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"Isto é uma miséria, olhe para ali... é só lixo"

florindo

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A comunidade cigana que há mais de 30 anos mora em barracas junto à estação de caminhos-de-ferro de Famalicão começa a ser realojada hoje, segunda-feira. As cerca de 30 famílias vão habitar a Urbanização das Bétulas, que se situa a escassos metros do velho "bairro".


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"Isto é uma miséria, olhe para ali... é só lixo. Eu pago renda, água, luz, por isso, para mim, é uma casa nova. Mas aqui na minha casa já há limpeza", diz José Monteiro Soares, conhecido por Lello na comunidade. Reside numa das entradas do bairro, numa casa em tijolo, com condições, que se distingue dos restantes barracas. Faz questão de mostrar a "limpeza" da casa e os recibos da renda.

A habitação de Lello contrasta com o resto do bairro, onde a maioria das "casas" são barracas em madeira. E mesmo as que são de tijolo estão degradadas. O cenário geral não é agradável e vai piorando à medida que se calcorreia por entre o aglomerado.
As ruínas de uma antiga fábrica mesmo ali à mão serve de caixote do lixo, onde abundam as ratazanas. Por ali, os cães vão coabitando com os moradores que fazem, do mesmo espaço, quarto, cozinha e casa de banho.

"Ai, estou aqui atrapalhada com a máquina que deitou a água fora", atira Maria Alzira. A "casa" de madeira só tem um compartimento e, quando se espreita, a máquina de lavar até parece nem fazer parte do enquadramento.

"Para a casa nova só levo a máquina, o resto fica cá. Está tudo estragado", diz. "Há 18 anos que moro aqui e até já nem acreditava que íamos ter casas", continua.

Com quatro filhos, Alzira diz que não podia sair dali "porque não tinha dinheiro para pagar uma casa". E trabalha? "Não", responde, sem mais explicações, lamentando a miséria em que diz ter sido "obrigada" a viver.

Continuamos por entre lixo e água que corre pelo bairro. E encontramos Maximina e Manuel João: 11 filhos e 70 netos. "Os meus filhos moram quase todos aqui", esclarece, enumerando as vezes que já caiu ao sair da barraca.

"Não podemos trabalhar porque já somos velhos e doentes. Não temos dinheiro e eu estou aqui, há 34 anos, com água, por ordem do presidente. Por isso na casa nova também não vou pagar água", frisa Manuel João.

Os poucos bens estão já arrumados. São três blocos habitacionais para três grandes núcleos familiares. São os próprios ciganos a desejar a separação.

Esperando ter um Natal "melhor" na casa nova, tal como a maioria dos restantes habitantes, também Maximina quase não tem bens para levar: "Apodreceu tudo com a água que entra na barraca".
O realojamento começa hoje bem cedo, com a distribuição das

Chaves. "É uma operação complexa por isso vamos até fechar a rua por forma a ser mais rápido. São 150 pessoas e por isso é uma logística pesada", adiantou Mário Passos, vereador da Habitação.

JN
 
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