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As confissões de Rómulo de Carvalho

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Nos derradeiros 12 anos de vida, Rómulo de Carvalho passou em revista um percurso pessoal e profissional invulgarmente preenchido. É esse milhar de páginas manuscritas, mantido em segredo da própria família, que agora foi editado pela Fundação Gulbenkian


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Rómulo de Carvalho concluiu as memórias três semanas antes do seu falecimento

Só largos meses depois da morte do emblemático pedagogo, poeta e historiador das ciências, a 19 de Fevereiro de 1997, é que os familiares, remexendo nos seus arquivos, descobriram a vastidão do espólio autobiográfico, escrito à mão e dirigido aos futuros tetranetos.

O autor do célebre poema "Pedra filosofal" começa por descrever as circunstâncias que rodearam o seu nascimento, em pleno reinado de D. Carlos, e relata com minúcia o modo de vida daquele tempo. Mas não só. "É também, e acima de tudo, o retrato do homem, dos seus sentimentos e da forma de encarar a vida e a morte", completa o filho, Frederico Carvalho, incumbido da organização da obra.

A ideia de reunir esse material inédito remonta àas comemorações do centenário de Rómulo de Carvalho, em 2006, mas só agora foi possível concretizá-la, possibilitando a criação de uma imagem mais nítida sobre alguém que se manteve lúcido e activo até ao fim, apesar da debilidade física notória dos últimos meses.

Por isso, o organizador da edição acredita que "o livro terá muito interesse para um público alargado mas poderá ser útil também como instrumento de trabalho, sobretudo para pessoas que se interessam pela evolução do ensino em Portugal".

A reconhecida complexidade do pensamento de Rómulo de Carvalho não está ausente destas páginas, mas da leitura das "Memórias" sobressai, em larga medida, a argúcia e o sentido de humor. O filho relembra com particular nitidez este último traço do carácter, bem evidente num episódio concreto: quando lançou o primeiro livro de versos como António Gedeão, enviou um exemplar à mulher sem revelar-lhe que era o autor. "Era possuidor de um humor muito subtil", considera.

O "nascimento" do poeta merece, aliás, um capítulo autónomo da autobiografia. Se o primeiro livro como poeta chegou apenas quando já tinha 50 anos, as origens da vocação poética são muito anteriores. Frederico Carvalho revela mesmo que o pai, inseguro quanto ao valor dos seus escritos literários, destruiu grande parte dos poemas criados e só se aventurou a divulgá-los quando teve a certeza da sua aceitação.

"A poesia era um desabafo, uma vingança sobre a vida", observa o coordenador da obra, que adianta estarem em curso projectos que visam a tradução dos seus poemas para inglês, francês, castelhano e italiano.

O lançamento de "Memórias" - livro concluído três semanas antes da morte do autor, com uma linha em branco para que nela fosse inscrita a data do seu falecimento - está prevista para o dia 21, às 18.30 horas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com a presença de Frederico Carvalho, António Manuel Nunes dos Santos e Manuel Carmelo Rosa.

JN
 
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