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O dia em que a tropa "invadiu" a Gralheira

florindo

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Militares de armas apontadas e carros de combate em posições estratégicas. A aldeia da Gralheira, em Vila Pouca de Aguiar, está em estado de sítio. Mas o povo continua sereno.

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Cidália Maria, uma mulher de meia-idade, passa pelo aparato militar com a maior das naturalidades. Não sabe bem o que se passa, porque pouco tem saído de casa. Quando, há pouco mais de uma semana, a neve cobriu a aldeia, deu um tombo e ainda está totalmente recomposta.

"Ainda ando dorida, nem tenho falado com ninguém, mas deve ser um exercício, já têm vindo para aí mais vezes, mas desta vez há mais gente", diz. E os miúdos não perguntam o que é que isto? "Eu ao meu neto meto-lhe medo, digo-lhe: ai és biqueiro [esquisito para comer]? Tens de ir para a tropa", conta Cidália.
Bem próximo, há mais moradores juntos. Também não se mostram espantados com a "invasão". "Devia vir cá num domingo para ver o que aqui vai de gente!". Os bailes, pimba, da Gralheira são conhecidos em toda a região. E o idoso sabe disso. Feitas bem as contas, as únicas incomodadas com a presença militar parecem ter sido as vacas de Cidália. "Na sexta, trazia-as ali num lameiro, arrebentaram com tudo e fugiram para casa, por causa dos aviões que andavam a voar baixinho".

Há mais de uma semana que os concelhos de Vila Pouca de Aguiar e de Chaves estão a ser palco do exercício final de aprontamento da força portuguesa que vai integrar e liderar o Battlegroup da União Europeia (UE), no segundo semestre de 2011. A força estará "de serviço" de Julho a Dezembro do próximo ano, para responder a missões humanitárias, cenários de manutenção de paz e de evacuação. Neste momento, é a Espanha a liderar o Battlegroup.

"Isto não é bem um exército permanente, é um primeiro passo na entidade de segurança e defesa da União Europeia, de que já se vem falando há algum tempo, e que lhe permite ter um instrumento armado, com mais ou menos 1500 homens, com base num batalhão de infantaria e outros elementos de combate e de serviços, para intervir em crises onde seja importante baixar os níveis de violência, pôr fim a um determinado conflito ou fazer ajuda humanitária", explicou, ao JN, o general Antunes Calçada, comandante da Brigada de Intervenção e responsável pelo aprontamento da força nacional.

O exercício, que só termina terça-feira, envolve cerca de mil militares e 50 carros de combate. Simula um cenário de conflito entre dois países, onde é necessário assegurar o cumprimento do acordo de reposição de fronteiras. Além da aldeia da Gralheira, desenvolve-se nas antigas instalações da fábrica Tabopan, onde está montado o quartel-general da força, e na aldeia de Tresminas. No concelho de Chaves, no aeródromo, está instalado o chamado Elemento de Suporte Nacional, uma força de apoio logístico.

Antes de receber o aval internacional de prontidão, este Battlegroup, que também integra homens e meios dos exércitos espanhol, francês e italiano, irá ainda realizar um exercício conjunto, que deverá realizar-se em Itália. A certificação final da força terá lugar em Junho. O "teste" será em Portugal e, ao que tudo indica, novamente nesta zona.

JN
 
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