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Actual sistema de endereços IP deverá esgotar-se definitivamente em 2012

aiam

GF Ouro
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Mai 11, 2007
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Não é uma catástrofe anunciada, mas tem preocupado engenheiros informáticos, especialistas, empresas, organismos e governos de todo o mundo: é o fim dos endereços IP tal como os conhecemos hoje. A versão actual destes endereços - denominada IPv4 - tem os dias contados, uma vez que permite apenas a existência de 4,3 mil milhões de endereços.
Espera-se que os endereços IPv4 esgotem definitivamente durante o ano de 2012 .

Espera-se que os endereços IPv4 esgotem definitivamente no início de 2012. O que é preciso fazer? Mudar para o sistema IPv6. Qual o problema? É que ainda nem toda a gente está a preparar a mudança.

Um dos pais da Internet, Vint Cerf (responsável pela criação do protocolo de Internet, o famoso IP) teceu alguns comentários um tanto ou quanto alarmistas a este propósito durante a semana passada. Disse Cerf que, durante a transição do sistema IPv4 para o IPv6, a Internet poderá ficar instável e os acessos poderão vir a sofrer limitações e cortes.

Cerf frisou, porém, que a transição para o IPv6 tem de ser feita - sob risco de a Internet deixar de crescer - e instou as empresas e o governo britânico a fazerem a transição. “Há trabalho a fazer”, disse aquele especialista americano, acrescentando que esta mudança deveria ser uma “prioridade global”.

Contactado pelo PÚBLICO, o director da FCCN (Fundação para a Computação Científica Nacional), Pedro Veiga, explicou o problema: “Os endereços IPv4 actuais estão a esgotar porque começa a haver mais que 4.000 milhões de sistemas ligados à Internet. Esses sistemas são os computadores mas também os telemóveis e, no futuro, coisas como frigoríficos, automóveis, quiosques, etiquetas, etc [com o advento da Internet das coisas]”. “Espera-se que os endereços IPv4 esgotem definitivamente durante o ano de 2012”, disse Veiga.

“Quando a Internet foi inventada os endereços foram criados com uma dimensão de 32 bits (no protocolo IPv4). Isto dá para cerca de 4 mil milhões de computadores distintos. E não é possível aumentar este valor de 32 bits porque na estrutura dos pacotes isso não é possível. Restou, por isso, criar uma versão nova do IPv4 - o IPv6 -, não compatível com a existente, e que usa 128 bits (um valor tão grande, tão grande, que nunca virá a ter problemas)”, explicou ainda Pedro Veiga.

José Legatheaux, sub-director da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e considerado um dos “pais” da Internet em Portugal, explicou igualmente ao PÚBLICO que “a mudança de IPv4 para IPv6 é equivalente a uma gigantesca mudança do tamanho dos números de telefone e dos prefixos de todo o sistema telefónico a nível mundial. Não é uma revolução técnica, mas exige mudanças no treino e nas competências do pessoal técnico, mudanças de parametrização dos equipamentos e mudanças em alguns programas”.

O que pode acontecer quando os endereços se esgotarem?

Um dos problemas principais é que os dois sistemas - apesar de se prever que venham a co-existir durante vários anos - não são compatíveis. E por isso, para que o utilizador final de Internet não se aperceba desta transição, é preciso haver técnicos em todo o mundo a fazerem alterações às redes e aos sistemas informáticos organizacionais para que os dois protocolos sejam suportados em co-existência.

“Para isto funcionar, todas as redes de comunicações devem suportar as duas versões do IP e todos os sistemas devem estar preparados para isto. Os que não suportarem (só suportem IPv4 ou só suportem IPv6) só conseguem ser contactados por parte dos utilizadores”, esclareceu ao PÚBLICO Pedro Veiga.

“Felizmente que os dois sistemas de numeração podem coexistir durante muito tempo pelo que não é como no ano 2000 em que se colocava a hipótese de tudo parar”, indicou por seu lado José Legatheaux.

Portugal está preparado para a mudança?

Vint Cerf recordou igualmente, na semana passada, que actualmente apenas cerca de um por cento dos dados que se enviam pela Internet estão “embrulhados” em pacotes IPv6.

As mensagens trocadas na Internet entre duas máquinas designam-se “pacotes”. Os dados que circulam - nomeadamente e-mails, por exemplo - estão fragmentados em vários pequenos pacotes que transportam, cada um, um pedacinho de informação (referente a um e-mail, por exemplo).

Nesta mudança de “embrulhos”, de IPv4 para IPv6, há países como a China e a República Checa e empresas como a Google que levam a dianteira.Questionado acerca de um eventual atraso registado em Portugal neste processo de mudança, Pedro Veiga indicou que “Portugal é dos mais avançados na adopção do sistema IPv6”, embora reconheça que ainda há “muito a fazer”. “Em especial pelos ISP’s (Internet Service Provider, ou seja, os fornecedores de Internet) que são os principais actores no mercado ‘a retalho da Internet’”.

Espera-se mais detalhes acerca desta transição para meados de Dezembro, altura em que o FCCN deverá realizar uma conferência de imprensa para aclarar os pormenores desta transição.


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