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Mulher de ourives morto quer assassinos presos

florindo

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Out 11, 2006
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A poucos dias do Natal, Rosa terá uma data amarga a assinalar: o assassinato do marido. Na próxima sexta-feira faz um ano que Vítor Ferreira foi brutalmente morto, num assalto à ourivesaria Fernandes, em Vila das Aves, Santo Tirso. Os criminosos continuam livres.


Rosa não solta uma lágrima, um suspiro que seja. Não se lamenta nem se verga à impunidade ou à barbaridade que a deixou viúva, aos 47 anos. Por vezes, apenas perde o olhar no infinito, enquanto recorda aquele fim de tarde.

Refugiada nas traseiras da loja, não viu, mas ouviu os dois tiros que julgou terem "sido para o ar" e que, disparados à queima-roupa e sem hesitação, lhe mataram o companheiro, de 51 anos, com quem geria o negócio fundado pelo pai, em 1963. "A vida ninguém dá, mas gostava que quem cometeu o crime não ficasse impune. É aquilo que eu peço sempre. Para bem de toda a gente", desabafa Rosa Ferreira.

Sem grandes esperanças, acabaria por confessar, ao responder um ainda mais convicto "não acredito", quando questionada sobre se ainda crê que as autoridades encontrem os responsáveis pelo violento roubo. "Não dizem nada. Nadinha. Só que está em segredo de Justiça", resigna-se.

"O inspector [da Polícia Judiciária] disse que ia fazer tudo por tudo para descobrir. Eu depositei toda a confiança. Depois, nunca mais fui acompanhada. Não quer dizer que eles não estejam a trabalhar ou que o processo está parado, porque eu não sei", diz.

Rosinha, como é conhecida por todos na vila, não viu as imagens de videovigilância do estabelecimento, logo divulgadas pela Comunicação Social e publicadas na Internet. "Nem quero ver", determina, contando, sem conter a repulsa: "Dizem que lhe deram os tiros e que ainda continuaram aqui, aos pontapés e a roubar".

Crime bárbaro

As filmagens mostram um crime bárbaro: Vítor entra na ourivesaria e é imediatamente abatido por um dos quatro assaltantes. Um tiro no peito atira-o ao chão, deixando-o inerte e indefeso. Porém, o agressor volta a apontar-lhe a arma e, sem hesitar, dispara para a cabeça. O comerciante faleceu no local.

Recolhida na parte de trás da joalharia, Rosa Ferreira não assistiu ao homicídio. E ainda bem que não viu o que as câmaras de videovigilânciaregistaram, porque, ao entrar na loja, é quase impossível impedir que o filme assome à memória...

"Eles eram muito violentos. Estavam dispostos a tudo. O meu marido chegou aqui, não fez nada, e eles mataram-no. Não ouvi a voz dele. Nunca o ouvi falar, tão pouco. Nada", conta a viúva, recordando que os ladrões eram homens "fortes" e "falavam português".

"Nesse dia, ele estava sem comer nada. Era final da tarde e ele disse: 'Vou ali comer alguma coisa'. Eu ia dar uma varridela à loja e entram-me aqueles malandros por aqui dentro. Eu não vi nada. Nem carro parado, nem nada. Foram uns minutos", recorda. Na verdade, num minuto e 12 segundos, quatro indivíduos ainda por identificar roubaram-lhe o ouro e várias outras peças, num prejuízo que prefere não numerar.

Com "um filho para acabar de dar os estudos", a comerciante reabriu a ourivesaria "três dias" após o crime: "Tinha tantas encomendas de Natal para entregar. Não podia deixar as pessoas ficar mal". Mulher robusta, sacudida e prática, Rosa não parou. "Não tenho outros rendimentos. Não sei fazer mais nada. Tenho que ganhar a vida. Não sou rica. E o que é que eu vou fazer com esta idade? Não há empregos", explica. "Tenho a certeza de que ele [Vítor Ferreira] está contente. Não ia gostar que eu desistisse", diz.

JN
 
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