuto" quer também abolir a estranheza que nos provocam as pessoas mais velhas - explicou Clara Andermatt - e fá-lo com humor (há uma personagem que, ao entrar no palco, mostra às duas senhoras mais velhas, Luna Andermatt e Ana Diaz, um baú, dizendo-lhes que é velho como elas, razão pela qual deverão sentir-se ali como em casa) e com frontalidade (pondo os seus interlocutores a imitá-las, a tratá-las por tu, como iguais), sem condescendência.

JN
 
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