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Probabilidade da bancarrota de Portugal é superior a 50%

florindo

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Out 11, 2006
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O FMI aprova as medidas orçamentais de Portugal, mas diz que os mercados já estão a apostar numa "quase certa" falência do país em breve. Segundo cálculos de um especialista, os investidores estimam em mais de 50% a probabilidade da bancarrota nacional.

O antigo director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) Jacques de Larosière elogiou, ontem, as medidas que estão a ser tomadas em Portugal para o reequilibro das contas públicas e diz que o FMI não terá de intervir, até porque não faria muito mais. Curiosamente, um relatório da organização considera que os investidores estão a apostar na bancarrota nacional, actuação que Larosière considera injusta, pedindo por isso mesmo que as agências de rating reclassifiquem o risco da dívida portuguesa.

"Não tenho nenhuma previsão sobre a possibilidade da entrada do FMI em Portugal", nem "faço ideia nenhuma de que documento se esteja a falar", ironizou o ministro da Economia, Vieira da Silva numa referência ao "Fiscal Monitor" do FMI.

O economista Daniel Bessa defende, por seu lado, que a aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2011 é insuficiente para acalmar os mercados, que "não querem saber de planos, mas de resultados", porque Portugal não cumpriu "alguns dos últimos planos" (PEC I, II e III).

São precisamente os resultados e não as intenções políticas que estarão a condicionar os mercados. "Nos últimos 10 anos, a taxa de crescimento anual do PIB foi de 0,5% ao ano, com aumento de endividamento, pelo que não será de prever que nos próximos 20 anos seja superior. Por estes números é que os credores estão muito preocupados com a situação estimando em cerca de 50% a probabilidade de Portugal falir nos próximos 10 anos", afirma Pedro Cosme, professor de Matemática Financeira na Faculdade de Economia do Porto (FEP).

A probabilidade de falência mede-se com a taxa de juro que se paga menos a taxa de inflação (2%, que é o limite "tolerado" pelo BCE) capitalizada 10 anos. Ou seja, se a taxa de juro das obrigações do tesouro (OT) estava ontem nos 6,66%, então o risco de falência de Portugal estava nos 56,32%, de acordo com os cálculos de Pedro Cosme.

O Pacto de Estabilidade e Crescimento estabelece dois ideais: défice de 3% e dívida pública de 60% do PIB. Pedro Cosme estima que se a dívida pública ficar em 83,3% em 2010 (dado reportado a Bruxelas) e o défice em 1% do PIB, então o critério dos 60% só será alcançado em 2041, num cenário de crescimento do PIB e de diminuição do défice que o próprio considera cor-de-rosa, tanto mais que o Governo já deu como certo o crescimento de apenas 0,2% em 2011 devido aos efeitos recessivos do OE 2011.

A data projectada pelo professor da FEP é quase idêntica à realizada em Maio último pelo IMD, projecção cuja questão básica era saber quando as nações de todo o Mundo vão ter uma dívida cifrada em 60% do PIB. Portugal surge em terceiro lugar (ano 2037), antecedido do Japão (2084) e da Itália (2060). Até a Grécia consegue chegar primeiro aos 60% (2031). Este cenário é totalmente subscrito por Nuno Fernandes, professor da escola de negócios IMD, na Suíça.

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, considera, por seu lado, que a escalada das taxas de juro reflecte a preocupação dos mercados face à situação de vários países europeus (Itália, Irlanda, Grécia Espanha), contagiando Portugal.

Influências no mercado da dívida

Fundo Europeu Permanente
Todos os Estados da UE estão de acordo quanto à necessidade de criar um fundo monetário europeu permanente, para salvaguardar eventuais apoios a países em dificuldades financeiras, como foi o caso da Grécia. "Ajudará os países que não conseguem encontrar investidores para a sua dívida", considera Filipe Silva, analista do Banco Carregosa.

Privados podem ser penalizados
A Alemanha quer, por outro lado, que a Zona Euro crie mecanismos de resgate que envolvam, em primeira instância, os privados que detenham títulos de Estados em apuros, forçando-os a renegociar o valor dos respectivos activos num cenário de insolvência em que tenham de ser ajudados pelos restantes países parceiros do euro.

Investidores mudam para acções
Alguns analistas de mercado consideram que a subida dos juros da dívida deve-se a um movimento generalizado provocado pela mudança dos investidores do mercado obrigacionista para o accionista.

Rússia e Noruega retiram-se
Dois grandes fundos soberanos, o da Rússia e o da Noruega, anunciaram há dois dias que iam deixar de investir em dívida pública de Espanha e Irlanda. Portugal pode sofrer por risco de contágio. A prazo, o financiamento dos estados frágeis, como o português, começará a secar.

BCE compra dívida portuguesa
O Banco Central Europeu (BCE) adquiriu pequenas quantias de dívida portuguesa e grega esta semana, comprando em maior quantidade da irlandesa nos últimos tempos da irlandesa. "Existir no mercado um investidor com a dimensão do BCE pode provocar uma descida na taxa de endividamento. E o risco passa dos investidores actuais para o BCE", sublinha Filipe Silva, do Banco Carregosa.

JN
 
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